Voltámos uma vez mais ao Chile para novo programa de voluntariado para ajudar o nosso amigo Jorge, a ativar uma estufa numa escola com técnicas de reciclagem, agricultura orgânica e permacultura, na Ilha de Chiloé. Durante um mês e meio por aí andámos tendo oportunidade de conhecer algumas vilas e parques nacionais. Nas primeiras três semanas estivemos atarefados com o preparar e dar de aulas e também com conseguir os materiais necessários. Nas seguintes estivemos mais livres aproveitando para conhecer um pouco mais, voluntariando pontualmente noutros locais mas não deixando de ir ao colégio para alguma manutenção e acabar algumas coisas.
Chegámos a Chiloé Sexta-feira dia 22 de Março de autocarro, dentro de um ferry. Na viagem de barco tivemos oportunidade de ver alguns leões marinhos e golfinhos.
24/03/2013
O primeiro lugar visitado foi o mercado de Yumbel em Castro, onde fomos pela manhã de Domingo não só para visitar, conhecer e provar algumas das iguarias locais mas também pois nos ajudaria bastante para as nossas aulas.
Aqui vimos o famoso e gigante alho chilote, as estranhas batatas nativas (por cá se diz que de Chiloé se diz que vêm as batatas) vendidas à unidade de medida “Almud” (uma caixa de madeira), muitos mariscos (choritos – mexilhão, piura, locos, lapa, almeja – amêijoa, ostras, picoroco – algo entre as percebes e as cracas), muitas algas secas ou desidratadas (cochayuyo, luche), chupones (fruto doce de uma planta parecida com um bromélia), milcao (pure de batata misturado com banha de porco frita), topinambur (uma raiz), lã de ovelha, mel, rosa mosqueta.
Mercado yumbel: 12:49 Alho chilote y Papas nativas (esq.), 12:55 Piura e Locos desidratados (centro) e 12:58 Almud de papas comuns (dir.)
Mercado yumbel: 13:01 Luche algas desidratadas (esq.) e 13:02 cochayuyo (centro) e 14:13 Fachada de tijuelas (dir.)
Pela tarde uma pequena caminhada por Castro, capital, onde se pode ver a gigante catedral, colorida tal qual um castelo Disney. O interior de madeira é fantástico podendo ver-se também muitas réplicas das várias igrejas das restantes vilas. O exterior é “diferente” pela cor, e seu revestimento total a chapa de zinco pintada e moldada para fazer parecer blocos ou as próprias tijuelas que, se na catedral não constam, existem por todo o lado de muitas formas, padrões e cores distintas.
Também vimos quatro zonas distintas de palafitos, igualmente marcados pela sua cor viva. Mais uma vez, uma observação mais próxima serviu para encontrar o lado feio das coisas. Ao baixar ao nível do mar para tirar umas fotografias a uma garça, ou seja, abaixo do nível do piso das casas e entre os postes que as sustentam, verificámos que muitas destas não tem qualquer sistema de drenagem de águas e tudo segue diretamente para o mar, tendo sido brindados por várias descargas de casas de banho próximas.
12:57 Pelicano (esq.), 14:29 Garça (centro) e 14:57 Igreja de Castro (dir.)
30e31/03/2013
No fim de semana seguinte fomos Sábado de carro até à ilha de Quinchao onde vimos a Igreja de Curaco de Velez e a vila de Achao e Domingo a Cucao onde fizemos um passeio a cavalo pela praia, onde encontrámos um pinguim e um golfinho morto.
17:08 Ferry em direção à ilha de Quinchao (esq.) e 18:04 Igreja de Curaco de Velez (dir.)
Passeio a cavalo em Cucao: 12:34 (esq.), 12:43 (centro) e 16:32 (dir.)
07e08/04/2013
Domingo pela manhã saímos em direção ao norte da ilha, até à cidade de Ancud onde nos esperava um amigo do Jorge, passando o resto do dia a dia a comer e a conversar na casa.
Segunda saímos cedo em direção às Pinguineras de Pinihuil onde estivemos na praia fizemos um curtíssimo percurso de algumas centenas de metros. Infelizmente os pinguins já tinham seguido o seu caminho mais a sul. Seguimos para Pumillahue. Aqui deixámos o carro e fomos comendo murta (uma baga silvestre) enquanto caminhávamos um pouco mais até ao miradouro Duhatao , de onde se podiam ver várias das reentrâncias da ilha que caracterizam a geografia desta. Daqui baixámos até uma pequena e bonita praia onde apanhámos marisco para o almoço e voltámos à praia onde deixámos o carro. Enquanto esperávamos (mais de uma hora) que a água fervesse tivemos oportunidade de ver dois tipos diferentes de abutres, alguns colibris e um leão marinho morto.
06/04/2013 18:30 Gaivota (esq.) e 08/04/2013 Pumillahue: 15:02 Murta (centro) e 15:30 costa (dir.)
Pumillahue: 15:31 Praia (esq), 15:42 Gruta (centro) e 16:11 Mexilhão (dir.)
Pumillahue: 16:14 Mexilhões (esq.), 16:19 Lapa (centro) e 16:49 Nalca (dir)
Pumillahue: 16:49 Mariscos fresquinhos (esq.), 18:34 Abutre (centro) e 18:38 Abutre (dir.)
Pumillahue: 19:06 Praia (esq.), 19:15 Colibri (centro) e 14:11 Pássaro (dir.)
Voltámos a Ancud e apanhámos o autocarro de volta a Castro.
17a21/04/2013
Nesta semana estivemos mais livres do colégio por isso aproveitámos para visitar e ajudar num centro educativo de agricultura da associação TRUEKE em Notuco, visitar a casa e terreno de uma das auxiliares do colegio que pretende fazer uma estufa, visitar a casa e terreno (incluindo uma grande cascata privada) de uma das nossas alunas mais aplicadas que também pretende fazer uma estufa e vender plantas.
21/04/2013 13:39 Cascata privada em Castro (esq.) e 25/04/2013 Nascer do sol (dir.)
26a29/04/2013 Parque Nacional Tantauco
Depois de vermos algumas fotos deste virgem e remoto local quando chegámos a Chiloé, quisemos visitá-lo mas nunca tivemos informações concretas de como lá chegar. Apenas sabíamos que transporte e dormida eram muito caros e não pareciam haver muitas alternativas a isso. No entanto, mais uma vez encontrámos a pessoa certa, um dos sócios da TRUEKE que, além de fazer muitos trabalhos no parque, tinha uma viagem programada para dia 26 Abril, à qual nos convidou a juntar.
Sexta dia 26 de Abril apanhámos autocarro de Castro na direção a Quellon, saindo antes no quilómetro 14 em colónia Yungay, onde esperaríamos por Lito e os seus jovens aprendizes, junto à capela de Santa Maria Goretti e saída em direção ao parque.
Os 18 quilómetros até à entrada do parque e os restantes 20 até ao refúgio de Chaiguata são muito complicados. Junto à entrada fizemos uma pequena caminhada num bosque precioso com muitas árvores centenárias, não podendo fazer muito mais pois já se fazia escuro. Chegando a Chaiguata instalámo-nos num domo e juntámos-nos ao grupo para o jantar.
Parque Tantauco: 19:21 (esq.), 22:02 Comedor Chaiguata (centro) e 23:59 Visto do Topo da torre de Chaiguata (dir.)
Sábado acordámos cedo para aproveitar ao máximo o dia. Fizemos as caminhadas Sendero Los Liquenes, Sendero Los Nirres, Sendero El Bosque Hundido e Sendero Bordelago (seguir link do percurso no wikiloc).
Esta zona de Chiloé sofreu muito com um forte incendio, estando agora os bosques em recuperação lenta dessa tragédia. Em todo o caso há alguns pedaços intocados muito bonitos, nomeadamente no bosque hundido, onde existem grandes árvores cobertas de musgo e líquenes e o piso é um emaranhado de raízes suspensas sobre um rio.
Parque Tantauco: 00:08 Domo (esq.), 10:19 Lago Chaiguata (centro) e 10:25 Sol (dir.)
Parque Tantauco: 10:31 Tronco queimado escavado por pica-paus (esq.), 10:40 Pica-Pau (centro) e 10:46 Zona queimada no incendio dos anos 40 (dir.)
Parque Tantauco: 10:57 Miradouro (esq.), 11:04 Ponte suspensa (centro) e 11:12 Bosque Hundido (dir.)
Bosque Hundido: 14:20 (esq.), 14:21 (centro) e 14:24 (dir.)
Refúgio Chaiguata: 14:32 Recepção (esq.) e 16:16 Domos (centro e dir.)
16:45 Lago Chaiguata (esq.), 17:02 Canelo (centro) e 18:04 Neudapo (dir.)
18:09 Cogumelo (esq.), 18:10 Pássaro (centro) e 18:19 Musgo (dir.)
Depois destas caminhadas e tendo tido conhecimento dos bosques virgens que ficavam no interior remoto do parque deu-nos vontade de ficar mais alguns dias no parque para fazer uma travessia de 54km até ao extremo sul da ilha. Não estávamos com o equipamento necessário nem nos era economicamente viável seguir até aos seguintes refúgios, por isso desistimos da ideia (para já) e decidimos disfrutar do resto do nosso tempo no parque.
Depois do almoço foram todos andar de caiaque no lago Chaiguata enquanto o Nuno explorava um pouco mais das redondezas do refúgio em busca de sozinho ter mais possibilidade de avistar algum animal.
Domingo foi dominado pela chuva por isso não nos afastámos muito do refúgio, no entanto fizemos algumas saídas em grupo para identificação e conhecimento de flora, incluindo algumas espécies comestíveis como Chaura, Neudapo e Nalca e ao final do dia fomos aos viveiros ver o trabalho desenvolvido para uma futura reflorestação das partes mais afectadas pelo incendio, com o plantio de árvores nativas.
Viveiro de plantas nativas 12:39 (esq.) e 12:43 (centro) e 18:28 Identificação de plantas (dir.)
Identificação de plantas: 18:29 (esq.), 18:29 (centro) e 18:30 (dir.)
Identificação de plantas: 18:30 (esq.), 18:30 (centro) e 18:31(dir.)
Segunda feira, com muita pena nossa, foi dia de voltar a Castro.
Estivemos mais alguns dias em Chiloé, voltando ao colégio e a Notuco e saímos dia 6 em direção a Puerto Montt para revermos uma das nossas amigas do Bioconstruyendo.
Palafitos de Gamboa: 12:33 (esq.) e 12:36 (dir.)
12:35 Estufa da Escola de Vinculos (esq.) e 12:34 Preparados para partir de Chiloé (dir.)
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