sexta-feira, 12 de junho de 2009

Peru – Cusco – Maras, Moray e Chinchero

Regressados do LUGAR e com um dia aparentemente livre no nosso planeamento apertado procurámos pontos de interesse que ficassem entre Ollantaytambo e Cusco para aproveitarmos o regresso à cidade dos Incas. Antes de procurar em qualquer um dos guia olhámos para o boleto turística para ver quais os pontos a que este nos dava acesso. Já sabíamos que Chinchero ficava a caminho pois quem não abandonou o Tour do Vale Sagrado seguiu para Cusco passando por lá, Outro local era Moray cuja fotografia do boleto era mais que apelativa. Em conversa com a Yeannet que nos queria tratar do tour à força toda, descobrimos a existência das Salinas de Maras que normalmente estão englobadas no percurso. Depois de não nos mostrarmos muito interessados com o preço proposto a Yeannet foi baixando até que aceitámos S/. 140.00 (mas só depois de consultar outros locais, inclusivamente em Ollantaytambo). Quando regressássemos de Águas Calientes estaria um táxi à nossa espera para nos levar até Cusco passando por Maras, Moray e Chinchero… assim foi.

Dirigimo-nos primeiro a Maras onde iríamos ver umas salinas a aproximadamente 4000 metros de altitude, cuja exploração é pré-inca. As salinas de Maras (S/. 5.00) correspondem a um enorme aglomerado de pequenos currais de socalcos ao longo da encosta da montanha, todos ligados por pequenos canais de irrigação provenientes de uma nascente e água quente com caudal diminuto. A exploração dos currais é feita de forma artesanal pelas famílias do aglomerado populacional de Maras, possuindo cada uma entre 1 a 3 currais. Depois de retirado o sal este é vendido a uma cooperativa para posterior tratamento com iodo, para poder ser consumido.

O processo de obtenção do sal baseia-se na evaporação da água proveniente da nascente que, derivado da sua temperatura elevada, ascende ao topo da montanha dissolvendo pelo caminho os minerais das rochas. O que as pessoas fazem é reter a água em currais para que esta evapore ficando apenas o sal. Este processo dura aproximadamente 1 mês e corresponde a 4 ciclos de enchimento e evaporação de cada curral. No final extrai-se o sal para começar novo ciclo. Daqui resultam 3 tipos de sal: o sal de terceira categoria, utilizado na alimentação dos animais, que está em contacto com o solo apresentando por isso uma cor acastanhada; o sal primeira, de cor branca existente na camada superior ao do de 3ª e o sal extra, mais claro que corresponde à camada superficial.

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Salinas de Maras

Para analisarmos a temperatura e o teor em sal da água da nascente o nosso guia disse-nos para colocarmos um dedo na água e esperarmos que esta evaporasse. Ao fim de alguns minutos os nossos dedos estavam brancos, cheios de pequenos grãos de sal.

No fim provámos alguns frutos secos, salgados com o sal das salinas e comprámos uns pequenos saquitos de sal.

Seguimos então para o aglomerado de Maras onde apesar da insistência do nosso guia para demonstrar que as senhoras de chapéu de coco branco correspondiam claramente, pela expressão facial, a pessoas de origem mestiça, nós sem o teste de ADN não as distinguiríamos dos restantes peruanos. Maras é uma população muito influenciada pela chegada dos espanhóis apresentando muitas das casas ombreiras muito trabalhadas, com cenas da bíblia.

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A caminho de Maras

Já com duas Inca Colas no bucho o nosso guia levou-nos a Moray. Moray corresponde a um complexo de andenerias circulares, pensando-se ter funcionado como laboratório de experimentação agrícola. Existem no local 3 estruturas independentes cuja localização retrata outros tantos climas base: uma profunda e abrigada do vento, representando climas tropicais e secos; uma pouco profunda, mais elevada e bastante exposta às condições atmosféricas; e uma a meio termo. Note-se ainda que à medida que se vai descendo um patamar a temperatura no seguinte será de aproximadamente um grau superior. Em pouco espaço podiam ser estudadas quais as plantas que se dariam melhor em cada uma das situações, passando a aplicar-se o seu cultivo nos locais do império com condições semelhantes. Pensa-se também que o facto de existirem entre 500 a 700 espécies de milho e entre 4000 e 6000 de batatas no Peru se deve às experiências realizadas em locais como este.

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Os 3 laboratórios de Moray: Clima quente e seco (esq.), Locais mais expostos ao frio e vento (centro) e Clima intermédio (dir.).

Embora a ideia não tivesse agradado muito ao nosso motorista, este deu-nos alguns minutos para descer até ao fundo da estrutura principal.

As três estruturas encontram-se actualmente em fase de reconstrução e restauro.

Para terminar o tour fomos para Chinchero, uma população Inca totalmente subjugada pelos colonizadores, tendo sido destruídos todos os templos e proibidas a manifestações culturais. Actualmente existe uma igreja construída sobre um antigo templo tal como a igreja de São Domingo sobre o templo de Qorikancha em Cusco. Nada melhor que utilizar como fundações os legos perfeitos dos Incas, verifica-se até que os muros circundantes e fundações (de construção Inca) estão em muito melhor estado que a parte superior da Igreja (de construção colonial). A proteger a Igreja encontra-se uma imponente muralha Inca e no exterior desta as habituais andenerias. Na praça local decorria a Missa de Corpus Christi, a festa principal de Cusco, e nas ruas havia clima de festa.

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Chinchero: Torre da Igreja (esq.), Muro de proteccção (centro) e Andenerias (dir.)

Seguimos finalmente para Cusco a fim de participar nas festividades e aproveitar para arranjar mais alguns furinhos nos nossos boletos turísticos, actividade esta que acabou por ter de ser deixada para o dia seguinte pois, como era feriado, estava tudo fechado.

2 comentários:

Rômulo disse...

Olá

Gostaria de tirar umas duvidas sobre esta região, pois estou indo dia 19/06, aproveitando a data do festival Inti Raymi e a super promoção da TAM que saiu recentemente.

O motivo é que eu quero conhecer (desbravar) todos os povoados e atrações perto destes locais ( Moray , Salinas de Maras , Pedreiras Incas de Cachicata , Piramide Pakaritampu , Pisac , Chinchero , Mausoleo de Pisac , Palacio de Sayri Tupac , etc).
Tenho até mesmo a intenção de dormir um dia em Ollantaytambo/Vale Sagrado ou um dia em cada povoado (os que tiverem hostel) para poder viabilizar isto .

Minha duvida principal é como me locomover entre estes pontos, pois só ví experiências de pessoas que fizeram pelo tour (que não passa na metade dos lugares que quero conhecer) ou de taxi como vocês (que acho que sai do meu orçamento).

Obrigado e parabens pelo blog e pelas viagens !

Nuno Gonçalves disse...

Olà,
Que super promoçao? Estamos a falar de que preços? Tudo é uma boa desculpa para voltar ao Peru :)
Visitamos este lugar de taxi pq ate nos saiu mt barato mas é muito facil mover-nos de bus entre qualquer povoado... ha apenas que perguntar.
Ha muitos hostels em ollantaytambo... em 2012 voltamos a passar por la no regresso de machu picchu em bus e nas varias paragens nos varios povoados havia hostels.
Aconselhamos a que leias os posts desta ultima viagem de 2012 pois como tinhamos mais tempo nao compramos tantos tours e fizemos muito mais por nos mesmos.
Abraco e boa viagem