Tinha chegado o dia mais esperado da viagem e talvez aquele pelo qual escolhemos o Peru como destino para a nossa primeira visita ao estrangeiro. Acordámos às 4 da manhã para, conjuntamente com um companheiro Australiano partirmos a pé para o lugar considerado por muitos como a mais bela das maravilhas do mundo. Fazia pouco mais de um ano desde o anúncio das 7 maravilhas do mundo, onde o momento mais emocionante da cerimónia se deu quando subiram ao palco os representantes da candidatura peruana, vestidos com os seus trajes típicos, que quase instantaneamente cativaram os espectadores com o seu sorriso de felicidade, com a sua simpatia e a sua simplicidade.
Seguindo as indicações do recepcionista do hostel partimos montanha acima no meio do escuro. Convinha sermos dos primeiros a chegar para entrarmos e atravessarmos toda a cidade sem qualquer paragem, a fim de reservarmos um dos 400 lugares diários disponíveis para a subida à montanha/rocha Wayna Picchu. No dia anterior tínhamos estado com o nosso guia Jorge que nos tinha indicado o caminho mais rápido para lá chegar. Note-se que o número de visitas médio diário é de aproximadamente 2500.
Diário de Viagem: Bilhetes de entrada em Machu Picchu com vinheta de subida a Wayna Picchu
Quando chegámos (5:20) à entrada já lá estava um grupo de 4 ou 5 pessoas à espera da abertura das portas às 6:00. Enquanto se esperava o número de pessoas foi aumentando exponencialmente. Entretanto começámos a ouvir uma língua e um sotaque familiar, só podia ser um Português. O Nuno gritou onde está o português e foi seguindo a vós até encontrar um viajante que tencionava passar 10 meses pela América do Sul. Começou-se a amontoar um grupo enorme de pessoas, sendo que um grupo de israelitas tentava passar a frente de todos. Quando os portões abriram e depois da revista às mochilas, entraram todos em passo de corrida. Acabámos por ser ultrapassados pelos israelitas mas, da mesma forma que lhes faltava educação faltou-lhes inteligência para decorar o percurso e tomaram um percurso mais longo – escusado será dizer que nós e muitos outros que seguiram o mesmo caminho chegámos primeiro que eles.
Depois de reservada a entrada tínhamos quase uma hora até ao início da visita guiada às 7:00, que se prolongaria até às 10:00, hora em que iríamos subir Wayna Picchu. Atravessámos novamente tudo para ver o nascer do sol num ponto alto. Infelizmente o tempo foi passando e o Sol subia muito devagar até que às 7:00 tivemos de voltar a atravessar toda a cidade para nos juntar ao restante grupo.
6:38 Cidade de Machu Picchu 8:13 Cidade de Machu Picchu com Monte Macchu Picchu ao fundo
O nosso grupo dividiu-se em dois: um com explicação em inglês ao qual se juntaram mais de 20 pessoas e outro com apresentação em castelhano nos qual ingressámos juntamente com 4 sul-americanos. Depois do inglês que tínhamos ouvido da boca dos peruanos preferimos não arriscar, e em boa hora o fizemos pois foi uma visita muito calma, clara e sem pessoas a atrapalhar.
A cidade de Machu Picchu foi construída após estudos dos locais envolventes. Foi mandada erguer no monte com o mesmo nome pelo grande imperador Inca Pachacuteq em 1438, sendo concluída 50 anos depois. se traçarmos uma rosa dos ventos sobre os montes no local, Machu Picchu indica o Sul, Wayna Picchu o Norte, San Miguel o Este e San Domingos o Oeste.
08:46 Templo del Sol 8:31 Templo del Condor
Aquando da nossa subida a Wayna Picchu o facto de sermos pessoas cumpridoras pregou-nos uma partida pois tínhamos entrado em Machu Picchu apenas com 675 ml de água para os dois, que entretanto quase já não existia quando chegámos ao topo e o Nuno já começava a sentir os primeiros sintomas de desidratação. Numa atitude bastante irresponsável decidimos manter o nosso plano de não regressar pelo mesmo caminho e dar uma volta de algumas horas passando pela Gran Caverna e pelo Templo de la Luna antes de voltar a Machu Picchu. Os seguranças de Machu Picchu percorriam as pessoas recém chegadas ao topo a fim de averiguar da quantidade de água que tinham, aconselhando as que tinham menos a regressar. Por acaso não passaram por nós, caso contrário provavelmente nos teriam impedido de continuar.
11:40 Cidade de Machu Picchu vista do topo de Wayna Picchu 13:51 Templo de La Luna
Depois de comermos qualquer coisa, partimos os 3 montanha abaixo rumo ao Templo de La Luna contando apenas com menos de meio litro de água da garrafa do Dominic. Se a subida tinha sido íngreme a descida mais íngreme foi, inclusivamente com escadas verticais de madeira. Ao fim de uma hora, mais tempo do que tínhamos levado a subir, ainda descíamos e a água ia desaparecendo. Infelizmente isto queria dizer que a dada altura teríamos de subir o que não era bom sinal pois o Nuno já estava com suores frios. Apesar de tudo quando descíamos, a pessoa que parecia estar em melhores condições ficava sempre para trás para desespero do Nuno que ansiava por água. Só ao fim de bastante tempo é que descobrimos que o Dominic tinha vertigens.
A nossa intenção era de regressar a Machu Picchu para dar mais uma volta e ver o por-do-sol, ficando no interior até à hora do fecho 18:00. Mal chegámos tivemos de ir comprar água no exterior uma vez que nem o piloto automático estava a funcionar muito bem e a as coisas pareciam estar a andar à roda. Comprámos primeiro 0,8 litros que desapareceram em 2 minutos e de seguida mais 0,6 litros que duraram o mesmo (esta devia ser sagrada pois custava 10 vezes mais que em Aguas Calientes que já não era muito barata). Ainda tínhamos mais de 1 hora para poder passear mas forças é que nem por isso. Nem regressámos a Aguas Calientes a pé, apanhando para isso o autocarro.
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