quinta-feira, 24 de maio de 2012

América do Sul - Take 5/13 - Colômbia - Parte VI - Salento e Valle Cocora

800px-Flag_of_Colombia.svg_thumb2_th[2]

2012/05/15

Acordámos bem cedo, despedimo-nos do Alvaro e seguimos em direção ao Valle do Cocora, o que implicava pelo menos um bus de 7 horas até Armenia, outro de 1 hora até Salento e por fim um jipe de 35 minutos, sendo que o último parte pelas 16:00.

Em Armenia estivemos apenas o tempo necessário para mudar de bus... no entanto, uma vez que o primeiro autocarro saiu mais tarde e a viagem foi mais longa do que o esperado não conseguimos alcançar Salento antes das 16:00, pelo que foi necessário aí pernoitar.

Enquanto a Mónica aguardava na praça com as malas o Nuno foi investigar os hostels e parque de campismo da zona tendo a razão preço/qualidade ditado o hostel Angel como vencedor...

Depois de pousarmos as trouxas e acedido á net via WiFi, fomos dar um pequeno passeio para conhecer a vila, passamos na igreja, depois seguimos pela rua mais turística da zona, onde podemos encontrar diversos tipos de artesanato, restaurantes, cafés e no nosso caso ainda o Rob que tinha caminhado connosco no Salto Angel, na Venezuela, outra rapariga com quem passamos alguns dias no tour da Cidade Perdida e um alemão por quem tínhamos passado no último dia do mesmo tour. Estes surpreenderam-nos com a notícia de um atentado bombista responsabilidade das FARC que teria ocorrido em Bogotá, nosso próximo destino, que terá vitimado 2 pessoas. Subimos as escadas em direção ao miradouro onde podíamos apreciar uma panorâmica sobre toda a vila de Salento.

IMG_4917IMG_4922IMG_4930
17:19 Quarto no Hostel Angel (esq.), 17:25 Igreja de Salento (centro) e 17:31 Rua mais turística de Salento (dir.)

Tivemos tempo ainda para comprar alguns legumes para os dias seguintes e jantar num tasquinho com comida da zona, os pratos escolhidos foram: o menu do dia composto por uma taça de feijões e um prato com arroz, banana frita, carne grelhada e salada, acompanhados de um sumo natural de goiaba; e patacon com carne, basicamente uma base composta por banana frita com carne picada por cima.

IMG_4958IMG_4960IMG_4963
19:17 Fantástico escaravelho no restaurante (esq.), 19:20 Prato do dia (centro) e 19:24 Patacon con Carne (dir.)

Depois, horas de ir para o hostel aproveitar a net para atualizar a escrita e tentar avisar que não estávamos perto do local do atentado antes que as notícias chegassem via telejornal (a Colômbia deve ter tão má reputação em Portugal que, mesmo sendo uma má notícia, normalmente alvo de capas de jornais, não teve aí grande cobertura: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=554118&tm=7&layout=122&visual=61), preparar as malas para os dias seguintes e descansar.

2012/05/16

Levantámo-nos cedo para ir comprar pão e estar na praça junto aos jipes antes das 7h30, hora em que saem os primeiros. Pelo meio tivemos algumas dificuldades em convencer a recepcionista do hostel em deixarmos lá as mochilas grandes até que voltássemos do vale...

Seguimos até ao Valle Cocora (3000 COP) numa pequena viagem de cerca de 30 minutos. Chegados lá comprámos o mapa possível do local (1000COP), bastante fraco mas, único meio de orientação no local pois continuamos sem conseguir carregar as pilhas do GPS.

Partimos por conta própria na companhia do alemão seguindo as indicações de um guia do parque. A paisagem é dominada por pastagens e plantações de café (do aclamado melhor café do mundo) pertencentes a quintas com impressionantes palmeiras que podem atingir os 60 metros, chamadas Palma de Cera, árvore nacional da Colômbia.

IMG_4968IMG_4970IMG_4978
08:00 Transporte de Salento ao Valle Cocora (esq.), 08:11 Panorâmica Valle Cocora (centro) e 08:32 Palma de Cera (dir.)

Depois de muito subirmos não tínhamos muita certeza de onde estávamos, mas por sorte passou um local a cavalo que nos esclareceu e deu indicações até ao primeiro ponto de paragem, denominado La Montana. Basicamente uma casa de montanha com muitas flores na sua envolvente, que por sua vez servem de banquete para muitos, mesmo muitos, colibris de várias diferentes espécies. Aqui estivemos pelo menos meia hora apreciando os minúsculos pássaros que passavam mesmo ao nosso lado.

Daqui descemos em direção a Acaime, uma quinta onde planeávamos passar a noite, separando-nos do alemão que iria continuar a caminhar para depois volver no próprio dia a Salento. A entrada na quinta é paga mas, por menos de euro e meio, temos direito a um chocolate quente ou um café ou uma água panela com queijo. A escolha da Mónica foi o primeiro e a do Nuno a última. Como estava na hora disso, aproveitámos o queijo para juntar aos pães, carne restante do jantar do Nuno e tomates e almoçámos no local. Se em La Montana havia colibris aqui eram às dezenas mas principalmente por existirem vários bebedouros com água e açúcar que estes muito apreciam.

A literatura sobre o local refere existirem pelo menos 7 espécies residentes de colibris, das quais tivemos oportunidade de observar pelo menos 5 (que conseguíssemos distinguir).

IMG_5010IMG_5016IMG_5013
Colibris: 10:15 (esq.), 10:17 (centro) e 10:21 (dir.)...
IMG_5067IMG_5082IMG_5110
e mais Colibris: 11:45 (esq.), 11:48 (centro) e 12:52 (dir.)...

IMG_5148
e ainda mais um Colibri: 13:07

Nesta quinta estavam alguns moradores da quinta seguinte (Estrella del Agua) que, não muito discretamente, tentaram convencer-nos a caminhar mais um pouco, de modo a pernoitar nesta em detrimento de Acaime. O facto de ser mais barato, ser possível a utilização da cozinha, a proximidade a locais que queríamos visitar no dia seguinte e a simpatia das pessoas foram argumentos suficientes para mudarmos os nossos planos e fazer-nos ao trilho novamente, para mais duas horas de caminhada, quase sempre a subir, ultrapassando a barreira dos 3000 metros de altitude.

IMG_5057IMG_5121IMG_5150
11:33 Borboleta (esq.), 13:00 Mielero (centro) e 13:33 Pavo (peru) Selvagem (dir.)

O acampamento, se se pode dar esse nome, não tinha grande aspecto ou condições, nem colibris, mas o que nos foi prometido verificou-se e apenas necessitávamos de algo onde pudéssemos estender as nossas hamacas.

IMG_5154IMG_5179IMG_5231
14:20 A caminho de Estrella del Agua (esq.) e Galinha e Galo em Estrella del Agua 15:41 (centro) e 2012-05-17 15:28 (dir.) respectivamente

IMG_5188IMG_5191IMG_5238
Estrella del Agua: 17:45 Cozinha (esq.) e Armazém/Barraco/Dormitório: 18:47  (centro) e 2012-05-17 15:38  (dir.)

Para o jantar fizemos massa com atum, acompanhado de uma  salada de tomate, queijo (comprado em Acaime) e oregãos.

2012/05/17

A noite não foi muito bem passada principalmente pelo facto de dormirmos num barraco sem porta a 3120 metros de altitude, com vento no exterior e nas proximidades de montanhas nevadas. Ainda não refeita de uma constipação e com o acréscimo do efeito da altitude, a Mónica não se sentia muito bem mas, não foi o suficiente para alterarmos os nossos planos... Saímos pelas 7:45 para o que prevíamos (apenas uma estimativa a olho tendo em conta o nosso mapa) ser uma caminhada com mais de 20 km e onde atingiríamos os 3800 metros de cota, com possibilidades de alterações consoante o nosso desempenho.

A nossa anfitrã deu-nos as primeiras indicações e depois seria apenas seguir as placas indicativas. Foi assim nos primeiros 2,9km mas depois o nevoeiro e a fraca qualidade das indicações, juntando ao nosso estonteante ritmo de 1,5 km/hora (dadas as condições físicas da Mónica), fizeram com que tivéssemos de alterar os nossos planos e voltar para trás, após passarmos o ponto mais alto (Cerro La Virgen) e chegarmos à Laguna La Virgen (um charco com 20m de diâmetro),  não fazendo mais do que 10 km no total. No entanto, pelas distâncias que nos eram apresentadas nos placards, o percurso que prevíamos ter 20km, deverá ter pelo menos 28km.

IMG_5203IMG_5215
10:27 Escaravelho (esq.) e 11:12 Vegetação rasteira (dir.)
IMG_5216IMG_5220IMG_5223
11:13 Laguna La Virgen (esq.), 12:15 Valle Cocora (centro) e 12:18 Ponto mais alto do percurso (dir.)

Para o jantar mantivemos o atum e a salada na ementa, substituindo a massa por arroz de cenoura e antes de dormir (tentar dormir, no caso da mónica) observámos os relâmpagos no horizonte.

2012/05/18

Depois de mais uma noite de muito frio levantámo-nos pelas 5:30 pois tínhamos um longo dia pela frente até chegarmos à capital, Bogotá: 9,1km a pé, com tudo às costas, até à entrada do Vale, 30 minutos de jipe até Salento, 1 hora de bus até Arménia e mais 8 horas de bus até Bogotá.

O caminho de regresso foi feito por percurso diferente da ida, agora junto ao rio Quindio, com a passagem de algumas pontes suspensas de madeira. Pelo caminho observámos ainda algumas tumbas.

IMG_5387IMG_5403IMG_5404IMG_5408
08:06 Ponte suspensa (esq.), 08:31 Valle Cocora (centro esq.), 08:33 Mónica e o famoso pau... a pedido de alguns (centro dir.) e 08:45 Açores??? ou Colombia??? (dir.)

Ponte suspensa no Valle Cocora

Estivemos por esta zona 3 dias mas bem que poderíamos ter estado mais de uma semana... há muito trilho para percorrer e estamos muito perto de montanhas nevadas que podem ser visitadas... por curiosidade esta zona é apelidada de Alpes Colombianos mas em muitas coisas nos fez lembrar os Açores.

Sem comentários: