sábado, 21 de novembro de 2015

Pico: Trilho Arrife-Santa Cruz

Já passavam mais de três meses desde o último passeio organizado pelo município da Lajes que tínhamos participado, embora não tenhamos estado parados no que toca a trilhos neste hiato de tempo.

Começámos a caminhar junto do miradouro do Arrife, com vista privilegiada para toda a freguesia das Ribeiras e no topo da falha geológica do Arrife. Seguimos em direção a este local pela estrada regional, subindo um pouco, entrando posteriormente numa canada bem apertada, seguindo em fila indiana. Passando por várias quintas, descemos de volta à Estrada Regional que cruzámos, seguindo paralelamente e superiormente a Santa Bárbara, passando por um moinho de água.

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Vista sobre Santa Bárbara (esq.), Igreja Santa Bárbara (centro) e Moinho de Água (dir.)
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Flores

Continuámos a descer chegando aos Biscoitos, junto ao mar, onde existe uma das maiores colónias de Azorina Vidalii (Vidalia), planta endémica dos açores, seguindo até Santa Cruz onde, antes de terminarmos o percurso, demos uma pequena volta entre as famosas bananeiras deste local. Esta localidade situa-se numa fajã lávica, podendo ainda ver-se a arriba fóssil, anterior costa da ilha.

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Curral (esq.), Falha do Arrife (centro) e Poço de Maré (dir.)
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Bananeiras

Foi um trilho curto e bastante fácil, com alguns pontos de interesse nomeadamente no que toca a geologia flora.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Pico: Da Vinha à Montanha

No passado dia 30 de Outubro, decidimos aceder ao pedido do Geoparque por voluntários que ajudassem no Azores Trail Run - Triangle Adventure. Esta prova tinha uma extensão prevista de aproximadamente 30km com saída junto ao Porto da Madalena e final no topo do Pico, no entanto as condições atmosféricas adversas destinaram que a prova terminasse na casa da montanha.

Após uma manhã atribulada com vários cancelamentos das viagens de barco entre o Pico e o Faial, de onde vinham todos os participantes da prova, e como tal vários adiamentos da hora da partida dos atletas, chegou o barco à Madalena. Pouco depois das 14:00 começava a prova, com aproximadamente 6 horas de atraso.

Nós e os restantes voluntários, incluindo o nosso wwoofer Húngaro, fomos colocados no posto de abastecimento, mais ou menos a meio do trajeto. A nossa função seria ajudar os participantes no enchimento dos seus depósitos de líquidos e manter a mesa cheia de comida. Na verdade havia um verdadeiro banquete calórico à sua disposição: banana, laranja, tomate, sal, amendoins, favas, batatas fritas, marmelada, mel, bolachas, biscoitos bomba e bolo baleeiro. Tivemos uma hora a preparar a mesa e outra esperando pelos primeiros corredores.

Trail RunOs voluntários do posto de abastecimento (foto cedida por José Carlos Machado)

Com alguma tristeza, mas também espanto pela capacidade física, vimos os primeiros 5 a passar a grande velocidade, quase sem reparar em nós. Os seguintes 10 passavam ainda a correr mas com as mãos passando pela comida, tal e qual rede de arrastão apanhando o máximo que pudessem sem perder tempo e engolindo quase sem mastigar. A partir daqui as coisas foram bem mais animadas para o nosso lado, passámos a encher depósitos, trocar dois dedos de conversa, dar informações sobre os produtos. No fim, os participantes já tiravam a mochila, provavam de tudo o que houvesse na mesa, tiravam selfies e contavam histórias de outras corridas.

Mal passou o último, arrumámos as coisas e dirigimo-nos para a casa da montanha para ver o fim da prova. Os primeiros já tinham terminado a prova: mais de 25km e 1230 metros de desnível (a subir) em pouco mais de 2 horas.

Quatro dias depois e no rescaldo da prova propusemo-nos realizar a limpeza do percurso, retirando todas as fitas plásticas que faziam a marcação do trajeto. Se a prova tinha tido um vassoura, nós seríamos as apanhadeiras. Já conhecíamos bem a parte final do percurso, correspondente à subida ao Pico (que acabou por ser cancelada) mas tínhamos interesse em conhecer o acesso que pudesse fazer a conexão entre o mar e o ponto mais alto de Portugal.

Sabendo que havia que tirar muita marca e que o volume e peso de fitas poderia ser elevado, decidimos fazer o percurso em sentido descendente, começando portanto na casa da Montanha.

Ao fim do primeiro km foi claro que as mochilas e sacos que tínhamos não seriam suficientes para acomodar tudo o que estávamos a acumular, sendo que, além das marcas, fomos juntando muito lixo. Nota para o grau de sensatez dos participantes da corrida que, quando tiveram de deixar algum resíduo, fizeram-no deixando no mesmo local de uma fita, tendo consciência que este poderia ser recolhido juntamente com as marcas. No lado oposto, alguma frustração pela quantidade de envases de fertilizantes, pesticidas, herbicidas, cordas, plásticos e outros que fomos recolhendo, em maior quantidade com o baixar de cota e aproximação a estradas e populações. A quantidade era tanta que acabámos em parte por desistir e cingir-nos apenas às fitas que já nos faziam muito peso, volume e, principalmente, alongar-nos muito na duração da tarefa. Onde pudemos fomos aliviando espaço, aproveitando alguns sacos encontrados e deixando nos ecopontos que encontrámos.

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O Faial é a referencia quando ser faz este percurso no sentido descendente

Almoçámos exatamente no local onde tínhamos ajudado durante a corrida, mas tivemos de ser nós a levar a comida.

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Entre pastagens (esq.), Pico (centro), Local do posto de abastecimento (dir.)

Acabámos os 25 km num fantástico tempo de quase 9 horas, com uma acumulação de 6 a 7 grandes sacos com plástico e algumas garrafas de vidro que separámos pelos devidos contentores, superando assim a nossa tarefa, mas sabendo que muito lixo ficou ainda por apanhar.

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Paisagem da Cultura da Vinha

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Reciclando


Quanto ao percurso podemos dizer que não passa por propriedades privadas, pelo que pode ser feito por qualquer pessoa, no entanto não se encontra marcado e como tal há que ter alguma precaução, nomeadamente no troço desde a estrada longitudinal até à casa da Montanha.

É uma alternativa interessante para quem quer acrescentar alguma emoção e dureza à subida ao Pico, fazendo-o desde a cota zero até ao topo dos 2351m. Quando o tempo o permite, temos vistas bastante diferentes da montanha ao longo do traçado, assim como oportunidade para conhecer a paisagem da cultura da vinha do Pico, classificada pela UNESCO, com os seus muros labirínticos e havendo ainda a possibilidade de se fazer um pequeno desvio para visitar a furna de Frei Matias.

sábado, 3 de outubro de 2015

Pico: PR7PIC – Caminho das Voltas … 2X

Quase um ano depois voltámos a realizar este percurso, agora na sua totalidade e logo duas vezes no mesmo dia.

Só o facto de se organizar um passeio é razão suficiente para nos fazer alinhar na iniciativa, mas quando a organização parte do Geoparque sabemos sempre que nos será facultada muita informação interessante sobre a formação geológica dos locais por onde passamos, assim como relatos históricos, fauna e flora… como tal não podíamos perder esta oportunidade.

Havendo limite de inscrições, infelizmente nem todos os interessados no passeio puderam participar nesta iniciativa. No entanto, como desse grupo constavam alguns amigos, estes pediram-nos, juntamente com outro companheiro, que repetíssemos a caminhada, transmitindo o que nos fosse possível da informação adquirida umas horas antes... aceitámos com muito gosto.

Assim, após um semana muito chuvosa e com previsões de continuação para os dias seguintes, tivemos uma janela de bonança especialmente encomendada para que tudo corresse de feição.

Pela manhã reunimo-nos com o grupo e fomos descendo desde o miradouro da Terralta até Santo Amaro. Pelo caminho já algumas castanhas e, junto ao mar, além das habituais comestíveis perrexil, beldroegas e  espinafres, tivemos oportunidade de observar a “irmã” da especial flor da cratera do Pico, silene uniflora, esta também endémica mas a uma escala um pouco maior, os Açores.

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Caminho (esq. e centro) e Ribeira (dir.)

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Vinha (esq.), Costa Norte (centro) e Silene Uniflora (dir. – foto cedida por José Costa )

Terminado o percurso foi tempo de apenas almoçar algo e reunir com o novo grupo para repetir a dose…

sábado, 26 de setembro de 2015

Pico: PR4PIC – Subida ao Pico

Com a inscrição no curso de guias da Montanha do Pico, este tornou-se um ano recheado de subidas, de tal modo que quase duplicámos o número que tínhamos anteriormente, sendo que atualmente são 17 para o Nuno (8 este ano) e 14 para a Mónica (7 este ano)

Não há muito mais para falar sobre o trilho em si mas como nunca há duas subidas iguais (as nuvens, a luz o mar…) aproveitamos para apresentar mais algumas fotos, nomeadamente da rara silene uniflora craterícola, planta endémica da Montanha do Pico que floresceu durante este verão.

Subida 23-05-2015
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Subida 14-08-2015
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São Jorge e Terceira (esq.) e São Jorge e Graciosa (centro e dir.)
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Cratera (esq.), estação meteorológica (centro) e Silene Uniflora Cratericola (dir.)
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Faial

De salientar e louvar também a atividade de limpeza da Montanha promovida pelo Geoparque que, apesar de não ter tido a aderência expectável de voluntários, tendo em conta a importância da montanha para o turismo local, serviu pelo menos para deixar a cratera um pouco mais limpa do que a encontrámos no início do Verão.

Subida 19-09-2015
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Limpeza

Por oposição lamentamos o estado de algumas partes do trilho e zonas próximas devido ao crescimento exponencial de subidas nos últimos anos. A passagem de visitantes algo incautos gerou a degradação de alguns troços e a abertura indevida de muitos caminhos secundários, com prejuízo direto para a flora local, além de estes poderem fazer com que outros se possam equivocar na subida.

Mais virão… e sempre diferentes

sábado, 12 de setembro de 2015

Pico: Ribeirinha – Trilho da Rocha

No único mês do ano em que o Município das Lajes não agendou nenhum passeio, tivemos a feliz surpresa de um trilho organizado pela junta de Freguesia da Ribeirinha com pic nic no fim.

Juntámo-nos todos pelas 9:30 no centro da freguesia, onde começámos por visitar duas casas museu. A casa, devidamente restaurada, contém todo o tipo de mobiliário e utensílios utilizados no passado nas suas diferentes divisões: a cozinha, a casa de banho, os quartos, a sala e uma oficina de sapateiro. Ao lado um carro de bois em muito bom estado na sua guarita. Mais acima outra casa com uma atafona completa com todo o equipamento para processamento do milho, movido a força animal. A presença de locais no grupo com bastante experiencia de vida enriqueceu em muito a visita, com dados sobre o funcionamento dos utensílios, curiosidades sobre as casas e os seus moradores, recordações do passado.

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Museu (esq.), Alfaias Agrícolas (centro) e Atafona (dir.)
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Oficina Sapateiro (esq.) e Casa de Banho (centro e dir.)

Visitado o museu seguimos para o passeio propriamente dito. Dirigimo-nos até ao miradouro do Alto dos Cedros, onde já tínhamos passado uns meses antes aquando da realização do PR18PIC Nove Canadas da Ribeirinha. Embora o tempo estivesse bom, não estava o suficiente para conseguirmos ver a montanha descoberta, em todo o caso a vista compensa.
Aquando da nossa passagem anterior perguntavamo-nos onde daria um trilho de pé posto que seguia daqui com uma descida com grande pendente. Tinha uma vedação na altura por isso acabámos por não explorar... ora era mesmo por aí que agora seguia o percurso previsto, até onde antigamente se cultivava vinha e como tal tinha as respectivas adegas para processamento da uva.
Todo o caminho foi arranjado propositadamente para este evento, em todo o caso a forte pendente e o piso bastante escorregadio tornavam a caminhada algo perigosa. Algo que não impediu termos no grupo idades desde os 4 aos 77 anos. Os mais velhos com muitas recordações destes locais, por onde terão passado dezenas, senão centenas de vezes, com cestos de uva, figos, maçãs, laranjas, castanhas e lapas às costas. Se sem grande peso a movimentação não era fácil, então com uma cargas destas como seria...
Atualmente e para quem não conheceu, vendo a floresta densa de grandes incensos, é difícil imaginar que desde a cota do trilho até à costa estava tudo trabalhado com vinha ou pomares. Aqui e ali, por entre os incensos, uma figueira, um castanheiro, uma parreira com mais de 6 metros de altura trepando pelas árvores em busca do sol, agora plantas selvagens, mas que corroboram as histórias. Visitámos algumas ruínas das adegas, todas sem tecto mas algumas ainda com a cisterna, o lagar e as respectivas pedras de compressão, também algumas pias escavadas na própria rocha.

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Vista do Miradouro do Alto dos Cedros (esq.), Prova da água da cisterna (centro esq.), Ruína (centro dir.) e Floresta (dir.)
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Pequeno Lagar (esq.), Vista de Miradouro criado a meio do percurso (centro) e Regresso (dir.)

Uma curiosidade relativamente a este local tem a ver com a sua localização que em determinada altura do ano não recebe luz solar, pelo que aquando do aparecimento da filoxera (doença da vinha que dizimou a quase totalidade de vinha tradicional produzida no Pico, castas arinto e verdelho), as vinhas deste local ficaram protegidas e continuaram a produzir normalmente, enquanto por toda a ilha as colheitas eram praticamente nulas por morte das plantas.

Deram-nos indicação da existência de muitos antigos trilhos por ali, que chegavam à costa e daqui seguiam para Santo Amaro ou que, seguindo por onde estávamos intersectariam o Caminho das Voltas PR7PIC, em direção também a Santo Amaro.
Nós ficámos muito interessados, mas melhor que isso, os próprios funcionários da junta e outros locais demonstravam esse interesse em encontrar esses caminhos e abri-los novamente... tendo sido sugerido novo passeio para o São Martinho com descida até à costa.

No fim do percurso o prometido pic nic, oportunidade para conhecer mais alguns dos nossos vizinhos da ribeirinha.

Resumindo foi um dia muito bem passado, 5km caminhados, com muita informação nova e a visita a um local com muitas histórias para contar. Estão no entanto alguns quilómetros e muitas adegas por descobrir. Em todo o caso convém relembrar que não se trata de um trilho marcado (apenas o está até ao miradouro do Alto dos Cedros) e como tal não é aconselhável aventurarem-se sozinhos, principalmente porque o terreno é instável e com ventos ou chuvas fortes podem cair rochas e árvores, vedando a passagem.