Natal no Fitz Roy, passagem de ano no Parque Nacional Torres del Paine e pelo meio o Glaciar Perito Moreno... culminaria aqui uma das mais fantásticas fases desta viagem.
29/12/2013
Com mais um par de carimbos do Chile e Argentina, chegámos a Puerto Natales com o Martin e a Romina, despedindo-nos marcando novo encontro para Buenos Aires dentro de algumas semanas para cozinharmos bacalhau com natas.
Fomos comprar algo para comer e cruzámo-nos com os espanhóis de Perito Moreno... estes seguiriam para o parque já no dia seguinte por isso decidimos juntar-nos a eles.
Não tínhamos onde ficar mas alguns contactos levaram-nos à casa de Gloria e Oscar que nos receberam, mesmo com casa cheia. Não fosse suficientemente bom ainda nos deram algumas dicas para o parque e levaram-nos a um supermercado não turístico para nos podermos abastecer de comida para os 10 dias seguintes que prevíamos de caminhada (8 dias que se poderiam estender por 10 se tivéssemos mau tempo no passo).
Ao jantar notou-se a experiencia dos nossos anfitriões em receberem muita gente de Couchsurfing... foi fácil gerir comida e recursos para 16 pessoas... a nós tocou-nos o habitual leite creme.
Não éramos os únicos a seguir para o parque no dia seguinte, de tal modo que até à uma da manhã ainda andavam todos a fazer mochilas, tentando reduzir peso, cada um à sua maneira.
30/12/2013
Com 4 horas de sono levantámo-nos para apanhar o autocarro que nos levaria ao parque, algo que desde há muito já não fazíamos.
Comprámos o bilhete, entregámos a declaração de conhecimento das regras e vimos o vídeo de segurança.
Encontrámos os nossos amigos espanhóis Jairo e Mar, que tinham planeado fazer o seu percurso em 6 a 7 dias, e seguimos caminho em direção ao campamento Serón... notamos que eles seguiam a boa velocidade... havia que conseguir acompanhar o seu ritmo.
1º Dia – Portaria Laguna Amarga-Campamento Serón (direto, sem passar por Hotel Torres)
Distância parcial 1º Dia: 17,2km
Cota máxima: 182,3m
Cota mínima: 73,2m
Ponto inicial: Laguna Amarga (127,2m)
Ponto final: Campamento Serón (173,2m)
Foi um dia em que caminhámos bastante rápido tendo começado por volta das 11:00, após toda a burocracia para entrar no parque, caminhando quase sempre em zona plana.
Justamente à saída da Laguna Amarga vimos uma família de guanacos, depois seguimos entre pastos ora brancos, ora amarelos, cheios de flores.
11:02 Saída da Laguna Amarga: Primeiros passos de uma longa caminhada (esq.), 11:20 Guanacos – lama guanicoe (centro) e 14:47 Flores (dir.)
O tempo manteve-se bom, nem muito Sol e apenas algumas gotas esporádicas que facilitaram um avanço rápido, sem calor, frio ou vento. Havia algum barro por todo o caminho, mas a última meia hora antes de chegar ao acampamento apresentava bastante mais.
Chegamos ao acampamento Serón (noite: 4000 pesos chilenos) ainda antes das 16:00, embora ainda com bastante tempo e luz para caminhar mais alguns quilómetros o acampamento seguinte aberto Dickson estava a 19km (existe um pelo meio, Coirón, mas está fechado) por isso descansámos o resto da tarde e analisamos os mapas para os seguintes dias tentando ajustar o planeamento ao dos espanhóis.
14:54 Entre um mar de flores (esq.), 15:50 Chegando ao Campamento Serón (centro) e 16:58 Tendas das expedição ibérica (dir.)
Para jantar cozinhámos lentilhas com arroz e antes de dormir 3 partidas de Monopoly Deal com o Jairo e a Mar... 2 para a Mónica, 1 para o Nuno e desforra marcada para outro dia.
31/12/2013
2º Dia – Campamento Serón - Campamento Dickson
Distância parcial 2º Dia: 18,0km
Cota máxima: 363,5m
Cota mínima: 148,1m
Ponto inicial: Campamento Serón (173,2m)
Ponto final: Campamento Dickson (206,8m)
Pelas 9:45 saímos caminhando a passo veloz... ao longe podiam-se avistar alguns glaciares e quase chegando ao acampamento, as nuvens levantaram um pouco, dando-nos pela primeira vez oportunidade de ver por escassos segundos a ponta das Torres del Paine.
12:05 Orquídea Porcelana (esq.), 14:17 Glaciar Dickson (centro) e 14:47 Maciço Paine (dir.)
14:49 Primeiro, curto e enevoado vislumbre da ponta das Torres del Paine (esq.), 15:15 Chegando ao Campamento Dickson (centro) e 15:16 Passadiço (dir.)
Chegados a Dickson, ainda pensámos avançar um pouco mais até ao acampamento Los Perros pois ainda tínhamos 6 horas de luz para fazer apenas mais 11km, no entanto como os nossos amigos espanhóis tinham reserva em Dickson e os guarda parques diziam que era um tramo difícil com muito barro, decidimos ficar e passar o ano junto e descansar pela tarde.
Entre pequenas chuvadas, algum granizo, nevoeiro, foram aparecendo curtas abertas que nos deixaram contemplar a bela paisagem que nos rodeava.
16:20 Refúgio Dickson (esq.), 16:26 Maciço Paine (centro) e 16:27 Maciço Paine (dir.)
Por muitas razões terminámos comendo muitíssimo nesta noite: tínhamos comida racionada para 10 dias mas já sabíamos que terminaríamos o percurso em menos tempo; pelas informações que nos davam, o tramo seguinte que incluía o Paso John Gardner (ponto mais alto do percurso) seria difícil, com neve e vento, por isso havia que comer bem para ganhar forças; do mesmo modo havia que reduzir o máximo de peso possível para a grande subida; era o aniversário do Nuno e; era fim de ano. Assim sendo cozinhámos massa com soja em dose dupla, comemos um chocolate grande de 150g (bolo de aniversário do Nuno) e três mais pequenos (um dos quais oferecido pelo responsável pelo camping que disse não poder fazer desconto de aniversariante mas que podia oferecer algo), comemos o resto de um pacote de oreo que vinha desde Chaltén, um pacote de bolachas com recheio de chocolate, uma barra de grânola caseira feita por nós uns dias antes, manteiga de amendoim que nos tinham dado em El Manzano para este dia, mais de meio frasco de manjar (dulce de leche) com bolachas de água e sal que nos tinha sido oferecido pela Flor em Chaltén , amendoins...
Para passar o ano reunimo-nos no refúgio onde cantaram os parabéns ao Nuno e depois recolhemo-nos à tenda pois havia que descansar bem para o dia seguinte.
00:14 Revellion (esq.), 00:17 Iberic Team com o seu alimento básico: Bolachas com doce de leite(centro) e 00:55 Acampamento (dir.)
O preço do campismo era o mesmo e com isso sabíamos ter para pelo menos mais uma noite, caso fizesse mau tempo e não fosse possível cruzar o Paso John Gardner. Em todo o caso, se tudo corresse bem e de acordo com o nosso planeamento de caminhada para os próximos dias já não teríamos de pagar mais nada no parque, decidindo com o que restasse jantar fora com os espanhóis no regresso a Puerto Natales.
01/01/2014
3º Dia – Campamento Dickson – Campamento Los Perros - Paso John Gardner – Campamento Paso
Distância parcial 3º Dia: 20,9km
Cota máxima: 1179,7m - Paso John Gardner
Cota mínima: 206,8m - Acampamento Dickson
Ponto inicial: Campamento Dickson (206,8m)
Ponto final: Campamento Paso (453,5m)
Primeiro dia do ano, energias renovadas... e eram bem necessárias pois adivinhava-se um dia difícil.
Saímos pelas 09:35 em direção ao acampamento Los Perros, onde esperávamos que nos dessem “luz verde” para seguir no mesmo dia. Foram 11km quase sempre em subida mas sem grande desnível à exceção da ponta final, que nos levou a visitar a Laguna e Glaciar Los Perros que nos apareceram à frente de repente, juntamente com um forte vento... muito boa surpresa.
Bosques: 10:56 (esq.), 11:11 Orquídea (centro) e 12:20 (dir.)
12:28 Rio (esq.), 13:08 Glaciar e Laguna Perros (centro) e 13:20 Chegando ao Campamento Perros (dir.)
Chegando ao camping Los Perros fomos diretos a perguntar a previsão do tempo para a zona do Paso e a resposta foi: pouco vento e neve... condições ideais para cruzar.
Almoçamos para ganhar mais algumas forças (e reduzir mais algum peso) mas nesse hiato de tempo tinha começado a nevar intensamente com flocos gigantes de mais de 1cm. Quase todos os caminhantes preferiram não avançar, acampando no que parecia um lamaçal, mas a IBERIC TEAM manteve os planos e aí fomos para os 8km restantes do dia...
14:39 Campamento Los Perros: Última foto antes de sair para cruzar o Paso John Gardner
Primeiro subindo por um bosque branco, depois por rocha e neve, em alguns sítios quase até ao joelho. Não conseguíamos ver muito mais que a marca seguinte que nos guiava, mas a espaços a neve e o vento acalmavam e podíamos apreciar o entorno... fantástico.
A caminho do Paso: 14:53 (esq.), 15:20 (centro) e 15:42 (dir.)
A caminho do Paso: 16:45 (esq.), 16:55 (centro) e 17:40 (dir.)
Chegando ao topo havia que lutar contra o vento e os quilos adicionais de neve e gelo que havia nas nossas mochilas, roupa e pelos faciais. Felicitámos-nos pelo feito mas as vistas eram branco do chão, branco da neve que caia e branco do nevoeiro.
17:40 Paso John Gardner, ponto mais alto do percurso... branco, branco e mais branco
Já em local abrigado do vento parámos um pouco para a foto grupal e... de repente começamos a ver algo desfocado entre o nevoeiro e em poucos minutos, desaparecem todas as nuvens... estava um imenso mar de gelo à nossa frente: era o Glaciar Grey, bem abaixo de nós.
Glaciar Grey: 17:44 (esq.), 17:46 (centro) e 18:00 (dir.)
Glaciar Grey: 18:01 (esq.) e 18:09 (dir.)
Glaciar Grey: 18:16 (esq.) e 18:19 (dir.)
Seguimos baixando com bastante dificuldade por terreno de barro muito escorregadio até ao acampamento Paso onde passaríamos a noite, chegando a este por volta das 20:20.
Descendo ao Campamento Paso: 18:23 (esq.), 18:24 (centro) e 08:44 Campamento Paso (dir.)
Aqui o Guarda Parques nos contava a história de uma menina de 3 anos, filha de um chileno e uma Russa que tinha cruzado o Paso a pé no dia anterior e que seguia correndo e falando com todos as pessoas.
Cozinhámos puré de batata com soja e fomos dormir... ou tentar pois o frio da noite e o que vinha do chão não nos deixou descansar muito.
02/01/2014
4º Dia – Campamento Paso - Refúgio Grey – Refúgio Pehuen/Paine Grande – Campamento Italiano
Distância parcial 4º Dia: 26,5km
Cota máxima: 490,4m
Cota mínima: 37,2m
Ponto inicial: Campamento Paso (453,5m)
Ponto final: Campamento Italiano (202,0m)
Subindo e baixando constantemente, cruzando rios por escadas metálicas duvidosas e pontes suspensas, passámos por vários miradouros para o Glaciar, até chegar ao Refúgio Grey, onde almoçámos. Havia um miradouro perto mas como já tínhamos visto o glaciar de todos os lados, saltámos o desvio.
10:08 Lagoa no Glaciar Grey (esq.), 10:09 Glaciar Grey (centro) e 10:30 Escadas (dir.)
10:33 Montanha (esq.), 11:26 Glaciar Grey (centro) e 11:43 Mais escadas (dir.)
12:09 Glaciar Grey (esq.), 12:21 Glaciar Grey (centro) e 12:42 Ponte suspensa (dir.)
12:59 Lago Grey (esq.) e 13:05 Glaciar e Lago Grey (dir.)
Para fugir aos refúgios e acampamentos pagos, pela primeira vez no percurso separámo-nos dos espanhóis. Como eles iriam apenas até Paine Grande, e nós 7,5km depois até ao acampamento Italiano, saímos primeiro.
À saída estava a menina de 3 anos saltando e caminhando com uma flor e um balão nas mãos.
Num tramo com uma subida forte inicial e cujos quilómetros previstos se estenderam por mais alguns, desgastámo-nos bastante, até que já em Paine Grande, pudemos ver os imponentes Cuernos del Paine sob um céu totalmente azul.
15:55 Glaciar e Lago Grey (esq.) e 16:17 Cerro Paine Grande (dir.)
16:18 Lago Grey (esq.) e 17:38 Cuernos del Paine (dir.)
Descansámos um pouco e seguimos para o último tramo do dia, fácil, mas debaixo de vento intenso. Alcançámos o acampamento Italiano já pelas 20:20, 11 horas depois de iniciarmos o dia.
18:00 Lago Skottsberg (esq.), 19:11 Bosque (centro) e 19:23 Cuernos del Paine (dir.)
Como ementa do jantar repetimos o arroz com lentilhas do primeiro dia.
03/01/2014
5º Dia – Campamento Italiano – Mirador Britânico - Campamento Italiano
Distância parcial 5º Dia: 11,0km
Cota máxima: 704,3m Mirador Britânico
Cota mínima: 202,0m Campamento Italiano
Ponto inicial: Campamento Italiano (202,0m)
Ponto final: Campamento Italiano (202,0m)
Foi dia de “descanso” começando apenas a caminhar pelas 12:15, depois de mais de 12 horas de sono, e com apenas 11km para fazer pelo Valle Francês, passando por uma zona de Glaciares muito bonita, depois o acampamento britânico e por fim novo miradouro do valle e dos Cuernos. Infelizmente neste ultimo ponto o tempo não nos foi favorável e não pudemos ver muito. Baixamos um pouco para fugir da chuva, comer algo e esperar os espanhóis que apareceram logo depois. Voltamos ao miradouro e descemos novamente ao acampamento italiano.
Valle del Francês: 12:29 Glaciar Francês (esq.), 13:18 Cuernos del Paine (centro) e 13:20 Glaciar Francês (dir.)
13:21 Glaciar Francês (esq.), 13:21 Glaciar Francês (centro) e 13:22 Lago Nordenskjold (dir.)
Separámo-nos outra vez pois como a tenda do Jairo tinha perdido toda a sua capacidade de impermeabilização estes preferiram baixar um pouco mais até ao refúgio Cuernos, onde buscariam albergue.
No seguimento de tanto descanso acabámos por nem jantar e dormimos novamente mais de 12 horas.
04/01/2014
6º Dia – Campamento Italiano – Refúgio Cuernos – Refúgio Chileno – Campamento Torres – Base Torres – Campamento Torres
Distância parcial 6º Dia: 24,5km
Cota máxima: 882,0m Base Torres
Cota mínima: 60,7m
Ponto inicial: Campamento Italiano (202,0m)
Ponto final: Campamento Torres (562,0m)
Era o dia mais largo mas também o mais esperado... íamos ver as Torres, se o tempo nos permitisse.
Acordámos bem cedo e todas as nuvens do dia anterior tinham desaparecido. Tínhamos 5,5km pela frente para nos encontrarmos com Jairo e Mar antes das 10:00.
Se por um lado o céu estava azul, o vento estava impossível... não chovia mas viam-se arco-íris pois a água do lago Nordenskjold era levantada e atirada contra nós... as cascatas “corriam para cima”.
08:37 Valle del Francês (esq.), 08:58 Lago Nordenskjold (centro) e 09:28 Lago Nordenskjold (dir.)
09:40 Cuernos del Paine (esq.), 09:40 Arco-íris (centro) e 09:44 Cuernos del Paine (dir.)
Chegámos pontualíssimos e saímos pouco depois e a grande velocidade puxados pelos espanhóis que recém tinham tomado o pequeno almoço. Depois de alguns quilómetros já nos custava segui-los, mas assim fomos até ao refúgio Chileno.
10:32 Lago Nordenskjold (esq.) e 10:57 Cuernos del Paine (dir.)
11:22 Reparem bem na cara desta miúda de 3 anos depois de mais de 100km a pé (esq.) e 11:45 Ponte (dir.)
11:47 Ponte (esq.), 12:52 A caminho do refúgio Chileno (centro) e 13:50 Refúgio Chileno com Torres ao fundo (dir.)
Aqui almoçamos, mas pusemo-nos logo em marcha com medo que viessem as nuvens e se tapassem as torres, que deveriam estar totalmente descobertas pela cara de felicidade das pessoas que desciam do miradouro.
Deixamos as nossas mochilas no acampamento torres, montando a tenda em tempo record com a ajuda dos espanhóis e seguimos quase correndo até à base das torres, uma subida bastante forte... forte mas com uma vista totalmente recompensadora... quanto mais nos aproximávamos mais rápido andávamos e no topo, ai estavam as torres sem qualquer nuvem... totalmente recompensados... depois de Fitz Roy, Perito Moreno e Glaciar Grey terminávamos um fantástico ciclo da viagem nas Torres del Paine.
14:41 Saída do Refúgio Chileno (esq.), 15:49 Chegando às torres (centro) e 16:12 Torres del Paine (dir.)
16:18 Iberic Team (esq.), 16:19 Torres del Paine (centro) e 16:33 Torres del Paine (dir.)
16:36 Torres del Paine
Felicitamo-nos, tiramos muitas, muitas fotos e despedimo-nos uma vez mais, desta vez porque o Jairo e a Mar tinham reserva no refúgio torres e como tal mais de 10km ainda de viagem.
Nós ficámos ainda mais meia hora contemplando as torres...
Depois baixamos calmamente, provavelmente com a mesma cara de felicidade que víamos nas outras pessoas, regressando ao acampamento pelas 19:00.
05/01/2014
7º Dia – Campamento Torres – Base Torres – Campamento Torres – Campamento Chileno – Hotel Torres – Laguna Amarga
Distância parcial 7º Dia: 18,7km
Cota máxima: 882,0m Base Torres
Cota mínima: 70,6m
Ponto inicial: Campamento Torres (562,0m)
Ponto final: Laguna Amarga (127,2m)
Se ver as Torres é bom, já nos tinham dito que vê-las ao nascer do Sol ainda era melhor. Como tal pedimos que nos acordassem pelas 4:00 e se tivesse bom tempo subiríamos novamente.
Acabamos por acordar por nós pois quase todo o acampamento pensou fazer o mesmo e havia alvoroço perto da nossa tenda.
Não dava para ver se havia nuvens mas como não chovia subimos de lanterna, no meio da escuridão, seguindo a linha de pontos brancos que se via avançar pelo monte acima. Poucos minutos depois já não necessitávamos lanterna.
No topo mais uma vez céu limpo. Em todo o caso subimos demasiado cedo pois os primeiros raios de Sol que coloram de laranja as torres apenas chegaram pelas 6:30 (mais de uma hora de espera ao frio). Ainda esperámos outra hora sempre fotografando, depois baixamos de volta ao acampamento para desarmar a tenda e descer até à laguna Amarga, 7 dias e quase 140km depois.
Nascer do Sol nas Torres del Paine: 05:32 (esq.), 06:03 (centro esq.), 06:26 (centro dir.) e 06:30 (dir.)
Nascer do Sol nas Torres del Paine: 06:38 (esq.) e 06:44 (dir.)
Nascer do Sol nas Torres del Paine: 06:49 (esq.) e 06:51 (dir.)
06:56 Nascer do Sol nas Torres del Paine (esq.) e 10:34 Chegando ao Hotel Torres (dir.)
Fizemos todo o caminho a pé até ao Hotel Torres e depois deram-nos boleia pelos últimos 7,5km por estrada.
Como só tínhamos autocarro pelas 14:30, tivemos que nos entreter comendo o que ainda nos restava e jogando cartas por 3 horas. Pouco antes de sair os autocarros chegavam a Mar e o Jairo, com os quais marcamos jantar em Puerto Natales para a despedida da IBERIC TEAM. Saímos em autocarros de companhias distintas...
NOTA: O percurso encontra-se bem marcado em toda a sua extensão, não apresenta dificuldade física extrema, no entanto os tramos que fizemos são longos o que implica alguma resistência e as condições climatéricas imprevisíveis o que pode alterar bastante o estado do percurso e dificultar/impedir a passada em alguns tramos. Os tramos de maior dificuldade correspondem ao acesso ao passo John Gardner, mais concretamente entre os acampamentos Dickson e Paso, antes de proceder á subida é recomendável o registo com os guardasparques e confirmação de boas condições climatéricas... aconselha-se ainda que tenham equipamento de orientação e não percorram este tramo sozinhos nem tentem fazer desvios ao percurso marcado.
Já na cidade, seguimos diretamente a casa da nossa família anfitriã os quais tinham umas salsichas do almoço que nos ofereceram com pão... por sorte já só 3 couch estavam em casa e justo um dos filhos havia saído para trabalhar pelo que tinha ficado um quarto livre... reorganizámos malas, tomámos banho (algo que não fazíamos há muito) e saímos para a despedida.
Nem foi necessário chegar ao ponto de encontro e já tínhamos encontrado os nossos amigos. Depois de muitos meses entrámos num restaurante... anos depois entrámos num restaurante fino... nem o que tínhamos poupado em Torres del Paine nos deu para pagar a comida. Mas o mais importante é que os mariscos, o peixe e o cordeiro estavam muito bons.
Com tanta conversa sobre os feitos dos dias anteriores as horas foram passando e acabámos por nos esquecer de trocar as fotografias de cada um... ainda fomos para o hostel onde estavam alojados mas a lentidão do nosso computador não ajudou e tivemos que sair pois estavam à nossa espera para nos abrir a porta e já passava das 23:30.
Não foi uma despedida mas sim um até outro dia uma vez que nos prometemos encontrar em uns dias mais em Ushuaia e aí sim, trocar fotos e fazer um jantar caseiro de despedida.
Chegámos a casa, batemos à porta... nada... mais algumas vezes... nada... tocamos campainha... nada... talvez já estivessem a dormir... por sorte não, simplesmente estavam todos entretidos a fazer outras coisas e ninguém ouvia chamar.
06/01/2014
Dia de descanso e convivência familiar... dia de cozinha.
Passámos todo o dia em casa com a família Seguel Albornoz, ajudando nas tarefas de casa, ensinando como fazer um fogão de lata (e tomando um café com água fervida com o mesmo), escrevendo um pouco para o blog mas principalmente cozinhando.
Para o jantar fizemos um húmus de ervilha e “verduras com natas” e de sobremesa tudo com massa folhada (orientação de Mónica e execução de Glória): Palmieres (Glória), cones com manjar (Enzo) e bolo de massa folhada recheado com manjar e chantilly (Mónica).
Produção Pasteleira: Gloria estirando massa (esq.), Enzo, o responsável pelo forno (centro) e Resultado final (dir.)
07/01/2014
Acordámos tarde estivemos um pouco com a família e saímos para pedir boleia até Punta Arenas.
Primeiro um camião levou-nos para fora da cidade e logo depois de sairmos deste, uma senhora com o seu filho paravam para nos levar diretos ao nosso destino. No meio da conversa viemos a descobrir que umas semanas antes tinham sido anfitriões do nosso amigo ciclista brasileiro Thiago que conhecemos em Chaltén.
Ainda não tínhamos onde ficar por isso necessitávamos de internet para confirmar se os nossos pedidos de sofá tinham sido aceites... não foi fácil e só conseguimos conectar-nos pela bondade de uma miúda na praça que partilhou a rede do seu telemóvel. Infelizmente ninguém nos tinha respondido e nem os contactos dos nossos amigos de Chaltén funcionaram.
Já escurecendo conhecemos um artesão que disse conhecer um lugar bom para acamparmos e perto da Zona Franca que queríamos visitar no dia seguinte... entrámos no seu furgão e demos uma volta à cidade... o lugar que nos falava não tinha grande aspecto nem parecia muito seguro (um descampado na zona limítrofe de uma cidade de 130mil habitantes) por isso voltou a deixar-nos na praça.
Daí saímos em busca de um hostel... não foi muito barato mas foi o que se arranjou.
08/01/2014
Dia ansiado há muito tempo, no qual iriamos comprar muito equipamento de campismo e viagem para substituir muito do nosso que está mais que desgastado. Fomos á zona franca, zona livre de impostos, supostamente com muita oferta e preços muito baixos... nada disso... depois de conhecermos a Decatlon e termos como referência os seus preços terminamos não comprando nada... o que temos terá de aguentar 2 meses mais...
Não tendo mais nada que fazer em Punta Arenas havia que fazer novamente à estrada e ainda mais para Sul, até Ushuaia, Tierra Del Fuego... fim do mundo.