Antes de mais, um pouco de história...
O território onde nasceu Zipaquirá já foi o fundo do oceano, no entanto, com o aquecimento global e o movimento tectónico, a água foi-se evaporando até se formar um “lago de sal”. Durante o processo de geração dos Andes, deu-se a elevação de camadas rochosas de ambos os lados do lago, até que estas cobriram o mesmo. Assim, formou-se um núcleo de sal com aproximadamente 1km2 em planta, 500 metros de profundidade, a uma altitude de 2650 sobre o nível do mar.
O início da exploração do sal remonta ao século V, tempo da cultura Muisca, em que partiam a pedra para obter o sal (primeiro superficialmente e depois através de minas subterrâneas), depois adicionado a água para o limpar... utilizando-o essencialmente para fabrico do pão.
Em 1801 com a necessidade de melhorar o processo de produção de sal, realizou-se o primeiro sistema de túneis, pelo método de câmaras e pilares, com dimensões de 10x10m em planta e 18m de altura, utilizando como recurso picaretas para recolha do sal e posterior passagem por sistemas de caldeirões metálicos para o seu tratamento. Este sistema encontra-se a 2732m de altitude, designado de primeiro nível ou nível Guasa (água salgada).
Em 1880, iniciou-se a exploração do segundo nível, denominado Potosí, á cota 2710m, através de um novo método de exploração de câmaras compridas (dimensões: 10m de largura, 100m a 200m de comprimento e 16m de altura), com avanço através de explosivos controlados.
Em 1932, Luis Ángel Arango teve a ideia de construir uma capela subterrânea levado pela devoção que os operários demonstravam antes de iniciar a sua jornada de trabalho.
A 7 de Outubro de 1950 começou a construção da primeira catedral, nas antigas galerias cavadas pelos muiscas dois séculos antes (no segundo nível), tendo sido inaugurada a 15 de Agosto de 1954. Esta era composta por três grandes naves, dominadas por uma grande cruz iluminada, tinha um comprimento de 120 m, uma superfície habitável de 5.500 m² e uma altura de 22 m . No seu interior podia albergar 8.000 pessoas.
Em 1978, começou a exploração do terceiro nível, a Fabricalta, a 2674m de altitude, com um modo de exploração semelhante ao anterior, mas com incorporação de pilares a todo o comprimento de cerca de 10 de largura.
Com o passar dos anos a antiga catedral tornou-se insegura, tendo sido encerrada por em 1990. Posteriormente foi aberto concurso de Arquitetura para a construção de uma nova, tendo ganho o projeto do arquiteto Roswell Garavito Pearl.
A partir de 1991 iniciou-se o método de exploração de dissolução in situ, técnica aplicada em jazidas de minério permeáveis e profundas, como é o caso do quarto nível designado de subsavana, e consiste na injeção de água por gravidade ou pressão que dissolve o sal transportando-o para fora da mina, deixando as impurezas no lugar, por outro lado a pressão no interior do espaço era mais constante. Nas fases anteriores a rocha retirada da mina era transportada para o exterior por camiões até uns tanques (transformados no museu) onde eram “lavadas” com água posteriormente transportada por tubagens para zonas de tratamento e obtenção do sal, sendo os resíduos retirados com recurso a pás escavadoras.
Em 1995, foi inaugurada a nova Catedral (com inicio de construção em 1991) dividindo-se em três secções principais, mantendo muitas das características da sua predecessora, 60 metros acima:
- A Via Sacra, ao longo do túnel de entrada,onde se encontram pequenos altares talhados em rocha de sal, que posteriormente conduz para a Cúpula;
- A Cúpula, que nos leva a uma rampa de descida e varandas sobre as diferentes câmaras;
- As câmaras da Catedral, situadas já no terceiro nível, sendo que na nave central se pode observar uma cruz de 16 m e no outro extremo uma obra talhada em mármore do escultor Carlos Enrique Rodríguez Arango, designada de "A Criação do Homem", em homenagem a Miguel Angelo.
2012/05/21
Para chegar a Zipaquirá tivemos primeiro de apanhar em Bogotá a eficiente e bem organizada rede de autocarros Transmilénio (que funciona como um metro de superfície) até ao Portal del Norte, no extremo da cidade e depois um autocarro de uma hora.
A caminho do Parque de la Sal passámos pela praça principal da Cidade e entrámos na catedral.
Catedral de Zipaquirá: 10:12 Exterior (esq.) e 10:09 Interior (centro e dir.)
Por volta das 10:00 chegámos ao Parque onde escolhemos a modalidade de bilhete A5, que inclui: entrada e visita à Catedral de Sal; visionamento de vídeo em 3D sobre a história da mina e construção da Catedral; percurso Ruta del Minero; e entrada no Museu da Salmoura (apenas não escolhemos o comboio turístico e a parede de escalada).
15:18 Parede de escalada e Plaza del Minero - Acesso à Catedral de sal (esq.) e 15:15 Túnel de entrada na Catedral (dir.)
Começámos por visitar a Catedral numa visita guiada, mas cedo nos separámos pois o grupo era tão grande que não conseguíamos tirar fotos sem gente à frente, ou sequer ouvir parte das explicações. Decidimos assim ir ao nosso ritmo, apanhando algumas informações de outros grupos guiados que passavam por nós de 5 em 5 minutos (nem queremos imaginar qual é a afluência de pessoas ao Domingo).
A entrada é feita por um túnel de onde a água escorre pelas paredes formando-se cristais de sal. Até à nave principal caminhamos algumas centenas de metros por túneis seguindo a via sacra, com todas as figuras de cristo representadas por cruzes, sendo que estas, com o passar das cenas se encontram cada vez mais enterradas, representando o sofrimento de Cristo até à sua crucificação e morte. As galerias são enormes e a iluminação perfeita.
A Catedral que visitámos é uma obra recente começada 1991 e terminada em 1995, tendo sido o ponto turístico mais votado na escolha das 7 Maravilhas da Colômbia. A base do seu desenvolvimento arquitectónico/geométrico tem muito a ver com a forma como foi feita a exploração mineira de sal, com o aproveitamento e alargamento dos túneis existentes para a sua construção...
11:45 Vista superior sobre a nave principal (esq.), 11:59 Nave secundária: Capela Nossa Senhora do Rosário com imagem proveniente da anterior catedral (centro esq.), 12:21 Sacristia: Mónica e o bastão (centro dir.) e 12:22 Cúpula da Sacristia (dir.)
Nave Secundária - Baptistério: 11:53 Vista superior sobre a nave (esq.), 12:14 Presépio (centro) e 12:16 Altar La Cascada (dir.)
Nave principal: 12:25 Cruz do Altar Mor (esq.), 12:32 Altar Mor (centro) e 12:43 Réplica d”A Criação do Homem” de Miguel Angelo (dir.)
Depois de 3 horas saímos finalmente da catedral, entrando num túnel comercial a 180 metros de profundidade. Aqui entrámos num grande auditório para assistir a um filme 3D onde nos foi explicada a história da mina e catedral. Daqui seguimos para um espetáculo de luzes (nada de especial) e para o espelho de água, antes de almoçarmos e ingressarmos na Ruta del Minero. Esta consta apenas de um percurso de 200 ou 300 metros, muito deste feito em total escuridão, sendo o principal atrativo o facto de podermos nós próprios pegar na picareta e extrair o nosso próprio pedaço de sal e a simulação de uma detonagem.
13:47 Escultura esculpida na parede da mina (esq.), 13:54 Espelho de água (centro) e 14:44 Demonstração da colocação de explosivos (dir.)
Saímos do interior da terra e visitámos o museu da salmoura, nas instalações onde se tratava a rocha retirada da mina, de modo a se obter o sal...
Por fim fomos ao miradouro sobre a cidade de Zipaquirá e voltámos ao centro para regressar a Bogotá.
15:20 Museu da Salmoura (esq.) e 15:53 Miradouro sobre Zipaquirá (dir.)
Na capital, jantámos nos vendedores ambulantes: 3 hamburgers, uma maçaroca de milho e um saco de churros... tudo por pouco mais de 4€ seguindo para o hostel para levantar as mochilas e depois terminal, de onde partiríamos pela noite para Neiva, em direção ao deserto de Tatacoa.
2 comentários:
Parece ser de facto mt gira esta aventura subterrânea, e especialmente bem explorada com aqueles jogos de luzes... :)
É impressão minha, ou a Colombia tem mesmo mt coisa para ver e está a supreender? Para quando seguem para o Equador? Já sabem se vão às Galapagos? :D
Rui
Olá jovem,
Sim muito que ver!!! Lugares muito interessantes, vais gostar de cá vir de certeza.
Já estamos no Equador, vamos trabalhar na construção de uma casa sustentavel entre 3 a 4 semanas e depois Galápagos, embora ainda não tenhamos data certa.
jinho e abraço
Mónica e Nuno
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