segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

AS–10/13–Chile XVI – Carretera Austral 5 – Cochrane RN Tamango

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09/11/2013

Tínhamos chegado a Cochrane de noite e já nesta manhã estávamos a caminho da Reserva Nacional Tamango, entre o Cerro Tamango e o Lago Cochrane.

Além de sabermos existirem vários percursos onde se podia caminhar, uma das atrações principais do parque é o fácil avistamento de Huemules, espécie de veado grande da Patagónia em vias de extinção. Desde Futaleufu, em todas as reservas e parques por onde passámos existem Huemules não sendo no entanto tão fácil avistar-los. De facto nunca os vimos mesmo tentando localiza-los mas desta seria certo pois todos nos diziam...

Saindo a pé de casa do Camilo foram quase 6km até ao parque. Na entrada queríamos esclarecer algumas dúvidas sobre os trilhos e que nos dessem mais informação que nos fosse útil, nomeadamente onde encontrar os Huemules... não encontrámos ninguém. Para não carregar tudo montámos a tenda e começámos a caminhar pelo sendero Las Aguilas que nos levaria até outra estação de guarde parques. Foram 3km sempre a subir mas sem grandes vistas ou interesse a não ser uma vista sobre Cochrane e sendo constantemente perseguidos por dezenas de Tabanos (moscas grandes que chupam sangue), debaixo de um Sol escaldante.

Chegados ao guarda parques informaram-nos que dois dos percursos estariam mal marcados não sendo fáceis de seguir e que inclusivamente um deles teria muita neve, como tal não nos aconselhavam a fazê-los. Como esses mesmos eram os únicos que não tínhamos no GPS e uma vez que mesmo alguns trilhos bem marcados nos deixam algo a desejar seguimos o conselho. Também nos informaram da localização habitual dos Huemules que era precisamente no trilho que iríamos seguir, que curiosamente se chama Sendero Los Huemules.

Começámos a caminhar e ao fim de 300 metros chagámos a uma estrada de terra e já não sabíamos por onde seguir... ainda em que este era um dos trilhos bem  marcados... andámos um pouco às voltas entre o que dizia o mapa (seguir paralelo a estrada pela direita) e o GPS (parece que quem gravou  o trilho andou tão perdido como nós tentando seguir o mapa), mas afinal só havia que seguir a estrada.

Depois de uma hora de impasse demos com o trilho e seguimos bordeando o lago bem por cima com boas vistas sobre este. Já perto do final começámos a caminhar mais calmos a ver se encontrávamos algum Huemule, procurávamos com a lente de zoom se havia algo nas pastagens... mas nada.

Baixámos então até à margem do lago pelo curto Sendero Los Ciruelos com apenas 1,5km, terminando numa pequena praia. Já se fazia tarde, mesmo para um local onde anoitecia depois das 21:00. Estranhando como parecíamos estar tão lentos verificámos que além dos trilhos serem bastante mais longos que o anunciado, estes não são contíguos como aparece nos mapas, havendo que caminhar como 300 a 500m entre cada um... tudo somado já levávamos mais alguns quilómetros que o suposto.

Já só faltavam 2 percursos com pouco mais de 7km (Sendero Los Coigues e Sendero Los Carpinteros), que nos levariam de volta ao parque de campismo e com desnível máximos de apenas 150m. Isto parecia fácil mas as abruptas margens do Lago tornaram-no difícil... houve que subir e baixar esses 150m muitas vezes e com inclinação forte o que quer dizer que foi o equivalente a subir e baixar uma montanha de 1000m debaixo de Sol forte e um zumbido insuportável de moscas.

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11:50 Orquídea Porcelana (esq.) e Lago Cochrane: 14:42 (centro esq.), 16:02 (centro dir.) e 16:53 (dir.)
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18:13 Lago Cochrane (esq.), 18:58 Lago Cochrane (centro) e 19:09 Rio Cochrane (dir.)

A paisagens são muito bonitas mas o que à partida seria um passeio fácil, deixou-nos em muito pior estado que a volta ao Cerro Castillo.

Chegámos já quase de noite, cansados, com muita sede e fome. Prendemos fogo e cozinhámos dose dupla... ficámos satisfeitos.


Traçado do percurso deste dia em Wikiloc

10/11/2013

Haviam ainda dois trilhos para fazer e embora sem muita vontade partimos cedo para os recorrer... iriamos agora à parte mais alta e interior do parque.

Primeiro havia que repetir o Sendero Las Aguilas e sofrer as correspondentes moscas. Depois da subida de quase 500m havia que começar o Sendero las Lengas com outros 500m de desnível mas já no meio de um bosque (menos sol e moscas) No topo chegámos à zona de humedales (pântano)... voltaram as moscas mas não vieram sós... haviam nuvens de mosquitos.

O trilho termina na Laguna El Cangrejo e um pouca mais  a frente começámos o trilho Los Guanacos que nos leva à Laguna Elefantita.

Traçado do percurso deste dia em Wikiloc

De um modo geral estes dois percursos estavam bem marcados no entanto, tanto se passavam vários quilómetros de zonas duvidosas sem marcação como haviam 3 ou 4 marcas em menos de 100m em zonas fáceis. Quanto a distâncias tempos de percurso voltamos a encontrar informações muito estranhas, como o Sendero Las Lengas com duração de quase 4 horas mas que se faz a passo normal em apenas duas e o Sendero Los Guanacos com supostamente menos de 1,5km e que registámos mais de 3km.

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11:49 Lagoa (esq.), 13:32 Laguna Elefantita (centro) e 14:57 Pato (dir.)
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15:09 Cerro Tamango (esq.) e Laguna El Cangrejo (dir.)

De regresso ao campismo, finalmente nos encontrámos com o guarda parques local que nos cobrou a entrada, nos informou que tinham acabado de avistar Huemules nos trilhos que tínhamos feito no dia anterior e que nos deu boleia até Cochrane.

Voltámos a casa do Camilo onde haviam já mais dois hóspedes, dois franceses em plena preparação do jantar... nós lançámo-nos com a sobremesa... a do costume... leite creme.

11/11/2013

Apenas tínhamos algo marcado para o fim do dia, com o médico que nos deu boleia de Puerto Tranquilo a Cochrane por isso decidimos descansar e por algumas coisas em dia.

Passámos o dia com os Franceses e fizemos o nosso típico bacalhau com natas... sem bacalhau!

Pela tarde descemos ao povo onde nos encontrámos com  o Eduardo, que nos levou a ver uma impressionante cascata, que de facto se parece mais com rápidos gigantes ou com uma represa que recentemente rebentou, dada a força da água. Observámos de longe, de perto, da esquerda, direita e de cima. Já no regresso a Mónica intrigou-se com algo que se movia no pasto... era uma bonita doninha fedorenta.  

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El Salto: 18:44 (esq.), 20:24 (centro) e 20:46 Com o nosso amigo Eduardo (dir.)
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21:03 Chingue ou Zorrino (doninha fedorenta)

O Eduardo levou-nos e volta a casa do Camilo, não sem antes nos dar um grande chocolate e uns comprimidos para a alergia do Nuno.

Preparámos as mochilas para sair no dia seguinte ao nosso ponto mais a Sul da Carretera Austral, Caleta Tortel.

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