Este era o momento mais esperado da viagem, a visita ao imenso Salar de Uyuni. Este localiza-se a 3650 metros de altitude e corresponde ao maior deserto de sal do mundo, sendo inclusivamente maior que o lago Titicaca. Criou-se pela evaporação da água de um antigo lago. Apresenta espessuras de sal de 80cm até 120 metros, sendo que por baixo continua existindo água.
Dia 9 _-_12/06/2011 – Cemitério de Locomotivas, Fabrica de Sal e Isla del Pescado
Chegámos pela 1:00 a Uyuni, tendo à nossa espera um jipe que nos levou até a um hostel para passarmos a noite.
De manhã fomos diretos à agencia confirmar a reserva, tendo tempo antes da saída para tomar o pequeno almoço.
Os turistas dividiram-se por dois jipes sendo que ficámos os 4 juntos com 2 alemães, o motorista e a cozinheira.
Começando a viagem fomos fazendo perguntas as quais não eram respondidas. A primeira paragem foi no cemitério dos comboios, onde o motorista simplesmente parou e disse que era o cemitério e que tínhamos 15 minutos.
Fomos de visita sem qualquer explicação para o que estávamos vendo, até que chegou o outro jipe e o guia Gonzalo começou a falar para os turistas do mesmo. Fomos lá para ouvir mas também para questionar o facto de que nos haviam garantido que havia um guia por carro e o nosso motorista nem abria a boca, mesmo quando perguntávamos… pelo menos que quando chegassem a um lugar juntassem todos para a informação. O Gonzalo respondeu que o motorista também sabia as coisas e foi falar com ele.
Aquele lugar ter-se-á tornado uma sucata de comboios uma vez que quase todos trabalhavam para a exploração mineira de Potosí e esta teve um decréscimo muito grande nos últimos tempos.
Cemitério de Locomotivas
Cemitério de Locomotivas
Voltámos ao carro e o silêncio do motorista manteve-se até chegarmos a Colchani. O Gonzalo juntou todos para nos explicar a indústria do sal, que dá trabalho a todos desta vila.
Fomos até ao forno comunitário onde seca, trata o sal adicionando iodo e se embala para venda. No final da visita um senhor pôs-se à porta pedindo gorjeta… tendo ficado a batata quente para o Pedro que na confusão do momento lhe deu a primeira moeda que sacou, 20 centavos Bolivianos ( 2 cêntimos de euro). O senhor ficou perplexo e indignado chamando-o dizendo: “señor esto no alcanza ni un dulce”.
Fábrica de Sal
Blocos de Sal (esq.) e Extração de Sal (dir.)
Comprámos uns cristais e um dado de sal e dirigimo-nos de carro ao Salar, de onde é feita a extração.
Já em pleno mar branco dirigimo-nos até à Isla del Pescado… um pedaço de terra rodeado por sal até à linha do horizonte. Mais que diferente de tudo é espetacular a vista.
A caminho da Isla del Pescado (esq.) Isla del Pescado (dir.)
Como todos os restantes começámos a sessão de fotos com aproveitando a ilusão de óptica gerada.
Almoçámos costeleta e visitámos a ilha, voltando ao sal para mais fotos.
Isla del Pescado (Incahuasi): Construção (esq.), Balde do Lixo feito em Cacto (centro), e Cacto (dir.)
Isla del Pescado (Incahuasi): Arcos e grutas
Isla del Pescado (Incahuasi): Cactos
Seguimos em direção a sul onde, nesta altura do ano existe uma fina película de água sobre o sal que gera um efeito espelho quase perfeito. Nesta zona o sal pode apresentar menos de um metro de espessura pelo que é necessário conhecer bem o local para que ao conduzir não se afunde o carro.
No fim do dia dirigimo-nos até a um hostel da agência, nas margens do salar, todo construído em sal, incluindo camas, mesas e cadeiras.
Espelho (esq.) e Quarto do Hotel Samarikuna feito de Sal (dir.)
Hotel Samarikuna: Mesas e Cadeiras de Sal (esq.), Pilares de Sal (centro) e Camas e mesas de cabeceira de Sal (dir.)
Aqui lanchámos e descansámos até ao jantar que foi “pique a lo macho” (um estufado com salsichas, batata frita, cebola e lombo). Depois deste tivemos direito a atuação musical tradicional… muito bom.
O céu parecia uma cidade vista do espaço com milhares de pontos brancos.
Dia 10 _-_13/06/2011 – Deserto Siloli, Laguna Pastos Grandes, Laguna Cachi, Laguna Qara, Arbol de Piedra, Reserva Nacional Eduardo Avaroa, Laguna Colorada
Acordámos bem cedo para ver o nascer do sol antes do pequeno almoço, depois do qual seguimos o passeio.
Começámos por uma paragem na pequena vila de San Juan para os turistas poderem gastar dinheiro. As paisagens eram incríveis com vulcões, lamas, vizcachas, yaretas (planta similar a um musgo, com crescimento muito lento).
Lamas (esq.) e paisagens (centro e dir.)
Rocha (esq.) e Vulcão (dir.)
Yareta (Azorella compacta) planta de pequenas flores da família das Apiáceas, nativa da América do Sul que cresce nos Andes entre os 3200 e os 4500 metros de altitude. A planta cresce de forma muito compacta de modo a reduzir as perdas de calor e junto ao solo onde a temperatura do ar é 1 ou 2 graus superior. Estima-se que o crescimento anual é de 1,5cm.
Vulcões
Parámos para almoçar, tendo o privilégio de o fazer mesmo ao lado de uma vizcacha.
Vizcacha (lagidium viscacia)
Vizcacha (lagidium viscacia) (esq.) e um parente seu mais pequeno (dir.)
Entrámos no deserto de Siloli, parando na Laguna Pastos Grandes, na Laguna Cachi, na Laguna Qara e num local onde existem muitas formações rochosas talhadas pelo vento, com particular importância para a denominada Arbol de Piedra.
Laguna Pastos Grandes (esq.), Mascando folhas de coca (centro) e Deserto Siloli (dir.)
Deserto Siloli (esq.) e Laguna Cachi (dir.)
Deserto Siloli (esq.) e Laguna Qara (dir.)
Laguna Qara (esq.), Deserto Siloli (centro) e Rochas (dir.)
Pisaca – tinamotis pentlandii (esq.) e Arbol de Piedra (centro e dir.)
Mais para Sul entrámos na Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa cuja entrada, nada barata, havia que pagar. Aqui parámos na Laguna Colorada, cheia de flamingos cor de rosa que se alimentam da nuvem de microrganismos que dá a cor avermelhada à lagoa e também bastantes vicuñas.
Laguna Colorada (esq. e centro)… com Flamingos – phoenicoparrus jamesi (dir.)
O nosso guia Gonzalo (esq.), O nosso transporte (centro) e pato (dir.)
Vicuña – vicugna vicugna
Daqui seguimos para o hostel onde nos avisaram das condições extremas da noite, com a temperatura a baixar normalmente aos –15 graus… havia que dormir dentro do saco cama, debaixo dos cobertores. Alarmaram-nos demasiado já que a meio da noite todos terminaram tirando camadas pelo calor que sentiam.
Dia 11 _-_14/06/2011 – Geisers, Termas, Deserto Dali, Laguna Blanca, Laguna Verde e Vulcão Licancabur
Ás 4 da manhã já andávamos a pé. Se dentro não fazia assim tão frio, fora a história já era outra, havia que descongelar os carros para podermos sair.
Primeiro fomos ao ponto mais alto do tour, a 4942 metros de altitude numa paisagem dominada por geisers e fumarolas, cujo calor nos ajudava a suportar as temperaturas exteriores.
Geiser (esq.) e Lamas Ardentes (dir.)
Seguimos para um refúgio para ver o nascer do sol tomando o pequeno almoço e posterior banho de águas termais. A diferença de temperaturas era tal que ao tirar o fato de banho na saída, pousando-o num muro por alguns segundos, este tomou a forma do mesmo congelando quase instantaneamente.
Águas Termais: Amanhecer (esq. e centro) e… vai um banhito a mais de 4000 metros com temperaturas negativas? (dir.)
O ponto de interesse seguinte foram as paisagens impressionantes do Deserto de Dali que atravessámos até chegar às Lagoas Blanca e Verde, na base do imponente vulcão Licancabur (5920).
Deserto de Dali
Deserto de Dali (esq.) e Laguna Blanca e Vulcão Licancabur (dir.)
Mais a Sul a fronteira com o Chile, para onde nos dirigimos para deixar alguns dos elementos do tour que seguiam para San Pedro de Atacama.
Raposa que tentava tirar algum proveito do facto de não se poder entrar com comida no Chile
Havia então que voltar a Uyuni no mesmo dia, parando novamente nas lagoas Verde, Blanca e Colorada. O almoço, improvisado pois a comida destinada para esse efeito tinha desaparecido, foi em Villa Mar.
De volta ao deserto de Dali…
…à laguna Colorada e aos flamingos…
…muitos flamingos (esq.) e Moradores de Villa Mar (centro e dir.)
Seguindo viagem havia que cruzar um rio mas a passagem estava em manutenção e os trabalhadores estavam tão concentrados no seu trabalho que nem se afastaram para passarmos. Assim sendo o motorista decidiu cruzar uns metros ao lado subindo um pequeno muro e ficando balanceando sobre o mesmo sem conseguir sair. Com a ajuda de um macaco hidráulico e pedras trazidas por todos lá se resolveu o imbróglio, passando o Jipe e depois as pessoas por umas poldras.
Ganso Andino – chloephaga melanoptera (esq.), Lição de Mecânica nº 3: Como desatolar um Jipe quando este baloiça num murete marginal ao rio, após tentar cruza-lo fora do caminho? Macaco na jante, escava-se o chão, colocam-se pedras debaixo da roda, baixa-se o carro e voilá (centro) e “Atenção Vicuñas” (dir.)
Depois de 829km em jipe voltávamos a Uyuni terminando um Tour fantástico. Surpreendentemente o nosso motorista começou a falar e a fazer perguntas nos últimos 15 minutos de viagem, mas a surpresa foi desfeita quando ao chegarmos à agência e ficaram todos a olhar para nós esperando gorjeta… não demos nada.
Jantámos numa pizzaria e fomos para o terminal a fim de apanhar autocarro noturno de regresso a La Paz.
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