sábado, 7 de julho de 2012

AS - 6/13 - Equador VIII - Otavalo

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2012/06/23

Não estava nos nossos planos iniciais mas tínhamos ouvido tão boas coisas de Otavalo que pensámos dar lá um salto de alguns dias. Tínhamos na ideia 4 dias mas, como a vontade de acabar o painel solar e testá-lo era grande, ficámo-nos pelo fim-de-semana, aproveitando para essas tarefas os dois dias restantes ande de ir para as Galápagos.

Sexta tínhamos solicitado indicações aos trabalhadores que nos deram 3 alternativas para chegarmos a Otavalo. Umas mais rápidas, outras mais seguras ou pelo menos com horários definidos, algumas com possibilidade de trânsito outras de apanhar obras na via, mas todas com preços muito semelhantes. Escolhemos a aparentemente mais rápida que evitava andar para trás até Quito e atravessar toda a cidade... talvez terá sido a pior de todas pois era aquela que seria mais afectada pela existência de festas, facto que nos esquecemos de considerar, logo em data de uma das festas mais importantes de todos os Andes, o Inti Raymi, Sosltício de Inverno, conjugado com o São João, feriado no Equador.

Saímos de Tumbaco em direção a El Quinche, aqui andámos à procura de onde teríamos de apanhar um novo autocarro para Guayllabamba (mais uma vez porque os motoristas se esqueceram de nós e não nos disseram para sair onde devíamos). Aqui esperámos bastante tempo mas pensamos que devemos ter deixado passar pelo menos dois autocarros. Em Guayllabamba a ideia era apanhar, a meio da sua viagem, um autocarro que seguisse de Quito para qualquer cidade do Norte do país. Costuma ser fácil mas como se trata de uma estrada principal, os autocarros não podem levar pessoas de pé e como era dia de festa todos os lugares já estavam ocupados. Quase nenhum parava e se o fazia apenas entrava uma ou duas pessoas que se empurravam: tanto poderia entrar alguém da frente ou do meio do magote de pessoas impacientes. Mais de uma hora depois, nada. Sem muita convicção mudámos de poiso e no primeiro que parou entrámos, juntamente com muitos outros que de pé (desrespeitando as regras) tiveram de aguentar mais de uma hora para fazer aproximadamente 65km, chegando a Otavalo 3 horas depois do que tínhamos previsto.

Seguimos para a atração principal, o mercado de artesanato. Apesar de ser enorme desiludiu-nos por parece muito forçado: Se virmos 1/10 das barracas já vimos todos os diferentes artigos; mais de metade não será artesanato, muito feito em fábrica e algum feito no estrangeiro.

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Mercado de Artesanato: 12:36 Tapeçaria (esq.), 12:40 Colares e pulseiras (centro) e 12:55 Especiarias (dir.)

Fomos ao posto de turismo para saber o que poderíamos fazer em 1 dia e meio, da lista de coisas que sabíamos podermos visitar, onde poderíamos acampar e quanto teríamos de pagar.

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13:36 Iglesia (esq.) e Passos do Município de Otavalo (dir.)

Decidimos almoçar no mercado de comida, onde disfrutamos de uma refeição completa (sopa + segundo + sumo) pela módica quantia de 2 dólares. Se tivéssemos tempo visitaríamos a cascata de Peguche (onde se pode acampar), para depois seguir para Mojanda onde passaríamos a noite, começando a caminhar de madrugada. Começaríamos por subir ao cume do monte Fuya Fuya depois caminharíamos em torno da maior lagoa e, se ainda tivéssemos tempo, havia uma lista de outras coisas que nos gostaria visitar.

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Mercado da comida: 13:52 a nossa banca (esq.), 13:55 Canja de galinha (centro), 14:03 Arroz com feijão e frango e sumo de babaco (dir.)

O nosso atraso inicial fez com que saltássemos a cascata (ficando esta a constar da lista supra citada), seguindo, após a compra de alguns doces, diretos a Mojanda, alugando um táxi (carrinha de caixa aberta).

A temperatura era muito mais baixa. Montámos a tenda no sopé do Fuya Fuya (cume mais alto de Mojanda), mesmo junto à lagoa e tratámos de buscar e informar-nos dos trilhos para o dia seguinte: a subida seria de 3,84 km (ida e volta), vencendo-se um desnível de 551m, chegando-se ao cume nos 4286m, em aproximadamente 4 horas previstas; a volta à lagoa seriam 3.9km, praticamente plano (desnível máximo de 25m) em aproximadamente 3 horas (apenas estranhámos o facto do perímetro anunciado da lagoa ser 7,9km, mais 4km que a volta à mesma).

Na tenda comemos atum e ouvimos Quim Barreiros para festejar a noite de São João e dormimos cedo pois teríamos de madrugar.

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16:26 Acampamento (esq.) e 17:44 Preparada para o frio nocturno (dir.)

2012/06/24

Despertámos à hora prevista mas esperámos mais um pouco para que parasse de chover e o nevoeiro levantasse um pouco.

Depois de perguntarmos novas indicações começámos a caminhar pelo trilho bem marcado, numa íngreme e penosa subida, principalmente pela falta de oxigénio (ver traçado do trilho). Em todo o caso subimos rápido esperámos meia hora lá em cima para apreciar os poucos segundos de abertas entre o nevoeiro, e baixámos, tudo isto em 2:15 (bem menos que as 4 previstas). Quando baixávamos as nuvens desapareciam podendo termos boas vistas mas lamentamos isso não ter acontecido uns minutos antes quando nos encontrávamos no cume.

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Subida ao Fuya Fuya 06:47 Laguna de Mojanda (esq.), 08:08 Vista do Topo (centro) e 08:51 Vista para o topo (dir.) 

Atendendo ao bom ritmo deste percurso pensámos que também pouparíamos algum tempo na volta da lagoa  (ver traçado do percurso) e teríamos de escolher o que fazer de tarde... não foi bem assim...

Logo no início andámos uns 15 minutos à procura do percurso. Achámos que por talvez ser bastante fácil não deviria ter marcas. Assim foi na primeira meia hora mas depois chegámos a uma zona de pântano onde não se via qualquer caminho. Fomos “navegando” à vista seguindo pegadas humanas. Para atravessar o pântano perdemos mais de uma hora. Depois conseguia-se ver algo que nos parecia um caminho mas que levava ao cume de um morro, contrariando o desnível máximo anunciado no placard indicativo do percurso. Lá fomos na perspectiva de conseguirmos encontrar o caminho do outro lado... além de boas vistas apenas conseguíamos ver o caminho final mas não como atravessar o denso bosque que estava à nossa frente. Até conseguirmos fazê-lo foi uma dura hora e meia entrando e saindo do bosque várias vezes sem sucesso, num caminho muito irregular com plantas parecidas com juncos (mas fofos) que nos dificultavam muito a locomoção mas felizmente nos amparavam nas constantes quedas (foram mais de 30). Mesmo encontrando o caminho de saída do bosque este não foi nada fácil e recorremos novamente ao método de seguir pegadas existentes. Para ajudar ainda mais havia urtigas no chão e árvores podres por isso não era muito fácil colocar as mãos onde necessitávamos.

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10:36 A caminhar... no pântano (esq.), 10:53 Vegetação (centro) e 10:54 Laguna de Mojanda (dir.)

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Laguna de Mojanda: 10:58 (esq.), 12:56 (centro) e 13:46 (dir.)

"Percurso fácil" pelos bosques das lagunas Mojanda

O nosso GPS já marcava 7km e tínhamos passado pouco mais de metade...

O novo terreno era novamente pântano tendo o Nuno enfiado a perna num buraco de lama até acima do joelho, mas pelo menos conseguíamos ver um caminho.

Passámos por um parque de campismo bastante bonito mas atualmente descativado para melhoramentos (afinal nós tínhamos apenas montado a tenda num campo, onde tínhamos visto outras, sem qualquer tipo de instalações de apoio).

Almoçamos na berma da lagoa e seguimos novamente o que nos dava a entender ser um trilho. Ao fim de 200 metros de lenta progressão decidimos continuar por um estradão, que víamos ser mais longo mas que deveria ser a opção mais rápida. Ao fundo reparávamos nas dificuldades de alguns carros em transpor os muitos buracos desta mesma via. Estavam a mais de 1km mas quando lá passámos ainda tivemos oportunidade de os ajudar a sair com os nossos conhecimentos de mecânica adquiridos no ano passado na Bolívia em situações semelhantes.

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14:57 A nossa boleia...

A nossa ajuda valeu-nos uma boleia até ao fim do percurso, acabando este com 12km (apenas 3 vezes mais que o indicado) e depois até Quito. Já não tínhamos paciência e tempo para fazer mais nada e a perspectiva de voltar a casa quase de graça e sem trocas de autocarros agradou-nos muito.  Pedimos que esperassem um pouco para desmontarmos a tenda e arrumássemos as coisas (basicamente desprender os grampões e atirar tudo para dentro da mochila) e partimos.

Chegámos a casa e quase ao mesmo tempo chegaram também duas novas voluntárias americanas, que ficariam para as duas seguintes semanas e com quem iríamos dividir o espaço até terça.

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