segunda-feira, 17 de junho de 2013

AS – 10/13 – Chile VI – Puerto Montt

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De regresso ao continente aproveitámos a proximidade para visitar uma amiga que já não víamos desde o Bioconstruyendo e passar alguns dias em sua casa, caminhando pelas proximidades.

Dia 6 de Maio chegámos ao terminal de Puerto Montt ao fim da tarde. Aproveitámos para fazer algumas compras e apanhámos um autocarro rural até à ponte Metri pela carretera Austral. Não tínhamos como contactar a nossa amiga Marcela, apenas algumas indicações de como chegar a sua casa... 800 metros pela rua de cascalho a subir e depois virar na primeira à esquerda e andar 100 metros até à casa. Não ligámos o GPS no início e as nossas lanternas pareciam insuficientes para a noite que tinha chegado.

Começámos a penosa subida com tudo às costas, vimos algumas saídas à esquerda, que pelos nossos cálculos mentais nos pareciam estar a menos de 800, por isso seguimos subindo... numa destas, uns segundos depois de passarmos, saia um carro mas não conseguimos ir a tempo de pedir indicações... agora já nos parecia termos andado demasiado por isso adoptámos o sistema de caminhar só um pouco mais, até onde nos parecia haver uma saída... para nosso azar não havia mas parecia haver uma um pouco mais à frente... seguimos... chegando a um entroncamento seguimos pela esquerda e andámos bem mais que os 100 metros até o que parecia a entrada de uma casa... entrámos e fomos caminhando sem conseguir ver casa nenhuma... ouvimos um cão ao longe, depois muitos cães que se aproximavam ladrando. Juntámo-nos os 3 e esperámos que chegassem, fizemos festas a todos e fomos seguindo-os até uma casa... não era a casa certa... o dono não sabia onde vivia a nossa amiga, mas ao menos disse que mais para cima não era. Começámos a descer tudo e após quase uma hora às voltas chegámos... era justamente onde tínhamos visto sair um carro, por sinal de outros visitantes da Marcela.

Passámos o resto da noite a por a conversa em dia e tentar fazer algum tipo de planeamento para os próximos dias, enquanto comíamos crepes com manjar.

Acordámos cedo, não tão cedo como tínhamos planeado, para ir ao Parque Nacional Alerce Andino e caminhar um pouco, mesmo sob risco de nos molharmos com as fortes chuvadas que se previam para este e dias seguintes.

Descendo da casa da Marcela, chegámos à carretera Austral onde não tivemos de esperar muito por uma boleia até à saída que leva ao parque em Lenca, poupando alguns trocos por não apanharmos autocarro.

Daqui tínhamos 7,3km de caminhada até à entrada do Parque... para nos entretermos pelo caminho fomos pondo em prática os nossos conhecimentos de botânica adquiridos em Tantauco, tentando identificar as várias espécies de plantas que passávamos.

Chegámos ao meio dia onde nos informaram que fizéssemos o que fizéssemos teríamos de estar de volta à portaria às 16:30, hora de saída do último segurança, aconselhando-nos só ir até à cascata, porque o restante caminho até à Laguna Chaiquenes (onde queríamos ir) era de montanha e de dificuldade elevada. Como já só tínhamos 4 horas saímos e o tempo nos diria até onde chegaríamos...

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Parque Nacional Alerce Andino: 13:10 (esq.), 13:12 (centro) e 13:27 (dir.)
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Parque Nacional Alerce Andino: 13:31 (esq.), 13:46 (centro) e 15:42 (dir.)

Rapidamente chegámos à cascata, tendo mais que tempo para seguir até à Laguna Chaiquenes. A apenas 200m o ponto de interesse seguinte era o imponente Alerce milenar.

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13:44 Cogumelos (esq.) e 13:52 Salto Rio Chaicas (dir.)

Aqui começava o caminho difícil de montanha... nada disso... apenas não se notava tanta manutenção, havendo algumas pedras soltas, pontes mais velhas e cruzar um pequeno ribeiro por uma pedras.

Chegámos facilmente à Laguna mas infelizmente não se vê grande coisa. Tivemos tempo para comer algo e regressámos. Foi tão fácil lá chegar e a distancia é tão menor à anunciada nos folhetos e placards, que ainda ponderámos seguir até à Laguna Triangulo mas decidimos não arriscar pois talvez fossem mesmo os 4km anunciados. Ainda com algum tempo fizemos o pequeno percurso Los Canelos (longitude 650m e de forma circular), perto da entrada do parque.

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15:34 Alerce Milenar (Fitzroya cupressoides) (esq.) e Árvores na neblina junto à Laguna Chaiquenes: 14:40 (centro) e 14:48 (dir.) 

Nota: Nos mapas que a Marcela nos tinha emprestado constavam distancias distintas para os percursos das do placard à entrada do parque, o mesmo passava entre este e os placards intermédios. Com o GPS confirmámos as distancias e verificamos que os valores reais são diferentes e bastante inferiores.

De volta à portaria avisamos da nossa chegada e continuámos a caminhar para novos 7,3km até Lenca, onde conseguimos nova boleia até Metri, terminando o dia quase sem chuva.

Resumindo fizemos um total de 26,3km dos quais apenas 11,7 dentro do parque (seguir link do percurso no wikiloc):


À noite começou a chover torrencialmente, chuva que se prolongou por todo o dia seguinte o que nos inviabilizou nova visita ao parque.

Dia 9 também choveu bastante mas algumas abertas nos deram a oportunidade para fazer uma curta caminhada pelas redondezas da casa da Marcela, passando por uma Lagoa e pela praia.

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15:30 Praia em Metri

Dia 10 foi dia de despedidas, seguindo a Mónica para Santiago  e Pallimay e o Nuno e o Jorge para Laja e depois... regresso a El Manzano.

terça-feira, 4 de junho de 2013

AS – 10/13 – Chile V – Ilha de Chiloé

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Voltámos uma vez mais ao Chile para novo programa de voluntariado para ajudar o nosso amigo Jorge, a ativar uma estufa numa escola com técnicas de reciclagem, agricultura orgânica e permacultura, na Ilha de Chiloé. Durante um mês e meio por aí andámos tendo oportunidade de conhecer algumas vilas e parques nacionais. Nas primeiras três semanas estivemos atarefados com o preparar e dar de aulas e também com conseguir os materiais necessários. Nas seguintes estivemos mais livres aproveitando para conhecer um pouco mais, voluntariando pontualmente noutros locais mas não deixando de ir ao colégio para alguma manutenção e acabar algumas coisas.

 

Chegámos a Chiloé Sexta-feira dia 22 de Março de autocarro, dentro de um ferry. Na viagem de barco tivemos oportunidade de ver alguns leões marinhos e golfinhos.

24/03/2013

O primeiro lugar visitado foi o mercado de Yumbel em Castro,  onde fomos pela manhã de Domingo não só para visitar, conhecer e provar algumas das iguarias locais mas também pois nos ajudaria bastante para as nossas aulas.

Aqui vimos o famoso e gigante alho chilote, as estranhas batatas nativas (por cá se diz que de Chiloé se diz que vêm as batatas)  vendidas à unidade de medida “Almud” (uma caixa de madeira), muitos mariscos (choritos – mexilhão, piura, locos, lapa, almeja – amêijoa, ostras, picoroco – algo entre as percebes e as cracas), muitas algas secas ou desidratadas (cochayuyo, luche), chupones (fruto doce de uma planta parecida com um bromélia), milcao (pure de batata misturado com banha de porco frita), topinambur (uma raiz), lã de ovelha, mel, rosa mosqueta.

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Mercado yumbel: 12:49 Alho chilote y Papas nativas (esq.), 12:55 Piura e Locos desidratados (centro) e 12:58 Almud de papas comuns (dir.)

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Mercado yumbel: 13:01 Luche algas desidratadas (esq.) e 13:02 cochayuyo (centro) e 14:13 Fachada de tijuelas (dir.)

Além destes produtos, Chiloé é conhecido pelas suas igrejas de madeira, pelos palafitos (construções na zona de maré, suspensas sobre grandes postes de madeira) e pelas construções revestidas a “tijuelas”(pequenas telhas de madeira).

Pela tarde uma pequena caminhada por Castro, capital, onde se pode ver a gigante catedral, colorida tal qual um castelo Disney. O interior de madeira é fantástico podendo ver-se também muitas réplicas das várias igrejas das restantes vilas. O exterior é “diferente” pela cor, e seu revestimento total a chapa de zinco pintada e moldada para fazer parecer blocos ou as próprias tijuelas que, se na catedral não constam, existem por todo o lado de muitas formas, padrões e cores distintas.

Também vimos quatro zonas distintas de palafitos, igualmente marcados pela sua cor viva. Mais uma vez, uma observação mais próxima serviu para encontrar o lado feio das coisas. Ao baixar ao nível do mar para tirar umas fotografias a uma garça, ou seja, abaixo do nível do piso das casas e entre os postes que as sustentam, verificámos que muitas destas não tem qualquer sistema de drenagem de águas e tudo segue diretamente para o mar, tendo sido brindados por várias descargas de casas de banho próximas.

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12:57 Pelicano (esq.), 14:29 Garça (centro) e 14:57 Igreja de Castro (dir.)

IMG_7691 14:38 Palafitos Pedro Montt

30e31/03/2013

No fim de semana seguinte fomos Sábado de carro até à ilha de Quinchao onde vimos a Igreja de Curaco de Velez e a vila de Achao e Domingo a Cucao onde fizemos um passeio a cavalo pela praia, onde encontrámos um pinguim e um golfinho morto.

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17:08 Ferry em direção à ilha de Quinchao (esq.) e 18:04 Igreja de Curaco de Velez (dir.)

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Passeio a cavalo em Cucao: 12:34 (esq.), 12:43 (centro) e 16:32 (dir.)

07e08/04/2013

Domingo pela manhã saímos em direção ao norte da ilha, até à cidade de Ancud onde nos esperava um amigo do Jorge, passando o resto do dia a dia a comer e a conversar na casa.

Segunda saímos cedo em direção às Pinguineras de Pinihuil onde estivemos na praia fizemos um curtíssimo percurso de algumas centenas de metros. Infelizmente os pinguins já tinham seguido o seu caminho mais a sul. Seguimos para Pumillahue. Aqui deixámos o carro e fomos comendo murta (uma baga silvestre) enquanto caminhávamos um pouco mais até ao miradouro Duhatao , de onde se podiam ver várias das reentrâncias da ilha que caracterizam a geografia desta. Daqui baixámos até uma pequena e bonita praia onde apanhámos marisco para o almoço e voltámos à praia onde deixámos o carro. Enquanto esperávamos (mais de uma hora) que a água fervesse tivemos oportunidade de ver dois tipos diferentes de abutres, alguns colibris e um leão marinho morto.

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06/04/2013 18:30 Gaivota (esq.) e 08/04/2013 Pumillahue: 15:02 Murta (centro) e 15:30 costa (dir.)

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Pumillahue: 15:31 Praia (esq), 15:42 Gruta (centro) e 16:11 Mexilhão (dir.)

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Pumillahue: 16:14 Mexilhões (esq.), 16:19 Lapa (centro) e 16:49 Nalca (dir)

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Pumillahue: 16:49 Mariscos fresquinhos (esq.), 18:34 Abutre (centro) e 18:38 Abutre (dir.)

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Pumillahue: 19:06 Praia (esq.), 19:15 Colibri (centro) e 14:11 Pássaro (dir.)

Voltámos a Ancud e apanhámos o autocarro de volta a Castro.

17a21/04/2013

Nesta semana estivemos mais livres do colégio por isso aproveitámos para visitar e ajudar num centro educativo de agricultura da associação TRUEKE em Notuco, visitar a casa e terreno de uma das auxiliares do colegio que pretende fazer uma estufa, visitar a casa e terreno (incluindo uma grande cascata privada) de uma das nossas alunas mais aplicadas que também pretende fazer uma estufa e vender plantas.

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21/04/2013 13:39 Cascata privada em Castro (esq.) e 25/04/2013 Nascer do sol (dir.)

26a29/04/2013 Parque Nacional Tantauco

Depois de vermos algumas fotos deste virgem e remoto local quando chegámos a Chiloé, quisemos visitá-lo mas nunca tivemos informações concretas de como lá chegar. Apenas sabíamos que transporte e dormida eram muito caros e não pareciam haver muitas alternativas a isso.  No entanto, mais uma vez encontrámos a pessoa certa, um dos sócios da TRUEKE que, além de fazer muitos trabalhos no parque, tinha uma viagem programada para dia 26 Abril, à qual nos convidou a juntar.

Sexta dia 26 de Abril apanhámos autocarro de Castro na direção a Quellon, saindo antes no quilómetro 14 em colónia Yungay, onde esperaríamos por Lito e os seus jovens aprendizes, junto à capela de Santa Maria Goretti e saída em direção ao parque.

Os 18 quilómetros até à entrada do parque e os restantes 20 até ao refúgio de Chaiguata são muito complicados. Junto à entrada fizemos uma pequena caminhada num bosque precioso com muitas árvores centenárias, não podendo fazer muito mais pois já se fazia escuro. Chegando a Chaiguata instalámo-nos num domo e juntámos-nos ao grupo para o jantar.

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Parque Tantauco: 19:21 (esq.), 22:02 Comedor Chaiguata (centro) e 23:59 Visto do Topo da torre de Chaiguata (dir.)

Sábado acordámos cedo para aproveitar ao máximo o dia. Fizemos as caminhadas Sendero Los Liquenes, Sendero Los Nirres, Sendero El Bosque Hundido e Sendero Bordelago (seguir link do percurso no wikiloc).

Esta zona de Chiloé sofreu muito com um forte incendio, estando agora os bosques em recuperação lenta dessa tragédia. Em todo o caso há alguns pedaços intocados muito bonitos, nomeadamente no bosque hundido, onde existem grandes árvores cobertas de musgo e líquenes e o piso é um emaranhado de raízes suspensas sobre um rio.

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Parque Tantauco: 00:08 Domo (esq.), 10:19 Lago Chaiguata (centro) e 10:25 Sol (dir.)

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Parque Tantauco: 10:31 Tronco queimado escavado por pica-paus (esq.), 10:40 Pica-Pau (centro) e 10:46 Zona queimada no incendio dos anos 40 (dir.)

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Parque Tantauco: 10:57 Miradouro (esq.), 11:04 Ponte suspensa (centro) e 11:12 Bosque Hundido (dir.)

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Bosque Hundido: 14:20 (esq.), 14:21 (centro) e 14:24 (dir.)

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Refúgio Chaiguata: 14:32 Recepção (esq.) e 16:16 Domos (centro e dir.)

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16:45 Lago Chaiguata (esq.), 17:02 Canelo (centro) e 18:04 Neudapo (dir.)

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18:09 Cogumelo (esq.), 18:10 Pássaro (centro) e 18:19 Musgo (dir.)

Depois destas caminhadas e tendo tido conhecimento dos bosques virgens que ficavam no interior remoto do parque deu-nos vontade de ficar mais alguns dias no parque para fazer uma travessia de 54km até ao extremo sul da ilha. Não estávamos com o equipamento necessário nem nos era economicamente viável seguir até aos seguintes refúgios, por isso desistimos da ideia (para já) e decidimos disfrutar do resto do nosso tempo no parque.

Depois do almoço foram todos andar de caiaque no lago Chaiguata enquanto o Nuno explorava um pouco mais das redondezas do refúgio em busca de sozinho ter mais possibilidade de avistar algum animal.

Domingo foi dominado pela chuva por isso não nos afastámos muito do refúgio, no entanto fizemos algumas saídas em grupo para identificação e conhecimento de flora, incluindo algumas espécies comestíveis como Chaura, Neudapo e Nalca e ao final do dia fomos aos viveiros ver o trabalho desenvolvido para uma futura reflorestação das partes mais afectadas pelo incendio, com o plantio de árvores nativas.

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Viveiro de plantas nativas 12:39 (esq.) e 12:43 (centro) e 18:28 Identificação de plantas (dir.)

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Identificação de plantas: 18:29 (esq.), 18:29 (centro) e 18:30 (dir.)

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Identificação de plantas: 18:30 (esq.), 18:30 (centro) e 18:31(dir.)

Segunda feira, com muita pena nossa, foi dia de voltar a Castro.

Estivemos mais alguns dias em Chiloé, voltando ao colégio e a Notuco e saímos dia 6 em direção a Puerto Montt para revermos uma das nossas amigas do Bioconstruyendo.

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Palafitos de Gamboa: 12:33 (esq.) e 12:36 (dir.)

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12:35 Estufa da Escola de Vinculos (esq.) e 12:34 Preparados para partir de Chiloé (dir.)