sábado, 20 de agosto de 2005

Faial - Descida da Caldeira

Localizada no centro da ilha a Caldeira, juntamente com o Vulcão dos Capelinhos, é um verdadeiro ex-libris do Faial. Trata-se de uma enorme cratera de um vulcão extinto que esteve na origem da ilha, com cerca de 2000 metros de diâmetro, 400 metros de profundidade e 7 km de perímetro.
A Caldeira teve o início da sua formação há 10 mil anos, com a mudança de estilo eruptivo do vulcão central, entrando numa fase quase exclusivamente explosiva, durante a qual ocorreu o colapso da parte mais alta do vulcão, com afundamento do topo da câmara magmática. O colapso parece ter ocorrido em dois episódios distintos: o primeiro ocorreu no topo da montanha, desenvolvendo-se para o seu interior; o segundo foi originado por um violenta erupção do tipo pliniano. O abatimento da caldeira terá ocorrido ao mesmo tempo ou imediatamente depois dessa erupção.
A Caldeira apresenta-se como uma marca impressionante na paisagem, composta por uma imensa cova coberta de verde, com uma pequena lagoa no fundo, que se entrevê no meio do nevoeiro quase sempre presente. Vulgarmente apelidado de "catedral do silêncio", este local é um reduto da floresta de laurissilva que revestia a ilha no período anterior ao povoamento. Em redor da Caldeira estende-se um manto de vegetação salpicado pelo colorido dos maciços de hortênsias.
Se pretender descer até ao fundo da Caldeira deverá ir com alguém que já conheça o percurso e os seus perigos. Lá em baixo existem pequenas crateras formadas por erupções secundárias e o terreno é pantanoso, fazendo com que os seus pés se enterrem até aos tornozelos. O percurso de descida consta em seguir um trilho cravado no terreno pelas inúmeras e repetidas passagens do ser humano, que não se encontra marcado. O caminho é ingreme, estreito, por vezes com obstáculos e bastante escorregadio.

Vista do cimo da Caldeira antes da descida 10:20

Como aconselhado programámos este percurso antecipadamente e fomos na presença de um guia da nossa total confiança, que por acaso só tinha feito o percurso uma vez e haviam 16 passado desde essa descida. Imediatamente antes da descida fomos informados desse aspecto, que nos aumentou em muito a confiança. O guia e meu padrinho, João Paulo, apesar das circunstâncias, lembrava-se de todas ou muitas das curvas, pontos de apoio e obstáculos do percurso. Com ele a liderar a expedição chegámos lá abaixo em 45 minutos. Descansou-se um bocado enquanto se explorava o terreno quase plano do fundo e após algumas fotografias fizemo-nos à subida que nos levou outros 45 minutos (mais penosos).

Os três caminheiros no fundo da Caldeira 11:33

As melhores vistas encontram-se no cimo e no fundo da Caldeira pelo que o percurso em si vale pela dificuldade e adrenalina gerada. Um dos aspectos mais marcantes foi o facto de, ao olharmos para o fundo a partir do cimo, nos parecer que este está coberto de vegetação rasteira e alguns arbustos mas, ao chegarmos lá a vegetação rasteira se tornar em feno pela cintura e os arbustos serem arvores com alguns metros de altura. Outro aspecto marcante foi a grande diferença de clima entre o cimo, frio e ventoso e o fundo da Caldeira, quente e abafado como se de uma estufa se tratasse. Por último referimos que o descanso foi efectuado explorando pelo simples facto que, se parássemos começavamo-nos a enterrar no lodo.

De volta ao cimo da Caldeira 12:49

Chama-se a atenção para o facto de actualmente não se poder descer até ao fundo da Caldeira, em virtude da caldeira ser Reserva Natural, Sítio de Interesse Comunitário (SIC) e Zona de Protecção Especial (ZPE). São efectuadas algumas descidas após devida autorização, por isso quem o quiser fazer deve preparar a sua ida com antecedência, preferencialmente com guia.

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