terça-feira, 29 de maio de 2012

América do Sul - Take 5/13 - Colômbia - Parte VIII - Zipaquirá

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Antes de mais, um pouco de história...

O território onde nasceu Zipaquirá já foi o fundo do oceano, no entanto, com o aquecimento global e o movimento tectónico, a água foi-se evaporando até se formar um “lago de sal”. Durante o processo de geração dos Andes, deu-se a elevação de camadas rochosas de ambos os lados do lago, até que estas cobriram o mesmo. Assim, formou-se um núcleo de sal com aproximadamente 1km2 em planta, 500 metros de profundidade, a uma altitude de 2650 sobre o nível do mar.

O início da exploração do sal remonta ao século V, tempo da cultura Muisca, em que partiam a pedra para obter o sal (primeiro superficialmente e depois através de minas subterrâneas), depois adicionado a água para o limpar... utilizando-o essencialmente para fabrico do pão.

Em 1801 com a necessidade de melhorar o processo de produção de sal, realizou-se o primeiro sistema de túneis, pelo método de câmaras e pilares, com dimensões de 10x10m em planta e 18m de altura, utilizando como recurso picaretas para recolha do sal e posterior passagem por sistemas de caldeirões metálicos para o seu tratamento. Este sistema encontra-se a 2732m de altitude, designado de primeiro nível ou nível Guasa (água salgada).

Em 1880, iniciou-se a exploração do segundo nível, denominado Potosí, á cota 2710m, através de um novo método de exploração de câmaras compridas (dimensões: 10m de largura, 100m a 200m de comprimento e 16m de altura), com avanço através de explosivos controlados.

Em 1932, Luis Ángel Arango teve a ideia de construir uma capela subterrânea levado pela devoção que os operários demonstravam antes de iniciar a sua jornada de trabalho.

A 7 de Outubro de 1950 começou a construção da primeira catedral, nas antigas galerias cavadas pelos muiscas dois séculos antes (no segundo nível), tendo sido inaugurada a 15 de Agosto de 1954. Esta era composta por três grandes naves, dominadas por uma grande cruz iluminada, tinha um comprimento de 120 m, uma superfície habitável de 5.500 m² e uma altura de 22 m . No seu interior podia albergar 8.000 pessoas.

Em 1978, começou a exploração do terceiro nível, a Fabricalta, a 2674m de altitude, com um modo de exploração semelhante ao anterior, mas com incorporação de pilares a todo o comprimento de cerca de 10 de largura.

Com o passar dos anos a antiga catedral tornou-se insegura, tendo sido encerrada por em 1990. Posteriormente foi aberto concurso de Arquitetura para a construção de uma nova, tendo ganho o projeto do arquiteto Roswell Garavito Pearl.

A partir de 1991 iniciou-se o método de exploração de dissolução in situ, técnica aplicada em jazidas de minério permeáveis e profundas, como é o caso do quarto nível designado de subsavana, e consiste na injeção de água por gravidade ou pressão que dissolve o sal transportando-o para fora da mina, deixando as impurezas no lugar, por outro lado a pressão no interior do espaço era mais constante. Nas fases anteriores a rocha retirada da mina era transportada para o exterior por camiões até uns tanques (transformados no museu) onde eram “lavadas” com água posteriormente transportada por tubagens para zonas de tratamento e obtenção do sal, sendo os resíduos retirados com recurso a pás escavadoras.

Em 1995, foi inaugurada a nova Catedral (com inicio de construção em 1991) dividindo-se em três secções principais, mantendo muitas das características da sua predecessora, 60 metros acima:

  • A Via Sacra, ao longo do túnel de entrada,onde se encontram pequenos altares talhados em rocha de sal, que posteriormente conduz para a Cúpula;
  • A Cúpula, que nos leva a uma rampa de descida e varandas sobre as diferentes câmaras;
  • As câmaras da Catedral, situadas já no terceiro nível, sendo que na nave central se pode observar uma cruz de 16 m e no outro extremo uma obra talhada em mármore do escultor Carlos Enrique Rodríguez Arango, designada de "A Criação do Homem", em homenagem a Miguel Angelo.

2012/05/21

Para chegar a Zipaquirá tivemos primeiro de apanhar em Bogotá a eficiente e bem organizada rede de autocarros Transmilénio (que funciona como um metro de superfície) até ao Portal del Norte, no extremo da cidade e depois um autocarro de uma hora.

A caminho do Parque de la Sal passámos pela praça principal da Cidade e entrámos na catedral.

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Catedral de Zipaquirá: 10:12 Exterior (esq.) e 10:09 Interior (centro e dir.)

Por volta das 10:00 chegámos ao Parque onde escolhemos a modalidade de bilhete A5, que inclui: entrada e visita à Catedral de Sal; visionamento de vídeo em 3D sobre a história da mina e construção da Catedral; percurso Ruta del Minero; e entrada no Museu da Salmoura (apenas não escolhemos o comboio turístico e a parede de escalada). 

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15:18 Parede de escalada e Plaza del Minero - Acesso à Catedral de sal  (esq.) e 15:15 Túnel de entrada na Catedral (dir.)

Começámos por visitar a Catedral numa visita guiada, mas cedo nos separámos pois o grupo era tão grande que não conseguíamos tirar fotos sem gente à frente, ou sequer ouvir parte das explicações. Decidimos assim ir ao nosso ritmo, apanhando algumas informações de outros grupos guiados que passavam por nós de 5 em 5 minutos (nem queremos imaginar qual é a afluência de pessoas ao Domingo).

A entrada é feita por um túnel de onde a água escorre pelas paredes formando-se cristais de sal. Até à nave principal caminhamos algumas centenas de metros por túneis seguindo a via sacra, com todas as figuras de cristo representadas por cruzes, sendo que estas, com o passar das cenas se encontram cada vez mais enterradas, representando o sofrimento de Cristo até à sua crucificação e morte. As galerias são enormes e a iluminação perfeita.

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Via Sacra

A Catedral que visitámos é uma obra recente começada 1991 e terminada em 1995, tendo sido o ponto turístico mais votado na escolha das 7 Maravilhas da Colômbia. A base do seu desenvolvimento arquitectónico/geométrico tem muito a ver com a forma como foi feita a exploração mineira de sal, com o aproveitamento e alargamento dos túneis existentes para a sua construção...

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11:45 Vista superior sobre a nave principal (esq.), 11:59 Nave secundária: Capela Nossa Senhora do Rosário com imagem proveniente da anterior catedral (centro esq.), 12:21 Sacristia: Mónica e o bastão (centro dir.) e 12:22 Cúpula da Sacristia (dir.)

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Nave Secundária - Baptistério: 11:53 Vista superior sobre a nave (esq.), 12:14 Presépio (centro) e 12:16 Altar La Cascada (dir.)

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Nave principal: 12:25 Cruz do Altar Mor (esq.), 12:32 Altar Mor (centro) e 12:43 Réplica d”A Criação do Homem” de Miguel Angelo (dir.)

Depois de 3 horas saímos finalmente da catedral, entrando num túnel comercial a 180 metros de profundidade. Aqui entrámos num grande auditório para assistir a um filme 3D onde nos foi explicada a história da mina e catedral. Daqui seguimos para um espetáculo de luzes (nada de especial) e para o espelho de água, antes de almoçarmos e ingressarmos na Ruta del Minero. Esta consta apenas de um percurso de 200 ou 300 metros, muito deste feito em total escuridão, sendo o principal atrativo o facto de podermos nós próprios pegar na picareta e extrair o nosso próprio pedaço de sal e a simulação de uma detonagem.
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13:47 Escultura esculpida na parede da mina (esq.), 13:54 Espelho de água (centro) e 14:44 Demonstração da colocação de explosivos (dir.)
Saímos do interior da terra e visitámos o museu da salmoura, nas instalações onde se tratava a rocha retirada da mina, de modo a se obter o sal...
Por fim fomos ao miradouro sobre a cidade de Zipaquirá e voltámos ao centro para regressar a Bogotá.

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15:20 Museu da Salmoura (esq.) e 15:53 Miradouro sobre Zipaquirá (dir.)

Na capital, jantámos nos vendedores ambulantes: 3 hamburgers, uma maçaroca de milho e um saco de churros... tudo por pouco mais de 4€ seguindo para o hostel para levantar as mochilas e depois terminal, de onde partiríamos pela noite para Neiva, em direção ao deserto de Tatacoa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parece ser de facto mt gira esta aventura subterrânea, e especialmente bem explorada com aqueles jogos de luzes... :)

É impressão minha, ou a Colombia tem mesmo mt coisa para ver e está a supreender? Para quando seguem para o Equador? Já sabem se vão às Galapagos? :D

Rui

Mónica Mota disse...

Olá jovem,

Sim muito que ver!!! Lugares muito interessantes, vais gostar de cá vir de certeza.

Já estamos no Equador, vamos trabalhar na construção de uma casa sustentavel entre 3 a 4 semanas e depois Galápagos, embora ainda não tenhamos data certa.

jinho e abraço

Mónica e Nuno