A Carretera de la Muerte (Estrada da Morte) ou Los Yungas foi uma estrada muito importante para a indústria da exploração mineira de ouro, sendo por muito tempo a única via de acesso entre Coroiro, onde estavam as minas, e La Paz. Apresenta um desnível de 3,5km em apenas 57 km de longitude, e desenvolve-se ao longo de uma parede quase vertical, com precipícios de mais de 1km. É muito sinuosa, bastante estreita, as derrocadas são muito usuais, há cascatas cuja água cai direta na via mas, sempre foi utilizada nos dois sentidos e cruzada por veículos pesados e como tal foram muitos os acidentes e mortes verificados ao longo dos anos… daí surgiu o seu nome. Desde que foi inaugurado um novo acesso já no início deste século, mais seguro, esta via passou a estar apenas aberta ao turismo para descidas em bicicleta e tendo como únicos veículos os carros de apoio aos ciclistas. Em todo o caso não deixaram de continuar a existir mortes. Calhou ser o 13º dia de viagem o dia escolhido para tentar sobreviver a este percurso.
Dia 13 _-_16/06/2011
Às 7:00 entrámos na agência Xtreme com quem tínhamos reservado o tour, agência esta recomendada por ter bom equipamento. Chegando todos os turistas partimos em carrinhas de nove lugares até ao ponto de início da descida em La Cumbre, a 4700m de altitude. Foi tempo de tomar o pequeno almoço, vestir os fatos e acessórios de segurança, introdução às bicicletas e regras de descida, sempre pela esquerda, ultrapassagens pela direita, fazer sinais para os companheiros de trás.
Reunião a 4700m de altitude (esq.), os três desafiadores da morte (centro) e última foto de grupo antes da descida (dir.)
E começou a descida… os primeiros quilómetros por asfalto até que se chegou ao posto de controlo onde pagámos a entrada.
Voltámos à combi por uns quilómetros por ser um tramo em subida e pelo mesmo estar em obras.
Já na dita estrada começou a aventura: o Pedro mais experiente à frente, seguindo-se o aventureiro António, a cuidadosa Mónica e o fotografo Nuno que continuava como passageiro do carro de apoio.
A estrada era bastante larga para uma bicicleta, não se podendo dizer o mesmo para carros, a inclinação fazia ganhar velocidade mas a ravina do lado esquerdo impunha respeito e o apertar do travão, operação dificultada pela vibração gerada pelas pedras. No caso da Mónica o capacete, por ser muito grande, também abanava, de tal forma que se escorregava para a frente dos olhos.
Pelo caminho haviam cruzes em quase todas as curvas, algumas com muitas, em honra a todos os que morreram na estrada, a última uma japonesa menos de um mês antes.
Uma pequena paragem para lanche, mais uns quilómetros de estrada, outras paragens para fotos e hidratação e regresso ao asfalto, já na cota 1200, onde terminou a aventura em Yolosa.
Lagarta (esq. e centro) e Mosca (dir.)
Voltámos ao veículo até a um hotel onde houve banho de piscina e almoço, buffet com comida tudo menos tradicional e caseira como tínhamos pedido.
Já no regresso passámos por Yolosita onde poderíamos ter seguido diretamente para Rurrenabaque na selva, nosso próximo destino. No entanto, como tudo é sempre imprevisível na Bolívia, não viemos preparados para isso pois não era garantido que terminássemos a descida antes da passagem do único autocarro diário… por acaso teríamos conseguido, no entanto tivemos de voltar a La Paz, onde jantámos e preparámos tudo para uma viagem à selva.
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