domingo, 8 de dezembro de 2013

AS – 9/13 – Argentina VIII – Bolson e Parque Nacional Los Alerces

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Chegando a Bariloche pela noite ficámos no terminal que, de acordo com as pessoas a quem perguntámos não fecharia... afinal fecha e por volta da meia noite os seguranças nos informaram disso mas por boa vontade nos deixaram ficar em zona neutra: nem dentro da gare de passageiros, nem no exterior, mas sim numa antecâmera por sorte com aquecimento.

Pela manhã saímos cedo cruzando toda a cidade em direção à saída pela Ruta40 que passa por El Bolson na esperança de uma boleia... procurámos o local ideal, mudámos de posição várias vezes e ao final de mais de 2 horas de espera apanhámos o autocarro até ao nosso destino.

Enquanto procurava alguma informação eis que a Mónica se cruza com um casal que no dia anterior tínhamos visto em Entre Lagos pedindo boleia. Estes, com mais paciência, ou talvez sorte, tinham conseguido fazer todo o trajeto à boleia. Ele Chileno, ela adivinhem... PORTUGUESA e do Porto, não estamos sós... Acabámos por ficar bastante tempo à conversa mas como tínhamos planos distintos eles seguiram viagem.

Aqui passámos quase uma semana, dando para rever bastantes amigos conhecidos aquando do Bioconstruyendo em Fevereiro, para dar uma pequena ajuda nos seus projetos e para conhecer outros.

Antes de sair de El Bolson, aconselharam-nos a verificar informações sobre o Parque Nacional Los Alerces pois haviam rumores que não se poder entrar ou acampar aí pela quantidade exagerada de ratos. Assim fizemos, confirmava-se a informação de existirem muitos roedores mas os campings e o parque estariam abertos.

 

23/11/2013 Bolson-PN Los Alerces

esperamos 10 min até alguém nos levar até El Hoyo, daqui mais de 2 horas para que nos levassem de camião a um cruzamento no meio da montanha, mais 10 minutos e parou uma família simpática no seu carro mais que velho que ainda tivemos de empurrar para que nos levasse até Cholila, de onde meia hora bastou para entrar em novo carro com destino a Villa Rivadavia, a apenas 11km do parque, com dois professores locais. Estes ainda nos mostraram onde poderíamos acampar grátis caso não conseguíssemos transporte até ao parque. Voltaram a referir o problema do parque com os ratos e que deveríamos perguntar ao motorista do mini bus onde poderíamos acampar. Perguntamos mas dada a resposta pouco esclarecedora nem entrámos no transporte. Tentámos saber mais alguma informação mas apenas nos falavam que não se podia acampar por causa dos ratos.

Decidimos esperar por boleia até as 20 e justamente quando já pensávamos ir para o camping livre pára uma carrinha que nos leva ao parque, preocupando-se de fazer algumas paragens para ver se conseguíamos alguma informação.

Cedo reparámos que todos os edifícios do parque apresentavam um cerco de 40cm de altura em todo o seu entorno em chapa de zinco, para evitar passagem de ratos.

Deixaram-nos no Lago Verde onde deveriam existir vários parques de campismo. Descemos até a casa do guarda parques já debaixo de chuva intensa. Queríamos saber se podíamos acampar e onde e que trilhos fazer mas ninguém respondia ao bater à porta.

Finalmente a Mónica encontrou um guarda parques que disse não haver nenhum camping aberto ou habilitado para receber pessoas naquele sector mas que nos podia levar ao camping mais próximo em Los Arrayanes.

Durante a viagem aproveitámos para esclarecer as nossas duvidas sobre os ratos, os campismos e os trilhos...

Compilando um pouco a sua versão e toas as outras que fomos ouvindo sobre o assunto, este ano deu-se um acontecimento raro que só acontece de 70 em 70 anos... floresceu em massa a cana de coligue. Como todas as canas são parentes dos cereais gerou-se um incremento exponencial da disponibilidade de alimento para roedores, que responderam rapidamente com uma explosão do seu numero: normalmente existem de 14 a 17 ratos por hectare e atualmente são entre 1500 e 3000. O problema surge pelo facto de alguns destes roedores serem portadores de um vírus, de seu nome hanta, transmissível ao ser humano e mortal em 30% dos casos. Normalmente apenas 8% dos ratos está infectado mas com o aumento da população passou a ser de 20%. Como a abundância de comida dura apenas algum tempo, chega um ponto em que os ratos deixam de ter comida e da-se a “ratada” uma migração em massa em busca de comida que leva a que os indivíduos, no desespero subam a tudo e entrem em todo o lado, inclusivamente se atirem ao rio numa busca de um lugar melhor... sem comer muitos acabam por morrer.

Este vírus transmite-se pela urina e fezes, sensível a luz, calor e vento morrendo em poucos segundos ao ar num ambiente normal... em casos de ambientes mais fechados e frescos e com uma comunidade destes seres tão grande, aumenta a probabilidade de transmissão. Assim sendo, para nosso azar, como medidas de precaução para apenas este ano o parque decidiu fechar todos os trilhos que passam por matas de cana (quase a totalidade dos trilhos) e que sejam mais fechados, deixando apenas alguns pequenos em torno de lagos ou em espaços abertos. Relativamente aos campismos apenas estão abertos os que apresentem medidas como as barreiras que referimos.

Um pouco mais esclarecidos chegámos ao camping Los Arrayanes onde montamos a tenda e comemos um frango assado antes de ir dormir.

 

24/11/2013 Passarela Rio Arrayanes-Lahuan Solitario e Lahuan Viejo

Tão limitados de trilhos fizemos os únicos possíveis deste sector.

Primeiro fomos em direção ao Lago Verde, sendo necessário caminhar quase 4km pela estrada desde o parque de campismo até ao início do percurso. Nesse mesmo caminho vimos um pica pau, dos que não conseguimos ver no parque Conguillio, em todo o caso não o conseguimos fotografar.

Depois de passar uma ponte suspensa começa o trilho que fizemos em sentido contrário ao marcado, pois vimos muita gente e queríamos caminhar sós para tentar ter hipóteses de ver ou fotografar mais animais. Não foi uma grande decisão pois as marcações não estão feitas nos dois sentidos e acabámos por sair do trilho várias vezes ou dar voltas maiores que as necessárias para chegar a um lugar.

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12:01 Lago verde (esq.), 12:01 Pto. Mermoud (centro) e 12:06 Arrayanes (dir.)

A meio do percurso encontra-se um pequeno porto de onde sai uma vez por semana um barco até a uma zona do parque chamada alerzal, onde existe a maior quantidade de alerces, inclusivamente um exemplar com 2600 anos. Até estávamos no dia certo da excursão mas não a fizemos devido ao preço. Neste mesmo porto estava um Guarda Rios (Martin Pescador em espanhol) que se deixou fotografar bem de perto.

Pouco depois do porto finalmente tivemos hipótese de ver um exemplar da árvore que dá nome ao parque, apenas com 800 anos chamado Lahuan Solitário (Lahuan significa Alerce na lingua mapuche e quer dizer velho).

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12:58 Pto. Chucao (esq.), 13:08 Pto. Chucao  (centro) e 13:12 Guarda Rios (dir.)

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Vista de Pto. Chucao: 13:46 (esq.), 13:50 (centro) e 13:53 (dir.)

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13:55 Margem do lago (esq.), 14:05 Vista de Pto. Chucao (centro) e 14:12 Lahuan Solitário (dir.)

Daqui seguimos por uma zona interpretativa com o nome de muitas das plantas até voltarmos a ponte suspensa.

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14:16 Rio Menéndez (esq.), 14:21 Arrayanes  (centro) e 14:22 Arrayanes  (dir.)

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14:48 Chucao (esq.), 14:51 Pasarela Rio Arrayanes  (centro) e 14:53 Rio Arrayanes (dir.)

De salientar ainda a quantidade de ratos que vimos vivos e mortos em todo o percurso...

De regresso ao camping fizemos o percurso Lahuan Viejo, onde o que nos interessou mais foi a quantidade e dimensão dos Arrayanes, árvore de tronco cor de canela.

Voltamos ao parque de campismo para ver uns domos que lá existiam e arrumamos as mochilas para seguir viagem até outra zona do parque, Villa Futaleufquen, onde poderia ser que existissem mais percursos para fazer.

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15:02 Pasarela Rio Arrayanes (esq.), 15:46 Papagaio (centro) e 16:15 Arrayanes (dir.)

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16:28 Arrayanes (esq.), 16:36 Arrayanes (centro) e 16:48 Lahuan Viejo (dir.)

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16:57 Arrayanes (esq.), 17:03 Arrayanes (centro) e 17:27 Camping Arrayanes(dir.)

Decidimos esperar boleia até as 20:00, se não voltaríamos ao camping... esperámos... esperámos e já quando desesperávamos de frio, um pouco depois das 20:10 parou um carro que nos levou, assegurando-se as pessoas que ficaríamos num camping.

Montámos a tenda mesmo ao lado de uma tomada e vimos um filme enquanto comíamos um pouco do frango do dia anterior com arroz e chapatis (uma espécie de pão na chapa).

 

25/11/2013 Laguna Larga-Pinturas Rupestres-Puerto Limonao

Dormimos bem e muito, quase até as 11:00 e tivemos uma boa notícia antes de sair do campismo. O responsável do parque tinha chamado para as informações e ao que parecia todos os trilhos estariam abertos. A boa notícia não durou muito pois fomos tentar pedir algum mapa e contradisseram tudo e que só haviam 5 trilhos abertos. Um só de 10minutos mas que ficava longe, um de dia todo que nem constava dos panfletos ou mapas informativos e que também ficava longe e três outros, também curtos que decidimos fazer.

Começamos pelo mais extenso que segue por estrada de terra até uma lagoa já fora do parque. Embora conste dos panfletos, o início não está sinalizado por isso andámos as voltas por algum tempo antes de o iniciar. Não foi muito interessante, exceptuando o facto de além da lagoa se poder ver uma cascata um pouco antes.

Depois seguia-se o Sendero Pinturas Rupestres de apenas 800m, não sendo suficientemente curto interditaram grande parte do mesmo, restando apenas 150m o que já não se deveria considerar um percurso. Ao menos deu para ver as pinturas.

Por fim o trilho até ao porto Puerto Limonao, entre a estrada e as margens do lago Futeleufquen, o mais interessante, não só pelo bosque mas principalmente pelo casal de pica-paus que nos entreteve por mais de um quarto de hora.

Para regressar apanhámos nova boleia que nos deixou mesmo a entrada do campismo.

Fizemos jantar e dormimos cedo pois no dia seguinte havia que despertar para arrumar tudo e voltar ao Chile.

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11:28 Bandurria (esq.), 12:15 Lago Futeleufquen (centro) e 13:09 Cigarra (dir.)

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13:33 Laguna Larga (esq.), 13:37 Laguna Larga (centro) e 14:01 Cascata (dir.)

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15:30 coligue (esq.), 15:32 Pinturas rupestres (centro) e 16:51 Pica-pau (dir.)

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17:37 Pto. Limonao (esq.), 18:16 Ganso (dir.)

26/11/2013 Argentina – Chile

Despertámos bem cedo pois tínhamos ainda um largo percurso até entrar de novo no Chile por estradas pouco movimentadas, assim que possíveis grandes tempos de espera.

Caminhamos desde o parque de campismo Maitenes onde havíamos passado as últimas noites até á estrada 71. Poucos minutos depois já um empreendedor de Futaleufquen nos levantava até ao cruzamento com a estrada que conecta as cidades de Esquel e Trevelín, , nao sem antes nos explicarem mais uma versão do problema da floração massiva do coligue e se assegurarem de que sairíamos do veiculo com o percurso estudado até Futaleufu. . Esta estrada muito movimentada em que a maioria dos carros passa a grande velocidade, no entanto um pouco depois parava uma senhora acompanhada do seu filho, que quis ver os mapas que tínhamos e nos perguntava porque não tínhamos casa nem carro. A bondade patagónica fez-se uma vez mais sentir quando fizeram um desvio de alguns quilómetros para nos deixarem já fora da cidade. Foi posar e levantar as mochilas pois o veiculo seguinte nos levou à bifurcação da estrada que nos levaria à fronteira. Depois mais alguns minutos justo nos levantam dois senhores de Futaleufú, que nos levaram diretamente à vila, passando connosco as fronteiras e esperando-nos para os devidos tramites.. na vila ainda nos foram mostrar a casa de um deles onde tinha construído umas paredes de barro e garrafas de vidro bem como uma ponte onde o rio corre com imensa velocidade formando uma bonita paisagem .

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10:49 Rio à saída do Parque Alerces (esq.), 10:54 Aguilucho (dir.)

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