2012/06/31
Saímos de Popayan de autocarro para uma viagem de 8 horas até Ipiales. Pelo meio uma paragem em Pasto e uma troca de autocarro... em má hora veio essa troca... a suposta restante viagem de 2 horas atrasou bastante pois a meio ficámos sem gasolina... apesar de tudo tivemos sorte pois estávamos a menos de 500m de um posto de abastecimento. Em todo o caso estava nos nossos planos chegar a Ipiales pelas 14:00, dando tempo para um pequeno desvio à Basílica de Nossa Senhora de Las Lajas, a 7 quilómetros da cidade, voltando a Ipiales, atravessando a fronteira para o lado Equatoriano e novo autocarro de 5 horas para a capital Quito. Chegámos apenas às 15:45 mas arriscámos seguir com o planeado e por sorte o horário de fecho ao público do templo tinha-se alterado das 17:00 para as 18:00.
À semelhança de Fátima, o Santuário foi construído, nas margens do rio Guaítara, no local de um suposto milagre. Reza a história atualmente tida como a verdadeira, contada pelo monsenhor Justino Mejia y Mejia, capelão do Santuário entre 1944 e 1977, que por volta de 1754 uma imagem da Virgem do Rosário terá sido descoberta por uma indígena chamada María Mueses e sua pequena filha, Rosa, quando estas se dirigiam de Ipiales a sua casa em Potosí. No meio de uma tempestade e num troço bastante perigoso do percurso, procuraram refúgio num dos ocos naturais dos muros verticais do desfiladeiro, compostos por enormes rochas planas e lisas (lajas). Para surpresa da mãe a criança, supostamente surda muda chamou a sua atenção dizendo "Mamita, la mestiza me llama..." e apontando uma pintura iluminada de forma sugestiva pelos relâmpagos.
Depois de comprovada a veracidade dos factos pelos locais e autoridades assim como milagre pelas autoridades eclesiasticas a 15 de Setembro de 1754, o lugar passou a ser uma referência no meio religioso da Colômbia e Equador procedendo-se à construção de um santuário que apresenta cinco épocas bem definidas:
- Numa primeira fase construiu-se um pequeno adoratório de madeira e palha em torno da laje com a imagem.
- Procedeu-se à construção de uma capela de tijolo e cal com acabamento em cúpula, iniciada a 21 de Abril de 1769 e inaugurada no mesmo dia de 1803.
- A terceira fase correspondeu ao aumento da capela, iniciado em 1859, pois a anterior não conseguia albergar todos os peregrinos que ali chegavam. Para tal foi necessário construir uma enorme estrutura de suporte, desde o nível do rio até ao da capela.
- A quarta corresponde à construção da praça e ponte, aproveitando a estrutura de suporte da fase anterior.
- A edificação atual do santuário foi iniciada no primeiro dia do ano de 1916 terminando em Agosto de 1949. A altura da construção, desde a sua base até ao topo da torre é de 100 metros, dos quais 50 pertencem à ponte sobre o rio Guaítara. Os muros envolventes ao santuário encontram-se repletos de placas com agradecimentos por favores recebidos assim como de objetos ortopédicos como testemunho de curas.
Em 1952 o Vaticano decretou a canonização da Nuestra Señora de las Lajas, o santuário ganhou o título de basílica menor desde 1954. Trinta anos depois foi declarado como monumento parte do património cultural do país, passando em 2006 a bem de interesse cultural de carácter nacional.
Nos pisos inferiores à igreja, visitámos um museu com a história e evolução do santuário mas também com algum teor arqueológico e relacionado com a vivência e crenças indígenas.
Fotos de todos os ângulos do santuário...
Voltámos ao terminal de Ipiales de onde saímos logo para Rumichaca, fronteira com o Equador, tratando de todos os procedimentos legais em ambos os lados e apanhando o táxi para o terminal de Tulcán. Jantámos e apanhámos um autocarro para a capital Quito, onde chegámos 5 horas depois...
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