04/12/2013
Depois de 2 boleias chegámos a Villa Cerro Castillo no sopé da montanha que dá o nome ao lugar. Fomos então perguntar onde morava o Sr. Cláudio das Cavalgatas. Numa mercearia indicáram-nos onde seria, com um único ponto de referência que seria uma casa de zinco... aparentemente seguimos tão mal as indicações que fomos para o lado contrário. Perguntámos novamente e referiram novamente a casa de zinco, que havia que cruzar a Ruta 7, passar uma casa amarela e que antes da casa veríamos primeiro um armazém... Cruzámos, vimos a casa amarela e a de zinco, vimos um armazém e na casa seguinte ficámos esperando os donos... mais de 2 horas. Já quase de noite encontrámos mais uma pessoa a quem perguntar que nos disse estarmos em casa da irmã e não a do Sr. Cláudio. Mobilizámo-nos novamente e depois de várias casas de zinco (na verdade são quase todas) e duas amarelas chegámos ao destino certo.
A ideia inicial do dia seria apenas deixar as mochilas e voltar um pouco atrás na Carretera Austral para começar uma travessia de 3 ou 4 dias ou pelo menos já acampar no início do percurso. Como já se fazia tarde além das mochilas, perguntámos se podíamos acampar no campo saindo no dia seguinte. Acabaram por nos deixar ficar no interior de um edifício e assim nem tivemos que desfazer as mochilas.
05/12/2013
Saímos cedo em busca de boleia até Las Horquetas, onde começa o percurso. Ao fim de algum tempo um senhor de Puerto Rio Tranquilo levou-nos, deixando também algumas indicações sobre o nosso destino seguinte.
Quase todo o percurso que fizemos neste dia é feito por estradão, no entanto houve que sacar os sapatos várias vezes para cruzar alguns rios. Ao fim de pouco mais de 13km chegámos ao guarda parques que nos fez algumas recomendações para o resto do trilho, nomeadamente que deveríamos sair cedo no dia seguinte para cruzar a zona de neve com menos vento.
11:43 Por água (esq.), 12:17 por pasto... (centro) e 15:43 por pedra (dir.)
Seguimos um pouco mais até outro acampamento 2,3km mais à frente chegando por volta das 16:00. Ainda com muitas horas de luz montámos a tenda acendemos uma fogueira e fizemos o jantar em companhia de um catalão, Ferran, com quem conversámos bastante de trilhos, trocando muitas informações por estarmos a fazer um pouco do mesmo mas em sentidos contrários.
06/12/2013
Atendendo à sugestão do guarda parques, pelas 7:30 já estávamos caminhando, começando o dia em subida constante, com trilho bem definido mas com poucas ou nenhumas marcas.
16:51 Acampamento (06/12/2013 esq.), 07:46 Glaciar e 08:47 Cascata (dir.)
Chegando à neve fomos seguindo as pegadas do Ferran que andava mais depressa e tinha saído mais cedo, uma caminhada cuja dificuldade ia aumentando de acordo com a inclinação e com o estado da neve... mas aos poucos seguíamos avançando.
Passo com neve 09:23 (esq.), 09:31 (centro) e 09:45 (dir.)
No entanto, chegando ao ponto mais alto havia que descer até ao rio mas nem marcas, mariolas ou pegadas, e um terreno muito íngreme e com rochas soltas. Aqui perdemos mais de uma hora entre encontrar um caminho e descer. Já em baixo voltámos a ver mariolas as quais fomos seguindo. Caminhámos mais um pouco até ao acampamento.... de onde seguimos `em nova subida até à base do cerro castillo, onde almoçamos. Deixando as mochilas por alguns momentos fomos até à cascata formada pelas àguas provenientes do derretimento do glaciar e tentámos ir ao topo da mesma subindo uma zona muito inclinada e resvaladiça... sem grande sucesso.
10:08 Descida íngreme (esq.), 11:39 Aparecendo entre as árvores (centro) e 12:47 Cerro Castillo (dir.)
Cerro Castillo 13:43 (esq.), 13:49 (centro) e 13:50 (dir.)
13:50 Glaciar (esq.), 14:05 travessia por pedras (centro) e 14:14 Torres e agulhas (dir.)
Cruzámos novo rio e iniciámos a subida final, primeiro não tão acentuada até uma bela lagoa glaciar e depois mais forte até ao ponto mais alto do percurso a quase 1700m de altura, sempre seguindo mariolas e marcas.
Laguna Castillo 14:28 (esq.), 14:29 (centro) e 14:32 (dir.)
14:36 Glaciar (esq.), 14:43 Laguna Castillo (centro) e 15:19 Montanha “polvo”
Alcançado o topo havia que descer muito até ao acampamento. Fomos seguindo o GPS e umas mariolas, depois umas setas mas a dificuldade era grande, acabando por demorar quase 3 horas para fazer menos de 3km.
15:56 Vista Cerro Castillo (esq.), 16:34 Desfiladeiro que nos aguardava (centro), 18:14 “O que já passou!”
Chegando ao rio havia que continuar até ao camping mas continuávamos a ver apenas algumas mariolas que nos levavam por um percurso que parecia de cannioning.
Finalmente ao final de mais de 12 horas chegámos ao acampamento onde o nosso amigo Ferran já tinha o fogo preparado. Este já tinha chegado 4 horas antes, tendo encontrado caminho certo da descida, marcado com as marcas oficiais e muito menos difícil e perigoso. Tendo-nos falado da existência de outro caminho questionámos-nos porque existiriam mariolas e setas na descida pelo vale...
07/12/2013
Fomos ao acampamento neozelandes e, saindo do trilho, seguimos mais um pouco em busca de uma lagoa congelada que tínhamos visto no dia anterior, desde o ponto mais alto, e que ficaria um pouco mais acima. Depois de algumas voltas pelo bosque desistimos e voltámos para trás, desmontando a tende e seguindo até Villa Cerro Castillo, numa longa... longa descida.
Cerro Castillo 10:27 (esq.) e 12:12 (dir.)
O nosso GPS voltou a pregar uma partida apagando tudo o que tínhamos registado nos dois dias anteriores quando lhe trocámos a bateria.
NOTAS:
- Mapa do trilho que seguimos pelo GPS, um pouco distinto ao que efetuámos. No nosso caso, não seguimos os dois desvios que aprecem no trilho... mas fizemos o desvio marcado no mapa da CONAF entre os acampamentos porteadores e neozelandês... tentámos chegar à lagoa Duff depois deste segundo acampamento mas não existe caminho marcado (necessário ir com tempo para a exploração).
- Depois do ponto mais alto este trilho segue o vale, descida difícil, no entanto viemos a descobrir que o caminho oficial segue pela cumeeira, à esquerda (sentido horquetas – villa cerro castillo), há que procurar bem as marcas.
Ao início da tarde estávamos de volta à vila. A Mónica foi à internet numa última tentativa de tentar saber algo do bastão, sem sucesso, e o Nuno foi buscas as mochilas. Ao entrar no terreno estavam dois homens descascando batatas, um olha para ele e... ataque de epiléptico com uma grande faca na mão... que susto.
Já com as mochilas voltámos à Ruta 7 esperando boleia até Puerto Rio Tranquilo. Quase não passavam carros mas mais uma vez foi fácil, chegando antes do anoitecer.