domingo, 28 de junho de 2009

A Caminhar pelo… PERÚ

Dia 1 _-_05/06/2009 _-_ OPO-MAD

Depois de muitas horas de planeamento, conversas no messenger, trocas de emails e transferências bancárias para desconhecidos chegou finalmente a hora de iniciar a nossa aventura. Todo o roteiro tinha sido feito nuns meros 15 minutos sob a banca da nossa cozinha pelo nosso colega e amigo, recém chegado do Peru: O que comer, o que visitar, onde dormir, com quem falar… tudo programado ao dia e até com planos alternativos. Depois disso foi só acertar datas, lugares para visitar, reservar algumas actividades em Cusco e Huaraz (com a Yeanett e o Lucho respectivamente) e gastar dinheiro.

Do trabalho seguimos directamente para o aeroporto com um pequeno desvio para ir buscar os pais da Mónica. Depois das despedidas seguimos  para a porta de embarque onde conseguimos convencer umas dezenas de pessoas a formar fila meia hora mais cedo do que o necessário.

21H55(GTM - PT) – 22H40(GTM - PT) – RyanAir - Boeing 737-800

Chegados ao aeroporto de Barajas (MAD) aproveitámos para tentar dormir junto aos balcões do check in…

[02.004]_Boeing_737-800_Ryanair_Aeroporto_do_Porto [02.011]_Aeroporto_de_Madrid_Barajas[02.018]_MAD-AMS
2009-06-05 19:25 Embarque Aeroporto OPO 2009-06-06 02:22 Aposentos Aeroporto MAD 2009-06-06 06:13 MAD-AMS

Dia 2 _-_06/06/2009 _-_ MAD-AMS

Quando chegou a altura de despachar as malas tivemos o primeiro choque… não conseguíamos perceber quase nada do que o funcionário do balcão dizia e começámos a pensar que se fosse assim no Peru, a viagem não iria correr muito bem.

5H55(GTM+1 - ES) – 8H01(GTM+1 – NL) – KLM - Boeing 737-900/800 (PH-BXW)

Chegados a solo holandês, foi necessário correr, esperar e desesperar no controlo de passaportes até conseguirmos entrar no nosso avião… nesta altura já o Nuno estava farto de andar a tirar as botas para passar no raio X (isto de levar botas de biqueira de aço …)

10H00(GTM+1 – NL) – 15H48(GTM-6 – PE) – KLM -Boeing 777-200 (PH-BQA)
Estes aviões são fantásticos, entre séries de TV, filmes antigos e recentes, músicas dos mais variados temas, jogos em rede, nem demos pelas 13 horas passarem… Além do veículo o serviço não ficava atrás, estavam de hora em hora a trazer comida e bebida, tanto que para o fim já recusávamos quase tudo o que vinha.

Chegados ao aeroporto Jorge Chaves, trocámos os 40€ que tínhamos por 152 soles peruanos e quando nos dirigíamos para a saída, e como combinado, já ouvíamos soar por entre a multidão o nome “Mónica Mota”, quando conseguimos localizar o emissor, que deduzimos tratar-se do Henry (irmão da Yanett), Embora só gritasse pela Mónica trazia uma folha onde só se podia ler “Nuno Miguel Ávila” (e o Gonçalves???).

De acordo com os nossos planos sabíamos estar em cima da hora de saída das camionetas para Cusco, cujos terminais ainda se encontram relativamente longe do aeroporto, pelo que o Henry rapidamente nos levou ao terminal da Cruz Del Sur (empresa de camionagem mais aconselhada para turistas). Chegámos a tempo mas infelizmente os lugares estavam esgotados. Alternativas: dormir em Lima; ou seguir o plano B com destino a Arequipa, cujo o autocarro ainda tinha vagas mas estava quase a sair. Escolhemos a segunda opção e felizmente tínhamos o Henry que nos ajudou a comprar os bilhetes, que custaram uma quantia exorbitante (tivemos de pagar em dólares e soles) e a despachar as malas. Depois de pagarmos ao Henry o transporte até à central de camionagem e de nos despedirmos entrámos no autocarro e percebemos então o porquê de tão cara a viagem… sofás-cama almofadados, fornecimento de auriculares, escova e pasta dentífricas, jantar e pequeno almoço, manta quentinha e uma cartão para jogar bingo (tal como o Daniel nos tinha dito), o qual se tivéssemos ganho significaria uma viagem de graça.

Dia 3 _-_07/06/2009 _-_ Arequipa

Por volta das 8H25, chegámos a Arequipa e dirigimo-nos para a Plaza de Armas, centro de muitas cidades marcadas historicamente pelo domínio espanhol. Nesta praça, depois de muitas ofertas de tours e regatear de preços, ingressámos no Campiña Tour, em torno da cidade.

Finalizado o tour voltamos à central de camionagem, designada no Peru por Terrapuerto, onde apanhámos um autocarro da Cruz del Sur para Cusco, não sem antes pagarmos uma tarifa de 2 soles cada pela passagem pelo terrapuerto, para nós um pouco estranho…

Dia 4 _-_08/06/2009 _-_ Cusco

De manhãzinha chegámos a Cusco onde a Yeanett nos esperava. Entrámos num carro com um aspecto manhoso que nos levou até ao hotel onde iríamos pernoitar nas noites seguintes. Aqui tomámos o nosso primeiro mate de coca que nos ajudaria a suportar facilmente a altitude.

[05.002]_Chá_de_Coca2 
El Mate de Coca

Depois do nosso primeiro banho desde que iniciada a viagem, fomos comprar o boleto turístico a preço de estudante… bilhete de acesso a 16 pontos de interesse de Cusco e que a maioria das pessoas nem chega a fazer uso de metade, mas que nós quase completámos só ficando a faltar apenas dois: Pikillacta e Tipón.

Para conhecer alguns dos pontos do boleto tínhamos reservado um citytour, mas como este só começaria de tarde ainda houve tempo para passear pela cidade, visitar o Museo de Historia Natural da Universidad Nacional de San Antonio Abad del Cusco e provar uns pratos típicos no restaurante AMALUR: Rocoto Relleno (Pimentos Recheados) e Alpaca Amalur (Bife de Alpaca)… deliciosos.

[05.014]_Cusco_Plaza_de_Armas2[05.037]_Cusco_Plaza_de_Armas_Iglesia_de_La_Compañia2[05.033]_Cusco_Almoço_Rocoto_Relleno_e_Pão_de_Alho2
11:12 Plaza de Armas – Varandas Cusqueñas (esquerda), 13:31 Plaza de Armas – Iglesia de La Compañia (centro) e 12:43 Rocoto Relleno e Pão de Alho (direita)

Depois deste emocionante tour o autocarro deixou-nos no centro de Qosco onde se podia assistir a um espectáculo de dança tradicional do País, voltámos ao hotel para dormirmos a nossa primeira noite numa cama… dormir se os efeitos secundários dos comprimidos para a Malária deixassem a Mónica fazê-lo.

[05.120]_Cusco_Centro_Qosqo_de_Arte_Nativo_Danzas_Folkloricas2[05.123]_Cusco_Plaza_de_Armas_La_Catedral2
19:03 Centro Qosqo de Arte Nativo Danzas Folkloricas (esquerda) e 20:40 Plaza de Armas – La Catedral (direita)

Dia 5 _-_09/06/2009 _-_ Cusco – Águas Calientes

ÁS 5H30 já os despertadores tocavam para nos prepararmos para o Tour do Vale Sagrado que, por um mal entendido, julgávamos começar às 6H30 mas pelo qual ainda tivemos de esperar duas horas. Este tour, também frequentado pelo Dani, era a forma mais barata de chegarmos a Ollantaytambo e ainda nos permitia visitar outros locais pelo caminho.

Depois de caminharmos por Ollantaytambo seguimos em direcção à estação de comboios, perto da qual tinha um café onde tomámos um delicioso sumo natural de papaia e laranja. Cerca das 18H58, partimos numa viagem de 2 horas em direcção a Aguas Calientes, onde alguém entoava bem alto e de modo persistente “MÓNICÁ MOTÁÁÁÁÁÁÁ”. Depois de passarmos por muitas pessoas e 200 mais à frente lá encontrámos o emissor desse som que nos apresentou ao nosso guia de Machu Picchu, Jorge também irmão da Yeanett, e nos levou até ao Hostel JOE (ou hotel ou hospedagem dependendo de onde se lia) onde iríamos pernoitar.

[07.173]_Comboio_Aguas_Calientes-Ollantaytambo2 
Curiosidade: Os comboios que fazem este trajecto vieram de PORTUGAL

Instalados num quarto com um odor demasiado “estranho” e intenso, a Mónica foi saber mais informações sobre o caminho a seguir em direcção à montanha e encontrou o Dominic, um rapaz Australiano que também pretendia ir nessa noite a pé até Machu Picchu, pelo que o convidou para se juntar a nós nessa jornada.

Dia 6 _-_10/06/2009 _-_ Águas Calientes - Machu Pichu - Águas Calientes

Às 4H00, juntamente com o Dominic seguimos as indicações do Joe rumo a Machu Picchu.

No fim do dia, fascinados e cansados, regressámos  a Aguas Calientes de camioneta e depois de algumas voltas lá conseguimos encontrar o hostel. Para o jantar comemos uma pizza familiar, refeição mais barata da zona, de salientar que o queijo é bem mais salgado do que o que estamos habituados.

Dia 7 _-_11/06/2009 _-_ Aguas Calientes – Ollantaytambo – Cusco

4H00 levantar, 4H45 desayuno, 5H00 saída do hostel, 5H35 partida do comboio e chegada às 7H30 a Ollantaytambo, onde nos esperava um guia para nos levar num tour personalizado pelas Salinas de Maras, Moray e Chinchero.

A viagem terminou em Cusco por volta 12H30 onde almoçámos o resto da pizza e assistimos, na plaza de armas, à celebração do “Corpus Cristi”. Uma vez que era feriado local todos os espaços de interesse encontravam-se fechados por isso, no meio de tanto planeamento e cadencia de actividades, acabámos por ter uma tarde livre. Pela hora do jantar decidimos experimentar o prato típico, apenas feito neste dia (e ainda bem!), designado por “Chiriuchu” e muito apreciado pelos locais. Este representa um registo histórico da diversidade étnica da cidade de Cusco e consiste na mistura de 10 iguarias, tendo a maior parte ficado no prato:

  • El cuy es asado - cuy (porquinho da índia assado e com ervas a mais)
  • El cordero es salado – cancha - carneiro salgado desidratado (forma de conservar a carne)
  • La gallina es hervida – galinha cozida (o melhor..)
  • La tortilla se hace a base de harina de maíz batida con huevos, cebolla picada y perejil - tortilha de legumes (boa)
  • El tostado de maíz - milho tostado (salgado)
  • El cocahullo que son algas marinas es remojado - algas do mar (temperadas com água do mar)
  • El queso utilizado viene de Puno - queijo salgado
  • El rachi rachi o huevera de pescado es hervido - ovas de peixe (com um recheio semelhante a água do mar)
  • La salchicha - chouriço (bom)
  • El rocoto se come crudo  - não tivemos direito a pimentos crus, mas também era mais um para ficar no prato

[08.071]_Cusco_Chiriuchu_Festa_Corpus_Christi
2009-06-12 El Chiriuchu

Dia 8 _-_12/06/2009 _-_ Cusco

De manhãzinha fomos ao mercado comprar fruta, depois voltámos ao hotel para recebermos as roupas que tivemos de mandar lavar, uma vez que quando o tentámos fazer em Aguas Calientes estas tinham ficado impregnadas com os maus odores locais.

Com as malas prontas para a viagem seguinte, fomos ver os restantes pontos de interesse de Cusco que constavam do boleto turístico:
- Museu Municipal de Arte contemporânea, com uma boa exposição fotográfica,
- Museu histórico regional com uma exposição fotográfica sobre as ruínas e monumentos de Cusco antes de depois da sua restauração e exposição de artigos dos 3 principais períodos do Peru: Pré-inca, Inca e Virreynal (colonial)
- Museu de Arte Popular com artesanato local
- Counter Central que muito procuramos e afinal era o posto de turismo
- Museo de sitio del Qoricancha, com uma pequena exposição de artefactos encontrados aquando das escavações do Templo
- Monumento Pachacuteq onde encontrámos uma pequena apresentação dos 14 governantes Incas. Este Monumento, situado longe dos outros museus, foi construído recentemente tentando imitar a arte Inca, mas fica muito aquém.
- A famosa pedra dos 12 ângulos sobre a qual nos foi oferecida uma explicação extensa sobre a mística por detrás desta... oferecida porque não pedimos pela mesma e no final nos recusámos a pagar tendo sido acusados de desrespeitarmos as pessoas que trabalham honestamente (acabámos por sair rapidamente do local antes que fossem chamados amigos ou familiares com dotes para espancar turistas).

Drawing1-Model
Boleto Turístico com furos correspondentes aos locais visitados

Antes de irmos ver o Monumento Pachacuteq decidimos ir a um restaurante de luxo comer algo semelhante à “nossa” comida, portanto fomos ao McDonald’s na praça de Cusco comer um Big Mac, o sabor é semelhante mas disponibilizam mais 4 molhos do que em Portugal, os quais eram para nós intragáveis.

[08.090]_Cusco_Muro_Inca_Pedra_dos_12_Angulos[08.106]_Cusco_Monumento_Pachacuteq[08.126]_Vista_Sobre_Cusco 
13:50 Pedra dos 12 Ângulos (esquerda), 15:52 Monumento Pachacuteq (centro) e 16:33 Vista sobre Cusco do topo do Monumento Pachacuteq (direita)

Cerca das 20H30 fomos ao hotel buscar as malas e os vouchers de Puno que a Yeanett nos arranjou e apanhámos um táxi para o terrapuerto, que para além dos 4 soles nos cobrou a entrada no parque de estacionamento, de 1 sole.

Ás 22H00 saímos em direcção a Puno, agora pela empresa San Luis, no que seria uma viagem de 6 horas mas acabou em 11H30 devido ao PARO, diversas manifestações que decorriam no Peru por esta altura, sobretudo devido à discordância com algumas leis que estavam para sair. Assim, a chegar a San Pablo uma fila interminável, essencialmente de camiões, obrigou-nos a parar durante algum tempo, ao fim do qual fomos mandados para fora do autocarro e seguir a pé pela estrada.

A confusão era bastante, muitos não percebiam o que se passava e pelas palavras que iam passando percebemos que era suposto outra camioneta da mesma companhia nos aguardar no outro ponto da fila. Cerca das 2H00, com as mochilas às costas seguíamos o carreiro de luzes proporcionadas pelos camiões em espera e depois de 10 minutos a estrada plana era substituída por uma estrada coberta de pedregulhos atirados da encosta, agora com menos luz (só as lanternas) caminhávamos pelo solo irregular seguindo as luzes do que presumíamos serem os camiões que tentavam viajar no sentido inverso. No outro sentido seguiam turistas e peruanos com as mais diversas coisas às costas, alguns carregavam armários maiores do que eles. A meio da zona obstruída erguiam-se fogueiras e vozes de descontentamento, no que seria o centro da manifestação. Uns bons metros à frente entre a confusão lá conseguimos encontrar a outra camioneta com a qual seriam trocados os passageiros… passados uns minutos e quando tentávamos colocar as malas na camioneta percebemos que existiam dois pequenos problemas, primeiro este autocarro tinha menor capacidade do que o anterior e segundo, muitas das pessoas que viajavam neste tinham tanta bagagem (alguns tinham mobília completa) que não poderiam atravessar a manifestação e consequentemente ceder o seu lugar. Assim, uns entraram e outros, como nós, foram mandados para uma camioneta de outra companhia (Moquegua) que se encontrava, uns metros mais à frente.

Mais uma vez mochilas às costas, pés na estrada seguimos até localizar o outro autocarro, atiramos as mochilas para a bagageira e entramos para o autocarro. Escusado será dizer que  lotação estava esgotadíssima, mas a Mónica lá encontrou um lugar entre senhoras e crianças peruanas no meio de muitos cobertores. O Nuno infelizmente não teve a mesma sorte e fez parte da viagem de pé e outra sentado no chão. Depois de muitas tentativas lá conseguiram fazer inversão de marcha, seguindo para Puno. Por todo o lado viam-se cobertores, alguns mexiam e de lá eram retiradas crianças e seios que os amamentavam.

Passadas umas horas o autocarro parava e nós estávamos contentes por podermos finalmente ingressar no tour pelo Lago, mas não se tratava de Puno mas sim de Juliaca, ficámos algum tempo parados sem saber o que se passava até que nos mandaram sair, uma vez que este era o último destino deste autocarro, apesar de supostamente terem um acordo com a outra empresa para nos levarem até Puno. Como tínhamos a viagem paga recusámo-nos a sair e assim ficámos bastantes minutos numa enorme indecisão… Entretanto, no meio da confusão apareceu um representante da San Luis que entregou um maço de notas à representante da Moquegua e lá seguimos para Puno com umas horitas de atraso e adrenalina nas veias…

[09.001]_Bus_El_Paro_Cusco-Juliaca-Puno [09.003]_Amanhecer_Bus_El_Paro_Cusco-Juliaca-Puno
2009-06-13 Bus Cusco – Puno 2:17 (esquerda) e 5:17 (direita)

Dia 9 _-_13/06/2009 _-_ Puno

Cerca das 9H30 chegámos finalmente ao terrapuerto pretendido onde o Sr Alvaro nos esperava com um papel onde se lia “MONIKA MOTTA”, corremos para o porto onde um barco aguardava por nós… ao todo 8 turistas. E assim, demos início ao Tour UROS-AMANTANI-TAQUILE.

Dia 10 _-_14/06/2009 _-_ Puno

Por volta das 16H00 finalizámos a nossa viagem pelo Lago Titicaca, dirigimo-nos ao terrapuerto de Puno onde iríamos partir para o nosso próximo destino: Arequipa. Pelo facto de nesse momento estar a sair um autocarro da Frael Tours, em direcção a Arequipa e a viagem ser muito barata, nem pensámos muito… demos uma corrida e lá o conseguimos apanhar quase no exterior do terrapuerto. Na paragem em Juliaca os “bilheteiros” estavam sempre a gritar “Arequipa! Arequipa!” de tal forma que estavam sempre a entrar passageiros, mas não só… para além destes o autocarro era inundado pelos mais variados vendedores ambulantes: queijo, milho (choclo), gasiosa, gelatina, pão de Cusco, bolachas… o que implicou um atraso de 2 horas na viajem. Para além do tempo de espera a sessão de cinema obrigatória retratava a vida de um lutador de artes marciais que após ter ficado em cuecas durante um combate, perdendo-o envergonhado,  decidiu tornar-se num monge Xaulin… história acompanhada de efeitos especiais muito maus e dobragem em espanhol. A par uma senhora teimava em não se sentar e a filha sempre a berrar… acabado o filme começou uma comédia com aparentemente os “Gato Fedorento” peruanos que pôs ao rubro a assistência.

Já tarde (23:30), finalmente chegámos ao nosso destino, fomos de táxi até à plaza de armas e lá perguntámos a dois polícias se conheciam um hostel barato, estes amigavelmente conduziram-nos a um, mas pareceu-nos caro por isso levaram-nos a outro, o INKA ROOTs, um pouco mais barato. Como já era tarde decidimos ficar e que acabou por ser melhor escolha do que esperávamos, uma vez que lá vendiam o tour para o Cañon del Colca, àquela hora.

Dia 11 _-_15/06/2009 _-_ Arequipa

6H00 levantar, 7H00 hora de abertura do mercado mais próximo, onde comprámos bolachas e fruta, 7H30 hora de encontro com o nosso Guia Wilson, depois de irmos buscar as restantes pessoas e parar numa loja, o Sr Augusto conduziu-nos pelo Tour Canon Del Colca.

Dia 12 _-_16/06/2009 _-_ Arequipa

Finalizado o Tour na plaza de armas de Arequipa, fomos ao Museo Santuarios Andinos de La Universidade Católica de Santa Maria, onde se encontra a múmia de Juanita que queríamos ver antes de deixar a cidade. Diversos factores como o facto de ao preço de entrada acrescer o preço do guia, a necessidade de esperarmos por um próximo turno, o pouco tempo que tínhamos e não sabermos os horários para Nazca, levaram-nos a mudar de rumo em direcção ao terrapuerto mas não sem antes traduzirmos o “peruguês” do painel informativo (só fizemos isto para ver se nos davam um desconto na entrada mas não surtiu efeito). Antes de embarcarmos com a TEPSA, ainda houve tempo para comer uma hamburguesa, ligar à Yeanett através do serviço de uma “Callgirl” peruana e jogar cartas com o Dorien e a Namorada, franceses do Tour de Colca.  Às 19H00 os nossos companheiros seguiram com destino a Cusco pela empresa San Cristobal, a única na altura que atendendo às manifestações do Paro aceitavam fazer a viagem, saindo nós às 20H30 rumo a Nasca, pela companhia TEPSA.

Dia 13 _-_17/06/2009 _-_ Nasca

5H50 chegámos  ao terrapuerto, tão cedo que o Sr Luís nos levou a um hotel onde se iria hospedar uma turista que ia connosco para o aeródromo, ao qual chegámos cerca das 8H15. Aqui fomos divididos em grupos de 5 para a viagem de avioneta, na qual não entrámos sem antes pagarmos um imposto, como é típico em todas as gares de transporte por lá.

Depois da visita às linhas, não nos faltava muito a não ser passear um pouco por Nasca, comprar os bilhetes e viajar para Lima, desta vez pela TEPSA. Pelo meio ainda conversámos com um artesão muito simpático que dominava a arte do corte labiríntico e muito pormenorizado em placas finas de materiais como o osso e o dente de baleia, morsa, e outros mamíferos terrestres, marfim vegetal, casca de coco e metal.

Fomos ainda ao Museu Antonini (S/. 15.00) que apresentava explicações sobre as linhas e uma bela colecção de artefactos, como utensílios para todos os efeitos, múmias, cabeças-troféu. No exterior existia uma maquete das linhas Nasca e podia-se percorrer um percurso com representações da evolução da construção dos túmulos na região. Como em muitos museus não se podem tirar fotos e este não fugia à regra não pudemos registar nada.

Demos mais uma voltita até jantar e seguimos até ao terminal de autocarros de onde partimos com 30 minutos de atraso para Lima, novamente na TEPSA.

Dia 14 _-_18/06/2009 _-_ Lima

Chegámos a Lima às 5:30, como era muito cedo tivemos de esperar algum tempo para abertura das lojas e fomos comprar os bilhetes para Huaraz na Cruz del Sur, como só havia bilhetes para fazer a viagem de dia e eram mais caros apanhámos um táxi e fomos até ao terminal da empresa Movil Tours onde comprámos os bilhetes e deixámos a bagagem. Apanhámos o mesmo táxi para o parque Kennedy no centro de Miraflores. Perto da praça encontrámos um supermercado onde aproveitamos para abastecer as mochilas de comida e outros bens necessários. Depois de lancharmos no jardim fomos visitar os templos Huaca Pucllana e Huallamarca… a seguir ainda tentámos ir ao Museo Larco Herrera mas depois de duas horas de caminhada, parte acompanhados por um policia com a sua bicicleta pela mão, ainda continuávamos longe pelo que apanhámos um táxi para o terminal de onde saímos de autocarro em direcção a Huaraz, onde iríamos escalar o Nevado Pisco.

Dias 15 a 17 _-_19a21/06/2009 _-_ Huaraz

Dia 18 _-_ 22/06/2009 _-_ Huaraz

Cerca das 21H30 rumámos a Norte, novamente pela Movil Tours, em direcção a Trujillo.

Dia 19 _-_ 23/06/2009 _-_ Trujillo - Huanchaco

Ao chegar ficámos um pouco na sala de espera para decidirmos o que fazer. Enquanto a Mónica foi saber informações um senhor interpelou o Nuno, trabalhador da empresa de camionagem que à data se encontrava a fazer serviço de táxi turístico (no Peru segundo nos disseram é natural os homens terem mais do que um trabalho para sustentarem as suas famílias – sim famílias porque também é normal haver mais que uma). Depois de alguns ajustes e por s./ 80 levou-nos às Huacas de la Luna e del Sol e circuito Arqueológico de ChanChan. No fim o Sr. Rolando deixou-nos em Huanchaco no hotel Plaza, maioritariamente para surfistas, onde acabaríamos por pernoitar. Depois de uma volta, jantámos e comprámos fruta num mercador ambulante, entre elas “mamei” um fruto para nós desconhecido mas muito bom.

Dia 20 _-_ 24/06/2009 _-_ Huanchaco - Chiclayo

Bem cedo, saímos para um último passeio e logo depois do checkout, almoçámos e apanhámos o bus até à Rotunda Tupac Amaru, a um quarteirão de distância da EMTRAFESAC, central de camionagem com autocarros de 15 em 15 minutos para Chiclayo. Como a viagem era curta não valia a pena fazê-la de noite. Assim por volta das 18H00 chegámos ao nosso destino. Procurámos um hostel para passar a noite e depois saímos para reservar um tour pelas ruínas de Sipan.

Dia 21 _-_ 25/06/2009 _-_  Chiclayo

Antes de ingressarmos no tour fomos conhecer um dos maiores mercados do Perú, efectivamente encontra-se de tudo um pouco e aproveitámos para comprar alguma fruta. Ás 10H00 estávamos na agência Sipan Tours prontos para dar inicio à viagem da qual nos queriam demover por existirem cortes nas estradas por eventuais protestos, como queríamos mesmo ver as ruínas de Sipan mantivemos o planeado e assim com mais de uma hora de atraso seguimos finalmente para o Tour Huaca Rajada + Museo Tumbas Reales de Sipan + Tucume.

No final do dia e tendo em conta os iniciais atrasos fomos a correr para hostel buscar as malas e acertar as contas e seguimos directamente para o terminal da empresa Exclusiva. Histórias dramáticas com fundamento religioso acompanharam-nos durante o que seriam os 15 minutos finais da viagem, que infelizmente se prolongaram por 2 horas, devido ao trânsito. Salvou-se a refeição que estava bastante boa.

Dia 22 _-_ 26/06/2009 _-_ Lima

Em Lima e já com a aventura a terminar decidimos apanhar um táxi directamente para para o Museo Larco Herrera, minutos depois estávamos num hospital psiquiátrico também Larco Herrera de nome, desfeito o engano e a contragosto o taxista lá nos levou  com as nossas dicas ao nosso real ponto de interesse.

Visitado o Museu fomos a pé até ao Jardim zoológico supostamente ao lado mas que nos ficou a mais de 30 minutos de distância. Sem tempo para o ver-mos acabámos por ir almoçar a um restaurante para locais onde comemos “bom e barato”. Em seguida fomos a um supermercado onde aproveitámos para comprar umas últimas coisitas e pedir indicações e preços para o Aeroporto. Um segurança muito atencioso, chamou-nos um táxi por apenas 8 soles, muito abaixo do que esperávamos por esta viagem.

No aeroporto uma enorme fila aguardava-nos, bem como a taxa que não podia faltar. Para esta o nosso amigo Daniel já nos havia avisado, mas mesmo assim tínhamos ficado com a ideia de um valor substancialmente menor. Sacando moedas de todos os bolsos lá conseguimos pagar… incluindo as moedas que esperávamos juntar à nossa colecção. Na sala de embarque andámos a tentar trocar as últimas notas de dólar que nos restavam, tendo conseguido a custo apenas uma colecção de moedas.

Boeing 777-206ER _-_ Lima - Amesterdão

Dia 23 _-_ 27/06/2009 _-_ Amesterdão, Madrid

Tendo em conta as 5 horas de escala em Amesterdão decidimos apanhar o metro e conhecer um pouco do centro da cidade. Depois de bastantes minutos de espera para conseguir comprar os bilhetes, incluindo máquinas automáticas que teimavam em não funcionar e uma escolha infeliz da fila da bilheteira lá chegámos a Amesterdão onde podemos dar uma voltinha de pouco mais de uma hora, inclusivamente duas das famosas montras mas de aspecto muito duvidoso.

[18.001]_Boeing_777-206ER_Machu_Picchu_Amsterdão_Schiphol[18.013]_Amsterdão[18.016]_Amsterdão_Estação_de_Comboios
Boeing 777-206ER denominado “Machu Picchu” (esquerda), Amesterdão (centro) e Estação de Comboios – Amesterdão (direita)

Boeing 737-200 _-_ Amesterdão - Madrid

Já tarde fomos deixar as malas nos cacifos e conhecer algumas paragens de metro seleccionadas à sorte entre as que se localizavam a uma distância razoável. Jantámos no Mc Donalds onde também aqui encontrámos algumas diferenças. Depois de um passeio e quase nos perdermos voltámos ao aeroporto para de madrugada embarcar em direcção ao nosso Portugal.

[18.021]_Madrid_Palácio_Real 
Madrid - Palácio Real

Ryanair _-_ Madrid - Porto

Agradecimentos

Principalmente àquele que proporcionou e programou toda a viagem sem receber nada em troca (quer dizer apenas um jantar de bacalhau com natas). OBRIGADO DANIEL

Aos irmãos Yeanett, Jorge e Henry de Lima e Cusco, aos irmãos Lucho e Marco de Huaraz, ao Wilson de Arequipa ao Sr.º Rolando de Trujillo e a todos os outros guias, motoristas, guardas, policias e seguranças e recepcionistas dos Hostels pela simpatia, ajuda e hospitalidade.

Resumos:

  1. Empresas de Autocarros Utilizadas

    Cruz del Sur – Lima-Arequipa-Cusco
    San Luis – Cusco-Puno
    Moquegua – Cusco-Puno
    Frael Tours – Puno Arequipa
    Tepsa – Arequipa-Nasca
    Tepsa – Nasca-Lima
    Movil Tours – Lima-Huaraz
    Movil Tours – Huaraz-Trujillo
    EMTRAFESAC – Trujillo-Chiclayo
    EXCLUCIVA – Chiclayo-Lima
  2. Despesas

    Local

    Global

    p/ pessoa

    Lima

    105,98 €

    52,99 €

    Arequipa

    106,35 €

    53,18 €

    Cusco

    451,73 €

    225,86 €

    Puno

    104,63 €

    52,31 €

    Nasca

    153,88 €

    76,94 €

    Huaraz

    442,35 €

    221,18 €

    Trujillo

    51,70 €

    25,85 €

    Chiclayo

    49,58 €

    24,79 €

    Madrid

    42,90 €

    21,45 €

    Amsterdão

    19,35 €

    9,68 €

    Peru

    3.113,13 €

    1.556,56 €

    -

    203,48 €

    101,74 €

    Tipo

    Global

    p/ pessoa

    Avião

    1.357,39 €

    678,70 €

    Bus

    247,80 €

    123,90 €

    Comboio

    68,90 €

    34,45 €

    Taxi

    31,88 €

    15,94 €

    Tour

    1.030,68 €

    515,34 €

    Alimentação

    174,70 €

    87,35 €

    Alojamento

    113,50 €

    56,75 €

    Farmácia

    123,80 €

    61,90 €

    Requerdo

    35,63 €

    17,81 €

    Cambios

    71,21 €

    35,61 €

    Comunicações

    2,10 €

    1,05 €

    WC

    0,33 €

    0,16 €

    Donativo

    0,38 €

    0,19 €

    Diversos

    120,58 €

    60,29 €

















sexta-feira, 26 de junho de 2009

Peru – Lima – Museu Larco Herrero

No nosso último dia no Peru e regressados de Chiclayo decidimos aproveitar ao máximos as horas que nos restavam antes de ir para o aeroporto. Ainda no terraporto da programámos então visitar o Museu Larco Herrero, pois não o tínhamos conseguido fazer na passagem anterior por Lima e, se desse tempo pois ficava a caminho do aeroporto, o Jardim Zoológico.

O museu Larco Herrero é um dos maiores museus de cerâmica antiga do mundo. Corresponde a uma colecção particular de mais de 50000 peças de todas as culturas peruanas pré e pós colombianas.

Com o plano traçado fomos mentalizámo-nos para mais uma jornada de táxi, recusámos alguns porque sim e lá aceitámos outro pela mesma razão. Já dentro do pequeno Daewoo Tico confirmámos o nosso destino e o taxista arrancou. O Nuno para confirmar o valor do Lonely Planet perguntou quanto custaria a entrada, ao que o taxista respondeu que a entrada era livre. Tudo o que perguntávamos perecia ter uma resposta sem nexo mas como tínhamos visto no mapa a direcção e estávamos a segui-la não ficámos muito preocupados. Isto até passarmos a rua certa e continuarmos em frente mais uns bons minutos. No fundo da rua voltámos tudo para trás por outra rua paralela, o que nos aliviou um pouco mas entretanto parámos… em frente ao Hospital Psiquiátrico Larco Herrero. Ah!!! daí não pagarmos para entrar.

Depois de clarificada a situação e com o mapa à frente levámos o taxista à entrada do museu (ele não conhecia nem sabia que existia lá um museu). Como só tínhamos 50 soles para pagar o táxi e o condutor não tinha troco ainda tivemos de esperar que ele fosse trocar o dinheiro. Este deu-nos como garantia de que não ficaria com o dinheiro o próprio carro, o qual ficámos a guardar. Para nosso espanto, depois de tantas voltas e após já termos preparado um discurso a mostrar a incompetência do taxista, não pagámos mais do que o combinado pela viagem (se calhar devíamos ter regateado por um valor muito mais baixo), guardando assim o discurso para outra altura.

Pagámos S/. 15.00 cada pela entrada. 

O museu apresenta-se dividido em 3 secções distintas:

A zona histórica com um artefacto de cada tipo, por ordem cronológica e com explicação detalhada, onde se podia ver a evolução em termos de técnicas de olaria, temas e utilização, gerada não só pela passagem do tempo mas principalmente pela subjugação de certas culturas perante o domínio de outras. Por exemplo estavam expostas peças de comunidades antigas como os Chimu e os Incas, mas também peças Chimu influenciadas pela cultura Inca após sua conquista e ainda peças de Incas influenciadas pela cultura espanhola. Pôde-se observar o que já nos tinha sido mostrado: os Incas quando conquistavam uma terra, subjugavam os seus habitantes mas procuravam conhecer e utilizar para seu proveito as suas técnicas, ao contrário dos espanhóis que impunham a sua cultura proibindo qualquer tipo de manifestação nativa. Além das peças de cerâmica existiam mais algumas peças metálicas, em madeira, de pedra e em tapeçaria, inclusivamente dois pedaços de tecido reconhecidos pelo guiness como as obras de tecelagem mais finas do mundo, com a maior quantidade de fios por cm2 e ainda o que denominam de Los Quipos, um emaranhado de fios e nós com o objectivo de controlar as colheitas.

[17.021]_Cerâmica [17.022]_Guardião_de_Madeira [17.030]_Colar_de_Prata_com_Pelicano
Peça em Cerâmica                 Guardião de Madeira                                                 Colar de Prata                          

Após algumas horas finalmente nos dirigimos à secção do armazém onde se amontoam milhares de peças catalogadas de acordo com os mais variados temas como animais, profissões, doenças, etc… temas estes que ainda se dividem em subtemas por armário como, no caso das profissões, medicina, agricultura, artesanato etc…Por vezes viam-se prateleiras completas de figuras todas iguais.

[17.034]_Depósito_de_Peças_Cerâmicas
Armazém

A terceira secção recai sobre o acto sexual, é denominada de secção erótica. Tinha tantas e tão variadas peças que se tivéssemos levado um Kamasutra (só espero que com estas palavras o blog não seja retirado dos sites próprios para crianças e seja aplicado o filtro parental) na mão para fazer um check nas posições, provavelmente não faltaria nenhuma, nem entre pessoas do mesmo sexo, nem com algo mais “hard” como animais, objectos ou cadáveres. Infelizmente não tirámos nenhuma fotografia pois tivemos o azar de sermos apanhados na visita por um grupo enorme de adolescentes com as hormonas aos saltos que, mais ou menos envergonhadamente, se colava aos mostruários, quase não nos deixando ver. Como tínhamos alguma pressa não pudemos esperar que eles se acalmassem ou fossem embora.

Saídos do museu dirigimo-nos ao jardim zoológico, a pé, mas como ficava a alguns quilómetros demorámos bastante. Quando lá chegámos ainda perguntámos o preço mas viemos embora. Parámos só num pequeno restaurante onde provámos novo prato (como entrada) “papas à la Huancayna” (batatas recheadas com algo) e num supermercado para gastar os nossos últimos trocos nuns chocolates e bolachas para a viagem.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Peru - Chiclayo

Estava a chegar ao fim a nossa aventura e estávamos na cidade mais a Norte que iríamos visitar, desta vez para conhecer duas novas culturas: Sipan e Sican.

No dia anterior tínhamos combinado um tour (S/.30 cada ) passando pela Huaca Rajada e correspondente museu de sítio, pelo museu das tumbas reais de Sipan e por Tucume, que correspondia a uma mistura de dois percursos. À hora marcada estávamos na agência onde uma varina barafustava por todos os lados. Esta queria a todo o custo dissuadir-nos para mudarmos os pontos de visita pois, de acordo com ela, todas as estradas estavam cortadas por manifestantes. A cidade de Chiclayo estava uns caos a nível de trânsito e mais de uma hora depois do nosso motorista dizer que estava a chegar com o carro ainda esperávamos por ele.

O nosso guia era um arqueólogo bastante conhecedor dos locais que iríamos visitar tendo inclusivamente participado activamente nas suas escavações e está actualmente a escrever um livro histórico sobre as mesmas.

Dirigimo-nos inicialmente à Huaca Rajada e correspondente museu de sítio, local onde aparentemente não iríamos conseguir passar. Felizmente, manifestantes nenhum, na estrada só muitos abutres e uma raposa (El Zorro).

Na Huaca foram encontradas 14 tumbas, muitas delas pilhadas e destruídas pelos saqueadores, das quais podem ser visitadas 7. Pensa-se que no meio da pirâmide aparentemente maciça ainda existam pelo menos três tumbas por escavar. Naquelas que foram encontradas intactas, após a retirada do seu conteúdo, foi reconstruída toda a disposição original quer com cópias quer com os originais após tratamento contra a erosão. A disposição dos artefactos assim como dos corpos, não era feita ao acaso: no caso do enorme túmulo do senhor de Sipan tinham sido enterrados juntamente mais 7 pessoas, todas sacrificadas para o efeito, ficando nos níveis superiores o guardião (ao qual terão sido amputados os pés, aparentemente para não fugir à sua responsabilidade de guardar o túmulo) e o ancião, símbolo de sabedoria em posição fetal. A mulher jaz acima da cabeça do Senhor, as concubinas abaixo, o porta estandartes à esquerda e o guerreiro à direita.

[16.034]_Sipan_Huaca_Rajada_Tumba_Senhor_de_Sipan2  [16.037]_Sipan_Huaca_Rajada_Tumba_Velho_senhor_de_Sipan2
Tumbas do Senhor de Sipan (esquerda) e do Velho Senhor de Sipan (direita) na Huaca Rajada

O nome Senhor de Sipan foi atribuído devido ao enorme tesouro encontrado enterrado com o corpo, comparativamente com os túmulos adjacentes descobertos até então. Apesar dos muitos saqueadores que levaram muito do conteúdo de vários túmulos há que felicitar o facto destes terem feito um furo prospectivo (visível aquando da visita à Huaca) a meros 50 cm das paredes deste túmulo, não encontrando o que pretendiam e passando ao lado de um dos maiores tesouros do Peru – parece que o guarda amputado cumpriu com o seu dever. Anos mais tarde foi descoberto novo túmulo, ainda mais valioso, ao foi atribuído o nome de Velho senhor de Sipan, por este se encontrar a um nível inferior, e portanto ser mais antigo.

Junto ao tempo pode-se visitar o museu de sítio (S/. 3,00) cujo conteúdo, exposto e descrito detalhadamente, corresponde quase na totalidade ao que foi encontrado na tumba 14, ao que pelo conteúdo encontrado se presume ser de um sacerdote importante. Este terá sido sepultado com a sua mulher, e 1 lama assim como com dezenas de peças cerâmicas, adornos corporais (escudos, armaduras, orelheiras, narigueiras, peitorais, elmos, etc…) em ouro e prata, amuletos e estatuetas. É curioso o facto de tudo o que foi encontrado em ouro ter a respectiva cópia em prata, representando assim o equilíbrio, os dois braços da balança, o bem e o mal…

[16.040]_Sipan_Huaca_Rajada2  [16.021]_Sipan_Museu_de_Sitio_Huaca_Rajada_Tumba_14_Peça_em_Bronze2  [16.012]_Sipan_Museu_de_Sitio_Huaca_Rajada_Peça_de_Colar_de_Bronze2
Huaca Rajada (esquerda) e Artefactos em bronze no Museu de Sítio encontrados na Tumba 14 (centro e direita)

Todo o conteúdo das restantes sepulturas está exposto no Museu das tumbas reais de Sipan

A senhora da agência não parava de ligar dizendo que estava tudo interrompido e que a estrada por onde tínhamos passado tinha acabado de ser cortada, por isso não íamos conseguir regressar… mais uma vez falso alarme. Fomos almoçar a um restaurante que nos indicou dois pratos como sendo rápida a sua saída (e tinha de o ser pois o nosso atraso inicial estava a por em risco o cumprimento da visita a todos pontos do tour)… mais de meia hora depois já desesperávamos e duvidávamos do significado da palavra rápido. O restaurante era muito mais caro do que os que estávamos a ir e no fim de contas a comida também não era grande coisa… fracasso total.

Seguimos para o magnífico museu das tumbas reais de Sipan (S/. 10). Não se parecia em nada com o que tínhamos visto até então no Perú: Arquitectura moderna tal como se de um recente museu se tratasse, seguranças, revistas individuais… tivemos todos de deixar telemóveis e máquinas fotográficas e carteiras no bengaleiro.

Não foi preciso muito tempo para saber o porquê de tanta preocupação e controle e segurança. No interior do museu encontravam-se todos os artefactos recuperados dos túmulos da Huaca Rejada à excepção dos da tumba 14, expostos no museu de sítio visitado anteriormente. Entre todos os túmulos salienta-se o do Senhor de Sipan e o do velho senhor de Sipan com muitos quilos de ouro cada.

Na nossa opinião seria possível passar um dia inteiro no interior do museu sem nos fartarmos do que víamos e de modo a nos inteirarmos de tudo o que terá sido encontrado em cada uma -das campas mas, infelizmente, os nossos atrasos iniciais e no restaurante obrigaram-nos a uma visita de 2 horas em passo de corrida, pois as 18 horas já se aproximavam e com estas a noite e o fecho da entrada nas pirâmides de Tucume (S/. 8,00 adulto e 3,00 estudante).

Mesmo correndo não chegámos a tempo … a bilheteira, recepção e a cancela de entrada já se encontravam fechadas mas isso não parecia ser impedimento para o nosso guia … fomos entrando como se não soubéssemos de nada… contornámos a cancela enquanto o nosso motorista distraia/negociava com o segurança local. Acabámos por assistir ao por do sol do topo de uma elevação, de onde se viam no horizonte mais algumas pirâmides parcialmente destruídas entre a vegetação, tal e qual enormes formigueiros de barro castanho avermelhado, e grupos de abutres voando sobre os seus ninhos. Nesta elevação localizava-se o santuário onde seriam feitos sacrifícios, comprovados pela descoberta de vestígios de sangue.

Tucume correspondia a um complexo habitacional onde cada uma das pirâmides correspondia à habitação de um governante. Nenhuma destas, inclusivamente as de Tucume onde se estão a desenvolver trabalhos de escavação, está ainda aberta ao público geral não sendo por isso possível visitar o seu interior. Tucume pertence à civilização Sican com costumes muitos parecidos com os de Sipan mas, de acordo com o nosso guia e embora nos parecesse quase impossível, com técnicas mais aperfeiçoadas de trabalhar o metal, nomeadamente o ouro, expostas no museu de Sican que infelizmente não tivemos oportunidade de visitar.

[16.054]_Tucume_Ruínas_Sican2  [16.052]_Tucume_Abutres_(Cathartes_Aura)2
Ruínas Tucume                                                                 Abutres (Cathartes Aura)

No fim da visita tivemos de pagar o pequeno suborno ao guarda (S/. 5,00) antes de irmos embora, de volta a Chiclayo. No caminho de regresso trocámos contactos com o nosso guia ficando este de nos enviar por email alguns capítulos do livro que anda a escrever sobre as culturas, os túmulos e os templos Sipan e Sican – Até hoje… NADA.

Salientamos o facto do esforço que tem vindo a ser feito pelo governo peruano de modo a trazer de volta ao seu país todos os artefactos que se encontram distribuídos pelo mundo fora, resultantes das pilhagens por parte dos saqueadores

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Peru – Trujillo - Huanchaco

Huanchaco… será o lugar mais bonito do Peru? … de certeza que não. Será o lugar mais interessante? … também não. Será o lugar com maior “taxa de bazófia” (para quem não sabe o que é aconselhamos a ver Gato Fedorento – Série Barbosa)? é muito provável que SIM. Só surfistas… só putos, ou melhor, Sr. Professores de surf a “oferecerem” aulas e convidarem para raves num castinglês muito mau.

Agora a sério…

Huanchaco é uma pequena cidade costeira a norte de Trujillo dominada pela praia de areia ao longo de toda a sua extensão e pelas actividades piscatória e o surf. Não estava nos nosso planeamento passar por lá mas como ficava no seguimento das Huacas de Trujillo, tínhamos algum tempo disponível e precisávamos de passar uma noite algures, antes de ir para Chiclayo, optámos por conhecer Huanchaco, aproveitando para tocar pela primeira vez nas águas do Oceano Pacífico.

Trazidos pelo senhor Rolando e vindos de Chan Chan chegámos a Huanchaco. Ao terceiro Hostal (Hotel Plaza) escolhido pelo nosso motorista, encontrámos lugar e a um preço acessível. Enquanto esperávamos pela limpeza do nosso quarto não foi preciso muito para sermos abordados por um jovem de roupa larga e de calções largos às flores coloridas todo confiante das suas capacidades como professor de surf. Depois de recusarmos várias vezes e deste ter insistido quer em castelhano quer em inglês quer em algo que se parecia com uma mistura de ambas, finalmente pudemos ir para o quarto descansar um pouco, assentar ideias e actualizar o nosso Diário.

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Totoras na praia                               Inka Cola     

Fomos então dar uma pequena volta e procurar um restaurante barato onde comer ceviche ou algo típico da zona costeira que ainda não tivéssemos provado. Comprámos fruta num vendedor ambulante o qual nos deu a provar um fruto denominado “Mamei”, e esperámos pelo pôr-de-sol antes de voltar ao Hostal. Na praia viam-se muitos buraquinhos redondos dos quais saiam e entravam pequenos caranguejos da cor da areia e, junto à muralha de protecção, posavam pequenas jangadas de totora (junco) nas quais os locais saiam para pescar. Vimos ainda um ganso patola peruano (Sula Variegata).

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                          Surf no Pacífico ao Pôr-do-Sol                             Totora ao Pôr-do-Sol               Ganso Patola Peruano 

No dia seguinte acordámos cedo e, depois de preparar tudo para nova viagem fomo-nos informar de como chegar a Chiclayo. Infelizmente teríamos de voltar a Trujillo numa caixa de fósforos, vulgo combi (S/.1,50) para apanhar o autocarro (S/.13.00), mais uma vez de uma empresa diferente, agora da EMTRAFESAC. A numeração do combi era tão estranha como o próprio veículo, podíamos ter de apanhar o 204 ou o 86 mas este era o “H♥”.

Demos nova volta, desta vez mesmo pela praia, tentámos apanhar alguns dos rapidíssimos e quase imperceptíveis caranguejos que corriam à frente dos nossos pés, fomos surpreendidos por uma onda um pouco mais forte que nos molhou os sapatos, almoçámos e seguimos para Trujillo acompanhando o esquema manhoso desenhado pela recepcionista do Hostal até ao terminal da EMTRAFESAC onde comprámos os bilhetes partimos logo para Chiclayo.

[15.019]_Caranguejo
Caranguejo

terça-feira, 23 de junho de 2009

Peru – Trujillo – City Tour

Ontem a quase 6000m de altura, hoje ao nível do mar.

Quanto mais andávamos para norte mais nos aproximávamos das manifestações e maior risco corríamos em termos de ficarmos bloqueados sem poder sair do lugar. Mais uma vez enquanto esperávamos pelo amanhecer sacámos dos guias e procurámos o que podíamos ver e quanto poderíamos ter de gastar. Á porta do terminal da Movil Tours salivavam os lobos (taxistas) à espera da nossa saída, gritando pelos seus magníficos serviços (estes ficam à porta pois apenas alguns estão autorizados a entrar nos terminais de cada empresa). Acabaram por esperar tanto que deixaram de gritar. Decidimos que queríamos fazer o equivalente a 2 tours que nos custariam à volta de 60 dólares (S/. 180) por pessoa acrescidos dos bilhetes de entrada nos lugares e respectiva visita guiada. Entretanto veio falar connosco um senhor de cabelo grisalho, aparentemente funcionário da Movil Tours, que nos perguntou o que queríamos ver. Depois de falarmos foi-nos proposto 80 soles (+ entradas e visitas guiadas) visitar a Huaca de La Luna, a Huaca Esmeralda, a Huaca Dragon, a antiga cidade de Chan Chan e, no fim, o senhor Rolando nos levaria a Huanchaco onde passaríamos a noite. Para fechar e negócio o Nuno repetiu: “80 soles por persona?” ao que o Sr. Rolando respondeu: “Non, 80 los dos” IMPECÁVEL.

O único senão é que estávamos outra vez num carro que não um táxi da central. O carro antes de arrancar abria e fechava as portas umas 3 vezes. Saímos do terminal em direcção a … casa do senhor Rolando… (medo)… enquanto esperávamos no carro num lugar escuro entre edifícios muito alto ele foi a casa aparente levar o pão à mulher… lá voltou e sem nenhuma arma na mão… (alívio)…após novo ciclo de abertura e fecho de portas partimos finalmente para… uma bomba de gasolina…(muito medo)… andámos bastante por quelhos muito apertados até que chegámos ao que parecia um bairro de lata, onde existia um posto de abastecimento de GPL… depósito cheio e início da visita…Desta vez só nos sentimos aliviados quando chegámos ao primeiro ponto de interesse).

A Huaca de La Luna situa-se num complexo arqueológico onde se destacam duas grandes pirâmides de adobe a Huaca de la Luna e a Huaca del Sol. A primeira aberta ao público e em processo de escavação e conservação desde 1991, a segunda à espera de fundos para se verificar a mesma situação. A Huaca de la Luna data de 100 A.C. – 600 A.C. pertencendo à cultura Moche, cumpria funções cerimoniais e religiosas ao contrário da Huaca del Sol que correspondia a um complexo administrativo. 

Tivemos de pagar 6 soles pela entrada tendo sido avisados para pagar uma gratificação no final da visita.

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9:30 Huaca del Sol vista da Huaca de La Luna (esquerda) e 10:18 Huaca de La Luna (direita)

Começava ser habitual associar cães peruanos a Huacas, não se viam destes animais em mais lado nenhum mas em todas tinha pelo menos 1.

Para visitar as restantes ruínas bastava comprar um bilhete que garantia o acesso ao Circuito Arqueológico de Chan Chan (S. 11.00).

Antes de visitarmos as esperadas ruínas de Chan Chan fomos à Huaca Arco Iris ou Huaca El Dragon e à Huaca Esmeralda, pequenos templos mas em bom estado de conservação/recuperação.

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11:51 Huaca Arco Iris ou Huaca El Dragon (esquerda) e 12:14 Huaca Esmeralda (direita)

Mais uma vez os cães não faltavam tendo inclusivamente na segunda visita um engraçado com os sapatos da Mónica.

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Perros Peruaños: ao centro o amigo da Mónica, TOBI

Seguimos para Chan Chan onde, enquanto esperávamos que se formasse um grupo visitámos o museu de sítio.

Chan Chan, ou Sol-Sol em Chimú, corresponde a uma zona arqueológica imensa (20km2) da qual apenas se pode visitar 1 dos 9 palácios conhecidos até à data, palácio número 8 denominado Tschudi. Apesar disto a visita Guiada (Guia Arold Matta) dura quase duas horas. Prevê-se em todo o caso a abertura ao público do palácio número 9. Existem tantos palácios pois estes eram a residência oficial de cada um dos governadores, sendo desactivados com a morte destes e sua sepultura no seu interior. O governador seguinte deveria ter o seu próprio palácio que, dada a sua dimensão e a esperança média de vida da altura, já deveria ser começado a construir pelo seu pai.

No seu interior existem 3 praças: a primeira é grande e seria acessível a todos os frequentadores do palácio; a segunda mais pequena restringia o acesso ao governante, família, sacerdotes e militares; e a terceira diminuta apenas frequentada pela família real. Também existem alas específicas para os responsáveis pelas diversas áreas (comércio, contabilidade, militares, sacerdotes, artesãos, etc…), vários poços, zonas de sacrifícios, sepulturas… todas estas bem demarcadas pelos motivos gravados/esculpidos e pintados nas paredes envolventes.

Daqui seguimos com o Sr. Rolando para Huanchaco.

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14:09, 14:17 e 14:25 Pormenores construtivos
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14:30 Praça Pública (esquerda) e 15:01 Praça Privada (direita)