Pela segunda vez em Lima e novamente de passagem. Chegados de Nasca tínhamos como objectivo visitar o máximo em menos tempo e gastando o mínimo possível. Depois de muitas voltas para encontrar lugares de bus a bom preço para Huaraz, chegámos a Miraflores, talvez a capital da capital do Peru. Parecia estarmos num país totalmente diferente, edifícios em altura, shoppings, supermercados, colégios, universidades, enormes casas de construção colonial, grandes avenidas e praças arranjadas.
Passeamos um bocado pela Plaza Kennedy Avenida Arequipa e arredores mas estávamos mais interessados em visitar as Huacas.
A palavra Huaca significa templo e está associada a construções de forma piramidal erguidas com muitos milhares de pequenos tijolos de adobe sobrepostos. São características das culturas costeiras do centro e norte do Peru tendo sido descobertas dezenas, muitas delas violadas pelos saqueadores ou por pessoas cuja ganância de construir por cima se sobrepôs a tudo. A erosão torna-as quase imperceptíveis parecendo montes de areia por isso devem existir ainda muitas por descobrir. Muitas ainda, estão à espera de fundos para se poderem efectuar as escavações, manutenção e divulgação.
Fomos a pé até à Huaca Pucllana – Templo dos Adoradores da Lua (a 25min da Plaza Kennedy) onde vimos pela primeira vez El Perro Peruaño, o cão pelado peruano. Ao princípio pareciam ter todos receio dos animais pois a falta de pelo poderia indicar alguma doença de pele, mas depois da nossa guia explicar do que se tratava, todos já faziam festas. O cão peruano apresenta uma característica única que tem a ver com a sua temperatura corporal que se apresenta sempre acima dos 40ºC, sendo por vezes utilizado como botija de água quente.
Ao contrario do que nos diziam os guias de viagem a entrada não é gratuita sendo cobrados S/. 7.00.
Por azar calhou-nos a visita em inglês, mas com algumas perguntas à guia conseguiu-se perceber o essencial.
Estima-se que o complexo arquitectónico da Huaca Pucllana e envolvente tivesse um desenvolvimento total de 18 ha resumindo-se actualmente a pouco mais que a área de implantação do templo devido à urbanização circundante.
Na Huaca existe um mini jardim zoológico com animais tipicamente peruanos como os Porquinhos da Índia ou Cuy (Cavia Porcellus) e as Lamas (Lama Glama).
A meio da visita presenciámos um rito animal de sobrevivência fantástico: Dual rolhas de colar (Zenaida Auriculata) desviavam do seu ninho a atenção de um falcão (Falco Peregrinus), simulando estar feridas, cambaleando e arrastando uma asa pelo chão. Quando este as tentava atacar por se tratarem de indivíduos indefesos… fugiam.
No final da visita pudemos observar uma representação de um estaleiro típico de uma Huaca, com as cenas das diversas fases do fabrico dos blocos de adobe e, junto à saída, uma sala com artefactos descobertos na Huaca e respectiva contextualização histórica.
Tijolos de Adobe Huaca Pucllana
Dirigimo-nos novamente a pé à Huaca Hualamarca, (S/. 5.00) acabando por ser uma caminhada bastante longa (1H00) pois tentámos andar pelas avenidas principais de forma a minimizar os riscos de infortúnio. Huallamarca significa residência do povo Hualla. À chegada fomos recebidos novamente pelos afáveis canitos peruanos. No interior do recinto existe um pequeno museu dedicado ao Professor Jimenez Borja, médico de profissão mas conhecido como um dos maiores historiadores no Peru. A ele é atribuída a descoberta, escavação, recuperação e abertura ao público de muitas Huacas. Noutra sala é feita uma descrição histórica das culturas peruanas sem apresentados alguns artefactos retirados da Huaca e uma múmia. A visita à Huaca resume-se a uma subida pela rampa até ao topo, de onde se podem ver algumas tumbas e celas onde preparavam os guerreiros derrotados de um combate para o seu sacrifício, e uma volta em torno da base.
No fim ainda tentámos ir até ao Museu Rafael Larco Herrero mas ao fim de mais de duas horas a pé por ruas de aspecto muito duvidoso ainda estávamos bastante longe. Ainda andámos um bocado com escolta policial mas o próprio parecia estar mais preocupado que nós. Decidimos almoçar qualquer coisa pois já passava das 16, perdemos a cabeça e dirigimo-nos para o restaurante de luxo McDonald’s onde comemos por 1/3 do preço do que se paga cá.
Lá fomos regatear o táxi mas aparentemente estávamos a pedir um preço tão baixo que todos arrancavam chateados. Desta vez saiu-nos na rifa um jovem acelera apreciador de Heavy Metal a altos berros que, além de buzinar em todos os semáforos, cruzamentos e entroncamentos, buzinava ao ritmo da música. Escusado será dizer que o nosso sentimento era de medo… muito medo, sempre que ele fazia uma curva a Mónica olhava para o mapa a confirmar se estávamos bem, o que nem sempre parecia estar a acontecer mas lá chegámos.
Partimos rumo à nossa maior aventura no Peru na cordilheira branca.
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